quarta-feira, 11 de julho de 2012

Jornada em busca de diversão

Depois de um divórcio de cortar o coração, Bob Sullivan decide jogar tudo para o alto e passar um ano fora do país até encontrar novamente a felicidade. E a sua, ele tinha certeza que podia recuperar fazendo as três coisas que o homem mais parece apreciar: bebendo até se esquecer do próprio nome, jogando sem se importar muito com o dinheiro, e transando com as mulheres que quisesse sem amarras sociais do matrimônio. Assim, ele decide passar quatro meses na Irlanda, quatro em Las Vegas e outros quatro na Tailândia. Essa história parece similar?

(Foto tirada desse link)

Para quem tem certeza já ter lido algo a respeito antes, não se preocupe: você tem razão. Em 2008, a estadunidense Elizabeth Gilbert lançou o Comer, Reza, Amar, livro que vendeu mais de 4 milhões de cópia em todo o mundo e ainda desembocou em um filme de mesmo nome. Nele, a autora conta o que aconteceu no seu divórcio e todos os detalhes que a fizeram decidir viajar pela Itália, Índia e Indonésia, em um ano sabático de prazer e auto-conhecimento.

Mas se o protagonista da história fosse um homem, para onde ele gostaria de ir? O que ele faria para recuperar a felicidade? Foi assim que surgiu a sátira Beber, Jogar, F@#er. O autor, Andrew Gottlieb, não fez a viagem para contar como tudo se passou, mas com uma imaginação fértil e a ajuda de todos os clichês masculinos possíveis, ele construir uma história que daria inveja a muitos marmanjos.

E atenção: quando digo que o livro é uma sátira é uma sátira mesmo. É preciso ter bom humor para rir dos clichês masculinos, das verdades inconvenientes e até dos momentos em que ele tira sarro descaradamente a narrativa de Liz Gilbert. E ele faz isso logo no capítulo 1, ao repetir a frase "Eu queria que Giovanni me beijasse", mas trocando o masculino Giovanni por Giovanna. Com a diferença, claro, que Liz Gilbert está comendo uma pizza na Itália e o protagonista Bob está em pub irlandês, completamente bêbado.

A partir daí, o autor faz diversas referências ao livro. Por vezes, dá a entender que ele é o próprio marido de Liz Gilbert, que inclusive tem pesadelos com o mais recente namorada da ex-esposa (Em Comer, Rezar, Amar, ela encontra um homem bem mais novo logo depois do divórcio). O momento mais hilário está na página 152, quando Bob vê um guru espiritual tendo aulas de ginástica em uma academia de Las Vegas: "Não sei o que surpreendeu mais, que Deepak Chopra tem um personal, que agora eu conhecia o personal de Deepak Chopra ou que Deepak Chopra estava agora em Las Vegas. Eu imaginava que ele estaria em algum lugar espiritual e elegante, como a Itália, ou a Índia ou, sei lá, Bali, talvez."

Eu, que não sou uma devoradora de livros, o li em algumas horas. As histórias são divertidas e a linguagem bem fácil. Chega a ser interessante algumas frases do livro que mostram claramente a forma de pensar masculina. Em alguns momentos, porém, o livro é bem fraco. A parte da Irlanda é, sem dúvida alguma, a mais divertida e a que tem as melhores histórias. Em Las Vegas, algumas histórias parecem forçadas demais e para que aquilo aconteça com uma pessoa real é preciso muita sorte. Mas ok, ele não está mesmo ligado à realidade.

Quando ele começa a descrever suas aventuras na Tailândia, porém, é decepcionante. Quem espera histórias picantes pode esquecer. Depois de passar alguns dias em um relacionamento se, compromisso com uma jovem indiana, ele larga toda e qualquer oportunidade sexual que sua estadia pudesse lhe oferecer para se entregar a uma mulher que ele conhecera na Irlanda. O livro termina no melhor estilo bobo-apaixonado que se pode imaginar. Apesar das piadinhas que permeiam a narrativa, é um final bem mulherzinha para um livro que tinha uma pegada mais masculina.

Ainda assim, eu recomende o livro, principalmente para aqueles que querem algo leve, divertido e que já se perguntaram o que aconteceria com um homem que estivesse tentando juntar seu coração fazendo as escolhas mais inusitadas do mundo. Pode dar certo.

5 comentários:

  1. Jú, que bacana! Hahahaha
    Deve ser engraçado demais. Bjoo

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    1. A primeira parte então é uma piada, nego! Hahahahah! Beijos!!

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  2. O melhor de tudo é ouvir vc falando tudo isso!!!

    mas deve ser assim mesmo hehehe o final, embora bobo-apaixonado, nao eh nada impressionante, porque a maioria dos homens no final é isso mesmo!!!

    triste saber que aqui vai ficar mais um ano de molho... aiai

    bjoo

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    1. by the way... sou eu, mandinha...

      mas dessa vez ele nao quis me identificar!

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    2. Gostei da sua perspectiva de "a maioria dos homens é isso mesmo". Vai saber ne? =)

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