quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Rugby: uma paixão nacional

Um dia li em um site que os franceses lembram de três coisas quando alguém fala sobre Clermont-Ferrand: Michelin, Puy-de-Dome e Rugby.

Realmente, o esporte é uma paixão nacional. E mais do que nacional: regional. O futebol e o rugby disputam a atenção dos franceses, mas cada região e cidade da França tem as suas preferências. Clermont é uma aficcionada. Inclusive, é do time ASM Clermont Auvergne o título de campeões do último campeonato nacional.

(Place de Jaude durante a vitória do ASM em 2010. Foto tirada desse link)

A equipe foi fundado em 1911, a partir da criação da Associação Esportiva Michelin que contava com futebol, cross e rugby. Em 1922, o nome mudou para Associação Esportiva de Montferrand, mantendo a mesma sigla.

O ano passado foi de glória: os ASM levaram a taça pela primeira vez. E ela vem com um gostinho especial, já que no histórico eles também detêm um outro recorde: o prêmio de equipe com maior número de finais perdidas. Foram 10 no total. O troféu veio na hora certa pois em 2011 a equipe completa 100 anos de vida.

Hora da verdade

Sempre conversei sobre o assunto com franceses e estrangeiros, fãs e críticos. Com o tempo fui entendendo as regras e a importância dos jogos para os "nativos", divididos entre a paixão pelo esporte e pelo futebol. O tempo foi passando e era minha última semana em Clermont. Me recusava a ir embora sem assistir a um jogo.

Compramos entradas para ASM contra Rácing Metro de Paris. Quem quer sentar paga 24 euros. Quem também quer sentar mas não tem dinheiro (c0mo nós) paga 12 euros. Estudantes e idosos têm direito a meia entrada se comprarem na bilheteria e no dia do jogo, mas correm o risco de não encontrarem entradas pela metade do preço.

Já no trem, cheio, camisas e faixas celebravam a futura partida dos "azuis e amarelos", como são chamados os jogadores do time. Os bares perto do estádio estavam cheio de torcedores que faziam uma horinha antes de entrar. Lá dentro não é permitido entrar com latinhas e garrafas e algumas bebidas alcóolicas são vendidas na lanchonete.

Entrar no estádio traz uma ótima sensação. Quase como a sensação de subir as escadas do Mineirão e encontrar aquele monte de gente com seus mantos coloridos querendo ver o time ganhar. A diferença era que, dessa vez, não tínhamos um time do coração. Mas entramos no clima e tentamos até imitar as canções que ecoavam pelas arquibancadas. Gritos de A - S - M e "allez" (algo como "vamos", para empurrar o time).

Antes do inícios os jogadores já estavam em campo para aquecer. As corridinhas típicas de um lado para o outro e o lançamento daquela bola oval estavam entre as atividades. Com o tempo, a coisa foi ficando mais bruta. Os preparadores físicos seguravam grandes colchões no ar no qual os jogadores tinham de correr e agarrá-los com toda a força. Abdominais e flexões também faziam parte. Nós, por outro lado, estavamos mais interessados nos corpos esculturais dos jogadores que corriam com pequenos shorts. Mas alguns tem tantos músculos e são tão forte, que não conseguem ser bonitos.

(Espaço reservado para uma foto que tiramos durante o aquecimento... hehehe)

15 minutos antes o time adversário entra e - espantem-se - aos aplausos. Se tem uma coisa que esse jogo de monstros têm a nos ensinar é o respeito. As equipes se elogiam e torcem pela outra. Raramente os jogadores se disputam no meio da partida, mesmo quando a falta foi dolorosa. Em compensação, a entrada de Chabal foi tensa. Sébastien Chabal é o jogador mais famoso do país. Ele é muito bom, imenso e chama a atenção pelos ares de homem das cavernas, devido a sua barba e tamanho. É um dos melhores do time nacional. Quando perguntei à minha amiga porque as pessoas o vaiavam ela disse: "porque ele é bom. E, hoje, é nosso adversário". Fazia sentido.

Primeiro tempo. O jogo começa com um monte de jogadores com os braços entrelaçados, forçando uns aos outros. Nesse momento, nenhum jogador pode cair. Caso isso aconteça, eles recomeçam. Esse movimento marca o início de uma jogada, algo como ir ao meio do campo depois de um gol. A bola está lá no meio e, em algum momento, ela vai para um lado, um jogador vai pegá-la e dar início a corrida.

(Força bruta. Foto tirada desse link)

Quando alguém pega a bola ele tenta correr para fazer o Try, ou ensaio, que é quando o jogador de um time consegue chegar ao outro lado do campo com a bola. Até chegar lá, porém, há diversos obstáculos. Mais precisamente pessoas que têm o direito de se jogar em cima de você para te impedir de continuar. Os jogadores podem tentar agarrar quem corre com a bola. para que não seja falta, ele deve pegar o advsersário da cintura para baixo. Depois disso, os outros jogadores constumam se jogar em cima dos dois participantes para impedir que ele tenha espaço para jogar a bola para alguém da sua equipe.

Quando a bola sai daquele emaranhado de pessoas a corrida continua. Se o jogador ver que não é possível correr, ele pode lançar a bola para o outro, mas esse movimento desse ser feito para trás, ou seja: o jogador que recebe a bola deve estar atrás daquele que lança. A outra possibilidade é chutar para a lateral e, a partir dela, recomeçar.

Conseguimos ver um Try no nosso lado. É muito emocionante. Juro. Eu realmente torci para que o aquela pessoa que segurava uma bola oval conseguisse se desvencilhar daquele bando de marmanjos e estourar a bola depois da linha do fundo de campo! Isso vale 5 pontos. Quando a equipe fazem um Try, eles têm direito à chutar a bola entre os arcos em forma de pá ( _ ). Se conseguem, dois pontos a mais!

(Nesse momento, a última coisa que eles têm é medo de se machucar. Foto tirada desse link)

O jogo segue durante 40 minutos, intervalo de 15, mais 40 minutos! No final, Clermont ganou de 31 a 15. Saímos do estádio antes para não pegar o tumulto. Mas o dia foi de festa.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Festa dos filmes

Três são as melhores épocas para visitar Clermont-Ferrand. A primeira é em junho ou setembro, quando ainda é verão mas o calor não te faz querer sair pelado de casa. A segunda é em dezembro, quando a neve é certa, pelo fato de haver estações de ski baratas e próximas. A terceira é em fevereiro, mês do Festival Internacional de Curta-Metragem.

(Foto tirada desse link)

Antes da criação do evento, foram feitas algumas ações no sentido de incentivar a produção e a apreciação dos curtas. Depois de uma série de atividades independentes, o festival foi criado em 1982. Quatro anos depois, além do mostra de filmes curtos - que já recebia um público considerável - foi criada a Feira do Filme. Este se tornou um lugar de troca de experiências entre os profissionais da área. Em 1988 o festival tornou-se internacional.

Em 1989 os organizadores começaram a contabilizar os números do evento. No ano em questão, foram 28 mil espectadores. Em 2011 foram 149 mil. Se levarmos em conto o número de pessoas que o frequentam, podemos afirmar que é o maior festival de curta-metragem do mundo. Na França, é o segundo maior evento de cinema, perdendo apenas para o Festival de Cannes.

Além da enorme quantidade de películas - exibidas manhã, tarde e noite em diversos locais em toda a cidade - a programação do Festival conta com a premiação nacional e internacional, galerias, exposições, feiras, palestras e festas.

(Logo do evento em 2011. Foto tirada desse link)

Algumas coisas, porém, são um tanto estranhas. Para assistir a qualquer filme, independente do local, é preciso pagar 3,50 euros. Nenhuma exibição é gratuita. Há sessões especiais para grupos escolares, e só. Outra problema é o número de pessoas que vai en Clermont-Ferrand por causa do evento. Uma amiga teve a carteira (com documentos e passaporte) roubada. Já na delegacia, a policial que lhes atendeu disse que o número de pequenos furtos sobe muito devido a grande movimentação na cidade.

Essa mesma amiga, Bárbara Regina, 23 anos, me deu sua opinião sobre o Festival: "acho que dei azar... os filmes que eu vi foram ridículos! Inclusive tinha dois que eram brasileiros... o único que eu achei realmente legal foi um francês que mostrava imagens de um camping perto de Bordeaux no verão! Deu uma vontade de estar lá! Todo mundo fazendo festa... num lugar lindo! Mas os outros eu detestei! Tinha um que era um casal que ficava vomitando o filme inteiro! Vai ver que era cult demais pra mim! hehehehe! Bom, mas a cidade estava lotada! E depois dos curtas todo mundo ia para o Eletric Palace, uma tenda com música eletrônica".

Um outro amigo, José Antonio, 21 anos, não pensa o mesmo: "sobre o festival, você tem que saber que foi muito bom! Eu fui na quinta-feira em uma sessão internacional e no sábado em uma sessão de animação!! Todos os curtas tinham subtítulos em francês e inglês. A festa depois (Eletric Palace) também foi ótima!"

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

E cai a noite - boates

A pré-festa, chamada de "pré-chaufe" (algo como "esquenta"), começa no início da noite. Os bares ficam abertos desde às 19h e, na dúvida, sempre há a opção de ir pra casa do colega mais próximo. A continuação da festa demora um pouco mais, já que as boates em Clermont-Ferrand abrem suas portas entre 23h e 0h. A grande tiete é a BBox. A discoteca é a 3ª maior da França e uma das maiores da Europa. O local tem 4 mil m² e capacidade para 3 mil pessoas. O problema é ser afastada da cidade. Para chegar, carro, táxi ou navette, um ônibus gratuito oferecido pela BBox em dias de festas especiais.

(Foto tirada desse site)

Fomos lá algumas vezes. Certa vez, ela estava tão vazia que fomos embora meia noite. Em compensação, alguns dias foram sensacionais. As melhores festas são as soirées estudantis, promovidas pelos grêmios das faculdades. Comprando antecipadamente, custam em média 5 euros. O que eu não sabia era que os cliente são obrigados a colocar os casacos no vestiário... pago. E praticamente todas as boates são assim. Ao preço da entrada, adicione cerca de 2 euros para deixar seu lindo casaquinho em um cabide. Quando ia de carro, passava 10 minutos de imenso frio, mas os casacos ficavam.

Outros bons lugares são Atelier e Le Monos. As duas tocam basicamente música pop americana. A primeira é chique e gratuita para entrar, mas cara para quem beber. Se não fosse tão longe teria ido mais vezes... A segunda é boa, mas cara para entrar e beber.

(O bar da boite Five. O local é cheio de barras e "gaiolas" aonde as pessoas dançam loucamente. Sem medo de ser feliz. Foto tirada desse site)

Sempre que a gente não tinha para onde ir, dois eram os lugares escolhidos. O primeiro é o l'Appart. Às quintas-feiras o lugar começa a encher por volta de meia-noite ou uma hora. Fica sempre entupido (as vezes até demais) e a música é animada. Passou a ser figurinha carimbada depois que descobrimos que a diversão vinha acompanhada de entradas gratuitas. O segundo era o Five. A música que toca por lá é uma mistura de reggaeton com pop e sempre que fui lá me diverti a beça! 5 euros a entrada com 2 euros de vestiário, mas com garantia de satisfação e clientela feliz.

(Apresentação do grupo punk Sinner Sinners no Rat Pack. Foto tirada desse link)

Para quem quer uma balada alternativa, é preciso conhecer o Rat Pack. O lugar parece uma caverna, abafado e estranho. O comum por lá é escutar rock, mas a noite vai depender mesmo do DJ, que pode tocar de punk rock à acid jazz. As pessoas são bem originais e dançam (eu disse DANÇAM) sem vergonha: pulam, fazem movimentos bizarros, quebram copos e parecem que estão em outra dimensão. O jeito é fazer o mesmo.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

E cai a noite - bares

Entre as 140 mil pessoas que vivem em Clermont, cerca de 35 mil são estudantes universitários. Desse número é possível tirar várias conclusões. Isso significa uma cidade com algumas grandes moradias, muitas lanchonetes, muitas padarias vendendo baguettes para substituir o almoço a preços acessíveis... e muitas festas. Muitas.

(Na primeira semana, ainda não sabíamos aonde ir. Paramos no Australian Pub da Place de Jaude. Quando saímos, conhecemos um francês que se tornou nosso primeiro amigo e primeiro "guia de festas")

Encontrei algumas pessoas que se diziam enjoadas da cidade por ela ser "parada". Acredite, não é verdade. Éla é pequena se comparada a grandes centros urbanos ou capitais. Pode até ter um shopping, poucos cinemas e algumas boates. Mas muitas festas. Quem procura encontra o que fazer de terça a domingo. Foi, basicamente, o que eu e minhas amigas fizemos.

A cidade tem lá suas particularidades. O dia de festa, de sair sem hora pra voltar, era quinta-feira. Isso porque grande parte dos estudantes volta para suas cidades nas sextas, pois estão a poucos quilômetros de distância. Assim, a festa tem que ser um dia antes. Às quintas de Clermont são como nosso sábado a noite.

Outra que a gente demorou para entender foi a diferença entre bar e boate, já que muitos bares tocam música, têm espaço para dançar, luzes psicodélicas mas... fecham cedo. Pela lei, os bares de Clermont podem ficar abertos até 2hr da manhã. Já as boates, até 5h.

(Entrada do The Still. Foto tirada desse link)

A noite, então, começava ou na nossa residência ou na casa de alguém (ambas as opções regada a garrafas de vinho) ou em algum bar. Entre eles, o que mais frequentávamos era o The Still Irish Bar. Fomos lá no final de setembro a convite dos estudantes ingleses e irlandeses, que faziam uma "english night". Desde então, íamos lá praticamente todas as quartas-feiras. A festa dos erasmus ingleses passou a ser só uma desculpa. Lá, fizemos amigos e passamos boas noites. O local é extremamente agradável, além de trazer uma mesa de sinuca e telões para os jogos de rugby e futebol. Para quem gosta, o The Still traz uma enorme variedade de cervejas.

O Seven também era destino certo. E vinha com bônus: estava a dois quarteirões da nossa moradia. Foi lá que fizemos nossa primeira festa brasileira. Para comemorar o aniversário de duas amigas, conversamos com o garçon do bar (felizmente, brasileiro) e organizamos um festão, com direito a bandeira na porta, correntinha de festa junina verde e amarela, playlist brasileira e muito samba! Foi a primeira vez que o bar viu pessoas subindo nas cadeiras e mesas para dançar... ao som de funk, claro.


(A bandeira do coração e a disputa no totó. Porque se a festa é brasileira, futebol é pré-requisito)



Entre os bares-com-cara-de-boate, no topo da nossa lista vem o Mojitos. O local toca músicas animadas para dançar a dois, como zouk e reggaeton. Outro que nos conquistou pela música - praticamente as mesmas que o Mojitos, mas com inspiração africana - foi o Petit Biza. Pequeno, o estabelecimento apresenta um espaço mais ao fundo com mesas, cadeiras e sofás e outro sem móveis pois, invariavelmente, as pessoas vão começar a dançar.

Para quem está na dúvida, é só ir ao Boulevard Troudaine. A avenida é cheia de bares, um do lado do outro. Na maioria das vezes, nós parávamos no Bario Latino, um bar decorado a bandeiras portuguesas, brasileiras, cubanas... O proprietário, português, virou nosso coleguinha. Já fomos lá para dançar, mas como a música é um pouco fraca o local convida a um bom bate-papo.

(DJ toca no galpão da Coopé. O som fica do lado de dentro. Do lado de fora, tendas, gente bonita e clima de paquera. Foto tirada desse link)

Existe um lugar em Clermont, porém, sem definição. Casa de shows, boate, buteco. A Coopérative de Mai era um pouco de tudo. Na primeira quinta-feira de cada mês o estabelecimento abre suas portas para o Afterwork, um evento gratuito que começa às 18h e termina às 0h. A ideia é simples: abrir as portas do galpão, oferecer cerveja barata e convidar dois a três DJs da nova cena francesa para tocar. O lugar dá muito gente bonita e é garantia de música boa!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A charmosa Clermont

No primeiro post sobre Clermont-Ferrand falei um pouco da cidade e dos seus 2 mil anos de história. Durante esses 20 séculos, a vila foi acumulando monumentos, igrejas e lugares a serem visitados. O primeiro ponto é a Place de Jaude, obrigatório e irremediável: uma hora ou outra você vai cair nela, mesmo que não queira. A praça é o ponto de encontro da cidade não só por ser um espaço central como também por abrigar uma infinidade de lojas, shoppings, centros comerciais, bancos e restaurantes.




(É lá que estão, entre outros, o shopping, a ópera (que está em obras até o ano de 2013) e as Galerias Lafayette)




Apesar das lojas modernas e da aparência de que acabou de ser construída, alguns historiadores acreditam que ela já existia durante o período romano, sendo o centro mais urbanizado da época. Desde então, a praça já foi de parque a espaço para feiras. Em 1999, a praça sofreu mais uma transformação para dar passagem à primeira linha de trem da cidade. As obras terminaram em 2006 e a praça ganhou ares do século XIX, quando ela era totalmente voltada aos pedestres.

Se a ideia é continuar ao ar livre, ali perto está o Jardim Le Coq, ou Jardim o Galo. Com uma área de 5 hectares, o jardim apresenta árvores e flores típicas da região. O local é bastante frequentado. O francês (ou seria o europeu de um modo geral?) usa bastante os lugares públicos. Aqui no Brasil, talvez por medo, a maioria dos parques e praças são pouco utilizados. Ficam cheios nos fins de semana e só. Na França, se há sol, tem gente.

(Dentro do jardim há banheiro público, playground, restaurante e lago com alguns animais)

Grupos de amigos, casais de namorados, adoradores do esporte, estudantes e seus livros, crianças com bicicletas, famílias com cestas de pic nic. Durante o verão o parque sempre tem alguém, não importa a hora do dia. No inverno tudo muda. O frio e a neve cobrem as flores e impedem as pessoas de ficarem em lugares abertos por muito tempo. Ainda assim, se o frio de -2 abre espaço para o sol, por vezes tímido, não dá outra: o parque vira primeira opção de passeio.

Entre os monumentos históricos, o mais célebre é a Catedral da cidade, Notre Dame de l'Assomption (mais sobre a igreja nesse post). Enorme, a igreja pode ser vista praticamente de qualquer ponto da cidade. A cor negra é fruto da pedra usada na sua construção, de origem vulcânica. A rue de Gras, que sobe a Catedral, é uma das mais encantadoras ruas da cidade. Cheia de comércio e movimento, os restaurantes e bares ao lado deixam suas mesinhas do lado de fora durante os dias quentes para quem quiser parar, respirar e comer algo.

(Foto tirada desse link)

Outra viela charmosa é a rue du Port, com seus caminhos tortuosos e lojas escondidas. Lá você encontra brechós, chocolaterias e uma lojinha só de ursinhos, administrada por um aficcionado pelas pelúcias. A rua leva à igreja de mesmo nome: a basílica romana de Notre Dame du Port. Patrimônio Mundial da Unesco, ela foi construída no século XII. Apesar de modesta, a igreja abriga uma arquitetura singular e uma série em pedra que representa a tentação de Eva pela serpente.

(A igreja de um ângulo que nem todos conseguem ver. Foto tirada desse link)

No fim da rue du Port encontra-se a fonte de Amboise. É a mais bela e mais antiga fonte de Clermont e deve seu nome ao bispo Jacques d'Amboise, o idealizador do projeto que terminou em 1511.

De lá, siga em direção ao centro da cidade e se perca um pouco pelas pequenas vielas de chão preto e muros escuros. Por ser relativamente plana mas não o suficiente a ponto de causar apatia, caminhar pelas ruas de Clermont nos faz realmente acreditar que estamos mesmo na França. Não a França parisiense, grandiosa, mas aquela do interior, pacata, aconchegante e bela.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Notícias, enfim, brasileiras

Clermont-Paris, Paris-Lisboa, Lisboa-Brasil. Dez horas de espera, the Facebook na tela da TV e comida de avião. Voltei!

Meu retorno foi diferente. Percebi que estava voltando, de pouquinho a pouquinho, para o meu país. Primeiro foi a arrumação da mala e do meu quarto que, depois de dois longos dias, ficou vazio. Depois, a tão esperada festa de despedida, que só terminou às 6h da manhã, no trem, tocando pandeiro e cantando samba. Em seguida, sai de Clermont e passei 2 dias em Paris. A cidade que me acolheu já era passado. Então, peguei o avião e, a cada parada, tirava uma peça de roupa. Cheguei ao Brasil suando, com duas meias, bota e calça térmica num calor de 23 graus Celsius.



(Ensinando franceses, rusos, espanhois, italianos e outras nacionalidades a passar debaixo da cordinha)

Só quando cheguei caiu a ficha. Não choro em despedidas pois acho estranho dar tchau pra uma pessoa que eu acabei de ver. Em compensação, entro no avião e choro como um bebé :)

É estranho voltar. Acordei no outro dia me perguntando "onde que eu to? Cadê meu quarto? Ah é... to em casa". Quando fico a toa penso "vou passar ali no quarto de fulana pra conversar", e depois eu lembro que a fulana está do outro lado do oceano.

Todos diziam para tomar cuidado com o momento depressão-pos-intercâmbio. Sim, ele realmente existe. Pelo menos pra mim que saí muito, conheci mil pessoas, visitei um monte de lugares. Posso dizer que, felizmente, não tive alguma dificuldade. Foi tudo maravilhoso. Por isso deixou tanta saudade... Mas também, bola pra frente. O momento agora é de manter as amizades (as verdadeiras relíquias de uma viagem como essa) e puxar o bonde.

Minha depressão passará em uma semana ou duas, no máximo. Os amigos, eu levo comigo. As fotos e os bons momentos estão todos bem guardados. As histórias estão todas na memória. Minha vida no Brasil pronta pra recomeçar. Meu primeiro passo? O blog. Ele voltou! =]