terça-feira, 21 de setembro de 2010

Subindo o Puy-de-Dôme

Se tem uma coisa que Clermont-Ferrand tem de sobra é vulcão. Não que aqui tenha um vulcão por pessoa, mas vá lá: para uma cidade com 150 mil habitantes, bastava um. E aqui tem uns 10 vulcões adormecidos. O mais famoso deles é o Puy-de-Dôme que, inclusive, deu seu nome para a região, o departamento de Puy-de-Dôme.

(Lá em cima, o topo do Puy-de-Dôme. Foto tirada desse link)

Esse vulcão adormecido há mais de 12 mil anos tem 1465 metros de altitude. Ele é fruto de duas erupções sucessivas em um espaço de poucas centenas de anos. O Puy-de-Dôme está bem afastado do centro de Clermont-Ferrand. Para chegar até lá é preciso ir de carro, ônibus ou trem. Em compensação, para chegar ao topo do vulcão só há uma forma possível: a pé.

Foi a faculdade que organizou o passeio, na terça-feira passada. Todos os alunos estrangeiros foram convidados para subir até o topo do Puy-de-Dôme. Saímos da faculdade de ônibus e chegamos ao parque em 30 minutos. Lá, nos sentamos para o almoço: uma baguete, um pedaço de bolo de chocolate e uma garrafa d'água (nada mais francês).

(Frango, queijo, tomate, alface e molho de maionese. Dá pra entender porque os franceses adoram "pular" o almoço para comer uma baguete)

A subida começou no início da tarde. O tempo médio de subida é de 45 minutos. Nosso guia nos disse que todo ano há uma disputa aberta ao público para ver quem sobe o Puy-de-Dôme em menos tempo, o Trophée de Muletiers (algo como "o troféu das mulas", nome do caminho que leva ao topo do vulcão). O recorde é do corredor jean-Cristophe Dupont, que fez todo o trajeto em 11 minutos e 8 segundos. Levando em conta a areia escorregadia do caminho e os quase 2500 metros de trajeto no sol, posso afirmar com toda certeza que ele foi muito rápido.

Nós demoramos quase uma hora. Um monte de gente nos passou, incluindo pais com crianças de colo e velinhos da terceira da idade. Mas a gente estava sem pressa nenhuma. A cada bela paisagem que se abria lá do alto (e são muitas) a gente parava para olhar ou tirar uma foto.

(Não há idade para subir o Puy-de-Dôme)

Já no meio da subida é possível ver a sequência de vulcões da região, conhecida como Chaîne de Puys. Para mim, que o mais perto que eu já cheguei de um vulcão foi a cidade de Poços de Caldas (já tão desenvolvida que você nem notaria que aquilo está dentro de um vulcão se não te falassem), é uma imagem de tirar o fôlego.

(Uma paisagem fora de série para nós, brasileiros. Até então, eu só tinha visto vulcões pela TV)

Quando cheguei ao topo do Puy-de-Dôme tive outra surpresa. Lá em cima, resquícios de um templo construído nos séculos I e II pelos Gallo-Romains, povo originário da civilização celta que habitava uma parte do território gaulês. A construção, dedicada ao deus Mercúrio, foi abandonada no século II ou IV e redescoberta só em 1873, na época da construção de um observatório atmosférico.

O Laboratório de Metereologia de Montanha e a imensa antena de TV, no topo do vulcão, também são construções interessantes. É possível ver o Puy-de-Dôme de qualquer ponto de Clermont-Ferrand e o formato dessas construções lembra uma grande nave espacial pronta a ir para o espaço.

(A esquerda, as ruínas do Templo de Mércurio. Ao centro, a Nasa entra em ação)

O Puy-de-Dôme é um dos pontos turísticos mais visados da região de Auvergne, com mais de meio milhão de visitantes por ano. O local também é muito frequentado pelos adeptos do parapente e da asa-delta, tanto pelo visual quanto pelas boas condições metereológicas para vôo. Em 2008, o governo da região aprovou a construção de um caminho de ferro até o topo do vulcão. A conclusão do projeto está prevista para 19 de junho de 2010, data de nascimento do físico Blaise Pascal, nascido em Clermont Ferrand. A ideia é possibilitar que portadores de necessidade especiais e outras pessoas também possam visitar o local. Mas que fique claro: a visita a pé ainda vale a pena!

4 comentários:

  1. Oi Amiga Blogueira, passei para avisar que o "Persa Brasileiro na Provence" mudou de visual e de endereço: www.naprovence.com. Venha me visitar quando puder e se a troca de links lhe interessa me avise! Beijos e até breve.

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  2. Vida boa entre o baguetes, vulcões e outono europeu, hein!

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  3. Olá. Sou solteira e tenho grandes dificuldades de encontrar opções de viagens para mim (já vi opções para a categoria casal, casal com crianças, terceira idade, GLS; mas para solteiros está difícil). Assim, gostaria de sugerir e inclusão desta categoria no blog (com tudo que os(as) solteiros(as) tem direito.
    Mais precisamente, no meu caso, estou sem companhia para viajar (ai fica mais difícil) - já combinei com amigas, mas na hora elas não querem e as desculpas são inúmeras (namorado, sem dinheiro, medo) e eu nunca vou viajar (por medo de ir sozinha e por não conhecer nada, mas se tivesse um roteiro/dicas isso me daria mais coragem) - como vou sozinha a minha intenção não é um hotel caro e sim um hotel simples/econômico, mas que não seja um albergue também. Tenho que assim como eu muitas outras pessoas tenham a mesma dificuldade. Deste modo quero sugerir (e implorar, rs rs) a abordagem do referido tema no blog.
    Obrigado.

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  4. Olá Edy!

    Gostei muito do seu comentário! Vou procurar informações sobre o assunto e prometo que, assim que encontrar alguma coisa, postarei no blog e envio uma mensagem especial para você.

    Abraços!

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