segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O motorista - Personagens (2)

Com dezesseis anos ele já acompanhava o pai. Foi assim que Wyller Lucas começou a vida de caminhoneiro. Eles iam de uma cidade para a outra, cada parada e cada rodovia com um objetivo: entregar a encomenda no destino certo. Sem encomenda, sem dinheiro.

Sua família era pai mãe e 4 irmãos: duas mulheres e dois homens. Wyller era o mais velho. “Com dezoito anos eu já tirei carteira e meu pai comprou um caminhão pra mim”, conta. E dessa forma ele largou o banco de co-piloto e foi parar na frente do volante. Saiu por aí, foi rodar o Brasil. “De todos os estados só não deu pra ir naqueles lá mais do norte, Amazonas, Acre. Mas conheço o Brasil inteiro”.

Wyller entregava de tudo: janela, madeira, cano, granito pra fazer piso de banheiro. Na estrada ficava tranqüilo. Passava aperto era nas paradas. Ele conta que, antes, as estradas brasileiras não tinham muitos lugares para parar e se alimentar. E essa diferença aumentava de acordo com a região. Ele só garante que “a comida do sul é 10 vezes melhor do que a do norte. Na Bahia, no Maranhão, nesses estados, a gente só come porque não dá pra ficar com fome”.

Mas pergunta só para onde ele mais gostava de ir? “ah, pro norte. O pessoal é mais receptivo, mais alegre”. Quando batia o aperto mesmo, a melhor comida era a que ele mesmo fazia. “Ia pra trás do meu caminhão e pegava o fogaõzinho que a gente deixa lá guardado. Ele tinha um botijão pequeno e lá eu cozinhava”.

Wyller garante que rodar o país não inclui só ganhar dinheiro com as entregas, mas conhecer lugares novos, pessoas novas “e namorar muito também”, se diverte. Entre um namoro e outro conheceu um alguém especial e se casou. No início ela até viajava com ele e já chegou a ficar dois meses fora do estado. Mas com o tempo ele foi parando. Precisavam de estabilidade e aí virou motorista... de carro. “Parei por causa da mulher e dos filhos. Uma hora a gente tem que parar né?”. É Wyller, uma hora a gente tem que parar.

2 comentários:

  1. Que perfil legal, ju. Vc escreveu ele onde?

    bjos

    Thatá

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  2. Que bom que você gostou! Eu fui conversando com o motorista que levou a gente pra Grão Mogol e depois que cheguei em casa escrevi porque achei legal as coisas que ele tinha falado!

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