sábado, 15 de agosto de 2009

Os diamantes de Grão Mogol

“Os lixos têm forma de diamante”. Foi a primeira coisa que vi (e falei) quando entrei na cidade de Grão Mogol, na região do Alto Jequitinhonha, em Minas Gerais. Mais tarde, descobri que a pedra está até na bandeira da cidade. Não era mera coincidência, principalmente para um lugar aonde sua história se confunde com a história da exploração comercial de pedras preciosas na região.

De modo resumido, o local já atraia pessoas de todo o país desde o final do século XVIII. Em 1858 ele recebeu a categoria de cidade e até a década de 1960 Grão Mogol era a mais importante região do Norte de Minas, juntamente com Diamantina. Porém, o fim do ciclo de extração de diamantes coincidiu com a emancipação do território de Grão Mogol e a formação de municípios menores.

Daquela época, restam suas construções históricas. E isso é o que mais encanta. Pouco tempo depois de chegar a cidade, é possível ver (além dos lixos em forma de diamantes) a Igreja Matriz de Santo Antônio, construída por escravos no século XIX. Ela é toda feita de pedra. Toda, sem exageros. Não há revestimento, concreto, massa, areia, chiclete, cuspe... nada que faça uma pedra grudar na outra. E ela é incrivelmente bonita. Uma das igrejas mais bonitas que já vi.
.
(Foto tirada desse link)

Os outros pontos turísticos são naturais: Tem a Trilha do Barão, caminho de pedras que ligava a casa do Barão ao povoado local, a Lapa da Água Fria, onde turistas e população local podem tomar um banho, o Canyon da Extrema, uma bela paisagem formada por algumas quedas d’água e poços profundos, e algumas várias cachoeiras
.
(O Ribeirão do Inferno corta a cidade)

Uma coisa engraçada e que chama a atenção: Grão Mogol está no Vale do Jequitinhonha, mas não é tão quente assim. A culpa é da sua altitude e das montanhas que envolvem o local. De manhã faz calor (e olha que fui no inverno), mas a noite um ou dois casacos caem muito bem.
.
Minhas impressões

Passei três dias na cidade com o objetivo de dar um curso de formação de jornalismo para jovens. Foram três longos dias com muito trabalho a fazer e não pude passear muito pela cidade. Mas por isso mesmo consegui perceber alguns aspectos culturais que seriam impossíveis se só tivesse passeado por aí. O primeiro deles é a infra-estrutura, diremos, tecnológica do local. Grão Mogol é uma cidade pequena, com cerca de 15 mil habitantes. Somente esse ano que revestiram de asfalto os 53 km da estrada que chega à cidade. Somente esse ano também que chegou cobertura telefônica da Vivo. A cobertura da Oi está em fase de implantação.

Outro ponto que me chamou a atenção foi como aqueles 15 jovens jovens com quem convivi (principalmente os jovens, pois tive mais contato com eles) gastavam seu tempo. As meninas que fizeram o curso comigo já diziam: "a noite, a única coisa que tem pra fazer é ir no Cê que sabe", uma lanchonete na parte baixa da cidade. Elas disseram também que as vezes tem uma ou outra festa, boate, mas não muito mais do que isso. De dia, quando não estão na escola, vão a casa de alguém se divertir ou conversar.

Parece bobagem, mas como nasci e cresci em Belo Horizonte, uma capital que mesmo não sendo uma São Paulo da vida oferece várias coisas para fazer, é engraçado ver como eles passam o dia. Já fui a cidades menores, mas quase sempre como aquele tipo de turista que fica longe da vida habitual da população. Ver isso tão de perto, conversar com aqueles jovens sobre a vida deles, é diferente. A noção de "meu Deus, o que farei do me futuro também é outra". Grande parte já tinha tomado uma bomba no colégio e a maioria nem pensava em vestibular. Alguns nunca tinham saído da cidade.
.
Mas nem pense neles com dó ou algo parecido. Eles têm menos oportunidades e todas essas diferenças, mas, no fundo, são jovens como os outros. Saem, riem, namoram, querem fazer alguma diferença. Adoram computador, apesar de não terem tanta desenvoltura com eles. Sabem mais da história da cidade deles do que muitos belorizontinos por aí. Alguns mais velhos já trabalham, e uma delas até disse: "depois de toda essa experiência estou pensando em fazer jornalismo". Trabalho feito. Bem feito!

14 comentários:

  1. que bom que a experiência te marcou, juzinha.

    =D

    tz.

    ResponderExcluir
  2. Srª Juliana Afonso, após ler o artigo em questão de sua autoria, não poderia deixar de postar esse comentário. Reconheço sua brilhante capacidade de resumir a importancia histórica da "cidadezinha do interior" a qual se refere. Não sei, baseado em que, a Srª colheu tais informações para publica-las aqui, mas posso afirmar, como Grãomogolense que sou, que as mesmas são incondizentes com a verdade a qual durante preciosos 20 anos pude observar sendo morador da mesma cidade. Sugiro que antes de fazer afirmações tão absurdamente equivocadas,principalmente, sobre a pespectiva de futuro dos jovens ou a desenvoltura dos mesmos frente a tela de um computador, a srª se preocupe em buscar as minúcias dos fatos e não apenas se prender a "clichês", generalizando a importancia das cidades não-metropolitanas como sendo apenas matéria prima de museu. Tendo em vista a bela iniciativa manifestada ao escrever sobre minha cidade, e aproveitando todos os avançados recursos a qual segundo afirma somente uma capital pode oferecer, acredito que a Srª, sendo uma Belohorinzontina saiba utiliza-los para rever suas fontes de pesquisa e procurar aprimorar seus conhecimentos sobre as bases econômicas e culturais da já descrita "cidadezinha interiorana" e tambem, quem sabe se informar sobre quantos Graomogolenses cursam ou ja se graduaram na mesma instituição a qual a Srª pertence e em tantas outras espalhadas pelo Brasil...Agradeço o espaço..
    Matheus D. Pinho Ac. Medicina (Belem-Pa) matheusdamasceno19@hotmail.com

    ResponderExcluir
  3. Bianca (ou Matheus),

    desculpa se te ofendi, mas essa não era minha intenção. Pelo contrário, achei a cidade muito bonita e vi coisas interessantes. Dizer que ela é uma "cidadezinha do interior" não a diminui. Diminui? Você não deveria achar que sua cidade tem mais ou menos importância por causa disso, afinal, ela é mesmo do interior. Acha que me importo quanto escuto estrangeiros perguntarem se Belo Horizonte tem 100 mil habitantes? Não. Me divirto e entendo que, por eles são serem de lá, ainda não tem todas as informações que tenho. E eu, como uma pessoa que passou 3 dias na sua cidade, nem tenho a pretensão de saber mais do que você.

    As informações históricas que coletei são as mesmas que encontro em sites turísticos sobre a cidade e mesmo no site da prefeitura de Grão Mogol. Se eles, que são de lá, estão escrevendo algo errado, admito que, infelizmente, acabei reproduzindo algo errado também. Se quiser, podemos trocar informações depois e prometo consertar os erros.

    É claro que as perspectivas que Grão mogol oferece para seus habitantes são menores do que as que uma cidade como BH oferecem. Do mesmo jeito que as oportunidades em São Paulo são maiores do que em BH, e as de Nova York são maiores do que as de São Paulo. O que não significa, de maneira alguma, que as pessoas não têm futuro. Você mesmo não estudou, se formou e hoje é médico em outra cidade? Querendo ou não, você superou obstáculos, e isso é louvável. Da mesma forma que um artista plástico como Vik Muniz, por exemplo, superou a falta de investimento cultural do país e hoje tem uma exposição permanente em Nova York. E ele é paulista.

    Agora, o que eu disse sobre a população tem alguma base de verdade sim. Se você está duvidando, vai lá e conversa com eles. Pergunta quem pretende fazer vestibular. Pergunta quem nunca tomou bomba no colégio. Aliás, porque eu estaria mentindo? Depois disso, pense no meu texto como um olhar de alguém de fora mesmo, e veja se algumas coisas não podem ser melhoradas na sua cidade. Em todo lugar há sistemas caducos e coisas faltando, só precisamos enxergar de um jeito diferente.

    Abraços!

    ResponderExcluir
  4. Ju, bom dia... tenho que discordar do nosso leitor. Achei o seu artigo bem bacana, e as informações estão corretas.... valeu por divulgar a nossa cidade;;;;

    Um abraço

    Guilherme Meira
    Sec. Cultura de Grão Mogol

    ResponderExcluir
  5. Oi Guilherme, obrigada pelo elogio! E nem precisa agradecer pela "divulgação". Adorei os dias que passei aí e tinha mais era que falar mesmo.

    Abraços!

    ResponderExcluir
  6. Senhorita Ju, ou talvez Ju de que? Para tecer comentários sobre cultura ou meios de sobrevivência, principalmente de uma "cidadezinha do interior", acho que antes a senhorita ,que parece ser muito culta, teria que fazer uma pesquisa de campo, pois para divulgar tais informações, acabou cometendo uma equívoco e magoando os moradores desta tão atraente cidade (como diz em sua postagem). Sou morador desta cidade há mais de 10 anos, e o que vejo é a juventudade de Grão Mogol cada vez mais engressando em faculdades conceituadas de todo o estado de Minas Gerais e até mesmo do Brasil. Então minha cara, para fazer tais comentários,ao meu ver "maldosos", esta teria que primeiro conhecer a realidade de cada um, tais como: limites financeiros, dificuldades de acesso a uma faculdade, entre outros, para assim divulgá-los. Muito me admiro dos seu comentários, porque os seus argumentos não são convincentes, primeiro conheça como vivemos para depois fazer os seus comentários. A saber em vez de criticar maliciosamente, porque não o fez beneficamente para as pessoas que estão a frente desta cidade, para que pudessem encontrar soluções para a melhoria de perspectiva dos jovens a que você se refere. Por outro lado, vejo aspectos positivos em sua postagem, pois tais "carapuças" deveriam sim, assentar naqueles que se dizem contribuintes para a administração da nossa cidade. Sou uma adolescente, tenho 15 anos, graomogolense com orgulho e pretendo cursar medicina em uma conceituada faculdade do país. Quero ainda deixar claro, para você, que morar em Grão Mogol não é para quem quer e sim para quem pode. Obrigada! Thamara de Sousa

    ResponderExcluir
  7. Respondendo: Eu não fui a cidade para fazer uma pesquisa ou algo do tipo. Logo, a minha matéria não vai ter 10 páginas dissertativas sobre Grão Mogol explicando a política, a economia, a cultura local e etc, se é isso que você esperou encontrar aqui.

    Fico muito feliz que você pretenda cursar medicina. E tenho certeza de que você se sairá bem. Mas como disse no 3º comentário desse blog, a maioria dos jovens que estavam comigo já tinham tomado bomba no colégio e não pensava em fazer faculdade. Essa pode até não ser a opinião da maioria dos jovens de Grão Mogol. Mas era a da maioria dos jovens que estavam lá comigo, por isso escrevi pois foi com eles que convivi, e deixei bem claro na minha postagem que estou falando deles. Já que você está aí, pergunte a eles pessoalmente. Inclusive, pode ser que eles até tenham mudado de opinião, o que é ótimo também!

    Não pretendo saber mais de Grão Mogol que você. Nunca. Agora me diga, você já veio em BH? Se sim, você percebeu que é uma cidade com muito mais infra-estrutura do que Grão Mogol. Da mesma forma que sei que São Paulo tem muito mais infra-estrutura e oportunidades do que BH e não fico irritada com isso. É só um fato. O que não impede de pessoas se destacarem em BH mais do que em SP, e mais em Grão Mogol do que as duas juntas. Juscelino Kubitschek e Tancredo Neves não são de pequenas cidades mineiras e, mesmo assim, se tornaram presidentes?

    Gostaria de entender claramente quais comentários que eu fiz te aborreceram. Acharei ótimo conversar com você! Me diga o seu e-mail para conversarmos, ok?

    Abraços!

    ResponderExcluir
  8. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  9. Srª
    Juliana Afonso ofereço minhas sinceras desculpas por somente agora ter
    tomado conhecimneto sobre sua postagem, e sendo eu, ferrenho defensor
    do direito de resposta a qualquer um que venha a ter sua opinião
    questionada, achei por bem utilizar novamente desse espaço.
    Entretanto, acredito que minhas intenções ainda não tenham se tornado
    claras; pois o motivo maior da minha indignação, que levou-me inclusive
    a opinar contrariamente acerca do artigo de sua autoria, não foram os
    dados históricos colhidos que, aliás, estão corretos não sendo em
    momento alguma por mim questionados; nem tão pouco o fato da minha
    cidade não se juntar a mesa dos representantes dos estados brasileiros,
    lugar esse, já muito bem representado pela também nossa Belo Horizonte.
    Grão Mogol se orgulha de ser uma cidade "interiorana", de costumes
    "interioranos",de um povo que vive, se conhece e se respeita como bons
    "interioranos" que são.Assim sendo, possuo os subsídios necessários
    para afirmar plenamente, sem que para isso me seja necessário lançar
    mão de nenhuma forma de demagogia, que esse mesmo povo não almeja a
    "cadeira" ocupada hoje por sua cidade, muito menos se prende a tecer
    comparações.
    Acredito piamente na ideia de que cada lugar, por mais ínfimos que
    sejam seus recursos (e creio que aí a Srª incluiria a "típica
    cidadezinha do interior, com lixeiras em formato de diamantes" a qual
    com caráter generalista descreve)seja dotado de individualidades,sendo
    o conjunto dessas, o grande responsável por conferir a um território o
    status de cidade, estado ou mesmo país, assim sendo, a grandeza de um
    povo não se sedimenta nas divisas geradas pela economia do local onde
    habitam, ou nas similaridades entre suas populações, mas justamente nas
    suas diferenças; o que resume todo e qualquer desígnio que se possa
    pensar para a palavra "cultura"; e penso eu ser esse, um bem intocável
    que sob hipótese alguma deveria ser comparado, questionado ou
    desmerecido.
    Por conseguinte,a fim de aguçar sua compreensão sobre tudo que aqui ja
    foi dito, é que afirmo ser o tópico intitulado como "Minhas Impressões"
    o grande entrave presente no seu artigo.
    E quanto a oportunidades Srª Juliana Afonso? Defendo o princípio de que
    cada um é responsável pela sua; e ainda que não tendo conhecimento
    sobre o número de cidades que já visitou, nem tão pouco quantos países
    conhece, posso, sem receio algum,afirmar que em nenhum deles diplomas
    nascem em árvores ou empregos caem dos céus,portanto, ha de convir que
    oportunidades tem maior relação com força de vontade do que com
    infra-estrutura,(mas se olhares novamente suas postagens verás que
    também compartilha desse ideia, e o fez ao citar sabiamente dois
    grandes ícones mineiros cujas brilhantes trajetórias de vida, em
    momento algum se cruzam com algo que se possa caracterizar como tal).
    Mas quanto a Grão Mogol, muito me impressiona o fato de que ao final de
    três dias, e baseado no discurso de uma mísera parcela da juventude
    local, a Srª tenha demonstrado tamanha autonomia a ponto de estabelecer
    julgamento acerca da capacidade intelectual dos seus habitantes, de
    modo que, de acordo com a linha de raciocínio, repito, "generalista" a
    qual propôs que me guiasse, diria que a Srª em quesito algum se difere
    dos "estrangeiros desinformados" que segundo seu próprio comentário
    visitam sua cidade manifestando um "Pré"- conceito assim como agora o
    faz.
    Mais uma vez, obrigado pelo espaço
    Matheus D. Pinho (Belém - PA)

    ResponderExcluir
  10. Matheus,

    você afirma que minha postagem foi generalista. Mas como dizer isso se citei coisas tão específicas sobre sua cidade? Diz que fui generalista ao dizer que a "cidade interiorana" possui "lixos em forma de diamante". Como generalista se nunca vi nada igual? Além disso, não disse isso em tom de deboche, mas porque achei muito bacana, uma cidade que se orgulha da sua história e estampa isso em objetos corriqueiros, do dia a dia.

    Concordo que cada um é responsável pelas suas oportunidades. Mas vamos lá: vamos supor que algumas pessoas nem sabem que existe graduação em oceanologia, por exemplo. Como uma pessoa pode pensar em fazer esse curso se nem sabe que existe? É sobe esse tipo de oportunidade que estou dizendo. Uma cidade maior, com mais festivais, palestras e tudo o mais pode ser decisiva na vida de alguém. O que não significa que todas as pessoas aproveitem bem essa oportunidade e nem que quem não aproveita ou quem não a tem é mais ou menos infeliz. É só um fato.

    Tenho certeza que Grão Mogol se orgulha de ser Grão Mogol. E de modo alguma me referi a capacidade intelectual dos habitantes da cidade. Quando foi isso? Se vc está achando que fiz alguma referência a isso quando disse que os jovens que conheci tomaram bomba ou não pensam em fazer vestibular é você que os está julgando. Eu só disse o que me disseram, afinal, quem sou eu para saber porque isso aocnteceu, que dificuldades eles passam ou que sonhos eles têm? Além disso, não ter um curso de graduação não é o fim do mundo. Conheço muitas pessoas que não tem e são muito esclarecidas, inteligentes e educadas. O que as pessoas precisam é de educação, e isso não se passa só por meio de um curso.

    Novamente, se quiser conversar comigo, estou a disposição. E o blog também. Esse espaço é para isso mesmo!

    Abraços!

    ResponderExcluir
  11. Pessoal,

    conversei com a Thamara por e-mail e tivemos um papo muito legal e proveitoso. Ela me disse que entendeu o post, mas estava incomodada com o fato de eu não ter especificado sobre que jovens estava falando. Ela disse que deveria especificar de quantos jovens estava dizendo.

    Assim, mudei meu texto. No intertítulo "Minhas impressões", no segundo parágrafo, tirei "como as pessoas gastam seu tempo" e coloquei "como aqueles 15 jovens com quem convivi gastavam seu tempo". Mais abaixo, no terceiro parágrafo, tirei "como as pessoas passam o dia" e "conversar com eles" e coloquei "como eles passam o dia" e "conversar com aqueles jovens", respectivamente.

    Gostaria de ressaltar novamente que tudo o que escrevi diz respeito aos 15 jovens com quem passei alguns dias na cidade. Reproduzi aqui informações e opiniões dele. E quanto a isso, mesmo que alguém se sinta ofencido, não posso fazer nada.

    Queria agradecer a Thamara por ter me procurado para esclarecermos essas dúvidas. Como disse para ela, o blog é um espaço para isso mesmo: ler, opinar, comentar, conversar.

    Abraços a todos! E continuem comentando!

    ResponderExcluir
  12. Agradeço a Juliana pela compreensão!

    Comunico a todos que o mal entendido já foi esclarecido e esperos que todos possam entender. Não foi de má intenção, pois, por falta de simples palavras 0um texto pode tomar outros rumos.

    Abraços!Thamara

    ResponderExcluir
  13. Na qualidade de colega de sala da Ju e de visitante um pouco mais assíduo de Grão Mogol (minha namorada é de lá) gostaria de ressaltar alguns pontos que me chamaram a atenção no artigo e nos debates posteriores.
    Naturalmente, quando um texto gera polêmica temos de convir que há problema com alguém: com o escritor ou com o leitor.
    Nesse caso específico tendo a concordar com minha colega, apesar de reconhecer alguns pontos pelo menos 'perigosos' em algumas de suas análises. Devemos ficar atentos, na passagem que causou transtornos, para o título: "Minhas impressões". Prontamente a autora já se exime de maior objetividade ou pretensão científica.
    O que deveria ser visto com mais cautela pela autora(e deveria ser reforçado pelos grão-mogolenses que querem o bem da cidade) é a estagnação econômica da cidade, que tem influências negativas sobre todos os ramos, inclusive o da educação. Pelo fato (científico, poderíamos dizer) de toda a “superestrutura” (lazer, esporte, educação, ideologia, governança, etc) ser determinada, em última instância, pela base econômica, não assusta deduzir (e observar) que Grão Mogol apresenta sim um atraso em relação por exemplo a cidades mais ricas, como Diamantina. Dizer, conforme disse o colega, que “oportunidades tem maior relação com força de vontade do que com infra-estrutura” é, com perdão da palavra, uma grande asneira. De grandes forças de vontade as favelas nas grandes cidades e as cidades pobres do interior (como Grão Mogol e muitas outras do Vale) estão cheias. Quem consegue se sobressair e ter uma vida menos perturbada por dificuldades econômicas é raridade. A grande mídia que adora esse tipo de coisa: “A incrível história do jovem que morava no morro e que tinha o pai alcoólatra e a mãe doente mental mas que conseguiu virar um empresário de sucesso”. O que esse jovem teve que os milhões de outros não é força de vontade, mas sorte. E essa sorte, como facilmente podemos observar, vem pra poucos. Junto com Ju, arrisco a dizer que a maioria dos jovens que se formam no terceiro ano em Grão Mogol (ou num colégio público de Diamantina, ou num colégio de periferia de Belo Horizonte) não continuarão a seguir a carreira de estudos, não terão uma vida financeira fácil. Sem desmerecer profissões como moto-taxista, pedreiro, empregado, doméstico (que, a meu ver, deveriam ser tão reconhecidas como quaisquer outras que demandem estudo), são elas que serão o destino desses jovens. Se o colega gosta de dados, eu desafio a fazer uma pesquisa nos colégios de Grão Mogol para comprovar o que a Ju tinha generalizado a partir de 15 jovens (certos estereótipos, certas metonímias têm correspondência na realidade): quantos vão querer continuar a estudar? Tenho certeza de que será a minoria. Quantos já sabem o que vão fazer para se sustentar? Tenho certeza de que pouquíssimos.
    Só para ressaltar, os dois exemplos de “sucesso” a partir de cidadezinhas que foram levantados não devem ser seguidos (por terem entregado o Brasil de bandeja para a dívida externa e para a exploração de multinacionais) e não saíram do nada: eram de famílias tradicionais e relativamente ricas.
    Para finalizar (e generalizar), essa grande falta de oportunidades para os jovens que deveriam estar entrando no mercado de trabalho não é prioridade de Grão Mogol, mas de todas cidades do Brasil. A maioria da população brasileira passa por dificuldades financeiras, e, como maligna conseqüência, seus filhos também passarão. A não ser que tenham a sorte do fenômeno Sílvio Santos.

    Fechando seus olhos para essa situação você está sendo contra a sua cidade, e não a favor.

    Forte abraço,

    Bráulio Siffert – Diamantinense, estudando jornalismo em BH, ex-bolsista do Programa Pólo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha e com namorada em Grão Mogol
    brauliosiffert@gmail.com

    ResponderExcluir
  14. Ju:os preblemas sócio economicos não são caracterizados apenas em cidades pequenas como gão mogol:Ouve uma reformulação na politica,dando oportunidades de crescimento, e de infra istrutura ate mesmo as grandes cidades. Sou de grão mogol, e vivo em sp a mais de 20 anos:Como o asfalto chegou la somente agora,a linha telefonica o uso do computador partes citadas no seu depoimento. O mesmo aconteceu nas cidades grandes.Asfalto,telefones fixos e moveis,faculdades e outros acessos que fazem a vida dos seres humanos irem de encontro ão mundo tecnologico em que vivemos hoje; diferentes dos anos vividos em decadas passadas.

    ResponderExcluir