domingo, 22 de novembro de 2009

Finlândia brasileira

Vi os primeiros pisca-piscas há duas semanas, em um posto de gasolina. Desde então o clima de natal só aumenta: verde e vermelho por todos os lados, presentes, decorações com laços e guirlandas, árvores com mil bolinhas coloridas, panetone. O natal me contagia. É por isso que resolvi escrever sobre Penedo, um distrito do município de Itatiaia, no sul do estado do Rio de Janeiro.

(Entrada do shopping Pequena Finlândia. O local é cheio de lojas e bares com arquitetura que imita casas tipicamente filandesas. Foto tirada desse link)
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A cidade é o espírito do natal em pessoa. Penedo foi colonizada por filandeses, país conhecido por ter como habitante ilustre ninguém menos que o Papai Noel. Inclusive, dentro da Pequena Filândia, um shopping com lojinhas que reprodzem a arquitetura das casas filandesas, há a única casa do Papai Noel oficial fora do país.

Isso já bastaria para a cidade ser alvo turístico nessa época do ano. Mas ela traz ainda mais surpresas. Já no início de novembro as lojas e casas começam a ser enfeitadas. Uma grande árvore é montada na frente da casa do Papai Noel, aonde há um espaço aberto com uma pequena arquibancada e apresentações de danças, músicas e corais nos fins de semana. O clima de cidade pequena deixa tudo mais aconchegante e o "friozinho" da região, que fica no pé da Serra da Mantiqueira, deixa o natal com uma cara mais "européia". Para isso também ajudam os restaurantes com cozinhas internacionais, da alemã à norueguesa, e as casas de chocolates artesanais.

(Árvore dentro da Pequena Finlândia. Foto tirada desse link)

O clima natalino não é só uma questão de hábito ou atração turística. As raízes dessa cultura vêm da colonização filandesa, que se instalou por lá na década de 1920. O idealizador e fundador da colônia, Toivo Uuskallio, conta no livro "Na viagem em direção à magia do trópico" que recebeu um chamado para deixar seu país e ir para o sul.

Em 1927, Toivo, sua mulher e três rapazes embarcaram para o Brasil. Eles procuravam um local calmo, quente e com terras férteis para manter uma comunidade com bases vegetarianas. Depois de um período de aclimatação ele comprou a Fazenda Penedo e fundou a colônia. De 1927 a 1940 chegaram quase 300 filandeses ao porto do Rio.

(Filandesas em frente ao Casarão. Foto tirada desse link)

A década de 1930 foi de grandes dificuldades e só melhorou em 1942, com venda de parte da fazenda a uma empresa suiça. Foi nessa época também que o turismo surgiu em Penedo. A comunidade percebeu que os habitantes com traços europeus, as danças folclóricas e toda aquela cultura tão diferente da brasileira atraía as pessoas.

Hoje, Penedo conta com 52 hotéis, vários restaurantes, lanchonetes, bares e casas de chocolates artesanais. Há menos de 20 filandeses naturais morando em Penedo, mas a preocupação com a preservação da cultura é grande. O Clube Filandês, fundado em 1943, faz bailes todo sábado com apresentações do Grupo de Danças Tradicionais. O Museu Filandês da Dona Eva, apesar de pequeno, é responsável por um grande acervo de peças filandesas, roupas, instrumentos musicais, correpondências antigas, fotos e informações.

No próximo post vou trazer algumas curiosidades que peguei no Museu da Dona Eva quando estive na em Penedo, em 2005.

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