sexta-feira, 15 de julho de 2011

Uma cidade cheia de cores - Parte II

A Colina do Castelo, onde começamos nosso roteiro, também é o local aonde começou toda a cidade. Ela era completamente militarizada até o século XVIII, quando Luís XIV destruir suas construções. Nice então começou a crescer no pé da colina e foi crescendo até transformar-se na 5ª maior cidade da França.

(Comércio na parte antiga da cidade. Como não neva no sul da França, há mesinhas fora dos estabelecimentos até no inverno. Fotos tiradasdesse e desse link)

Após descermos da Colina passeamos um pouco pelo calçadão e "entramos" na parte velha. É possível dizer entramos porque há uma espécie de muro separando as duas partes da cidade. Um mundo novo. Lá "dentro", o que se encontra é uma vila fortificada de arquitetura italiana, com algumas das preciosidades barrocas da região.

Uma das mais importantes é a Catedral de Nice, dedicada a Assunção da Virgem Maria. Construída no século XV, a igreja é simples mas imponente. Só deixa de ser vista ou fotografada quando as mesas e cadeiras da Place Rossetti, na frente da igreja, começam a encher. Em dias normais, ela enche durante os horários de almoço e jantar, como em toda típica cidade francesa. Em fins de semana e feriados o movimento é quase ininterrupto.

(Catedral de Nice. Foto tirada desse link)

Outro ponto interessante é o Cours Saleya, uma passagem exclusiva para pedestres. O local era a tornou-se o principal ponto da cidade ainda no século XVIII, quando famílias ricas e ociosas (os famosos "vida-boa") tinham como lazer passear no local para olhar suas boutiques de luxo, tomar um café a paisana e encontrar os outros nobres habitantes da cidade. Com o tempo, o Cours Saleya tornou-se um espaço de exposição dos floristas de Nice.

(Foto da antiga nobreza. Com certeza ela ainda existe, mas arranjou novas diversões - como os cassinos da cidade. Foto tirada desse link)

A cidade velha tem ainda uma série de construções de época, mas o mais interessante é observar a arquitetura do sem número de prédios de poucos andares. Aqueles simples, que estão por todos os cantos e, juntos, formam um grupo interessante. Com ares medievais, eles são os responsáveis pela direção das ruelas que, apesar de pequenas, chegam a mais de 100 metros (nem sempre em linha reta).

E sempre cores. O que chama a atenção de imediato é o comércio. A parte de baixo desses prédios é o espaço de lanchonetes, boutiques e lojinhas de tudo o que é possível imaginar. Dos típicos souvenirs para os turistas a lojas que fazem porta-retratos de bombons. Também não sobram sorveterias italianas. Fafá experimentou um de framboesa que estava uma delícia. Tão bom que até a mendiga na porta da igreja pediu um pedaço (o engraçado foi explicar pro dono da loja porque queríamos outra pazinha...).

(No meio dessa, outras tantas transversais. Foto tirada desse link)

Depois do comércio, são as cores dos prédios que se destacam. Ao olhar para eles é fácil encontrar também janelas cheias de plantas e varais com roupas penduradas. Tudo é colorido e, por vezes, perfumado. E por vezes divertido. Já estava escurecendo quando escutamos um som que vinha do meio de uma ruela. Era capoeira. Cinco pessoas se apresentavam, revezando entre os instrumentos, a ginga e as acrobacias. Brasileiro quando vê brasileiro já puxa papo mesmo sem saber o nome, e enquanto eles estavam tentando fazer dinheiro a gente conversava. Finalmente, a menina que passou com o pandeiro respondeu que era do Brasil e perguntou "vocês têm uma moeda pra ajudar a gente?". Mas não tínhamos nada. Ela então virou a cara e saiu fora. De nada.

Cidade nova

Nice vai além dos estabelecimentos construídos dentro dos murros da cidade antiga. Um deles é o cinco estrelas Negresco. O hotel ocupa um quarteirão inteiro e suas quatro fachadas estão classificadas no inventário de monumentos históricos franceses. Não entramos. Nem tentamos, na verdade, mas ele já é bem bonito por fora. De estilo neo-clássico, as luzes do hotel ganham destaque na Promenade des Anglais.

(450 quartos e mimos como o tapete gigante de um dos seus salões que custou, sozinho, 300 mil francos. Foto tirada desse link)

Ainda assim, o monumento mais impressionante que vi em Nice foi a Catedral de São Nicolau. Se eu nunca tive vontade de ir pra Rússia um dia, esse desejo surgiu naquele momento. A construção fica no centro da cidade, um pouco distante da praia, em um espaço cheio de plantas. A igreja é gigante e cheia de pequenos detalhes por todos os lados. Do lado de fora, suas paredes são vermelhas, com detalhes em dourado e, por vezes, pinturas com motivos ortodoxos. No alto, domos feitos com pedras inconscientemente verdes.

As meninas ficaram do lado de fora, mas eu quis entrar de qualquer jeito. Eram 6 euros e, confesso, pequei: na confusão de pessoas entrei sem pagar. É engraçado ir em uma igreja que difere tanto da sua. Inconscientemente, esperava ver peças similares às cristãs. Altar, cruz, pinturas renascentistas, motivos barrocos. E tudo era completamente diverso e estranho. A começar pela língua... sequer o alfabeto é o mesmo. Depois, os símbolos. A cruz tem três hastes e os castiçais sete espaços para vela. As pinturas são como mosaicos, coloridas, com detalhes dourados, e cercam TODA a igreja. A Catedral de São Basílio é o próximo passo.

(Edificada devido à importância da comunidade russa na cidade, a igreja ficou pronta ainda em 1912. Cada detalhe foi feito com requinte e cuidado. Fotos tiradasdesse e desse link)

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