(Pôr do sol no porto de Saint-Tropez . Foto tirada desse link)
Alguma semelhança com uma certa cidade carioca? Uma antiga vila de pescadores, linda e tranquila, que se tornou o cantinho preferido de ricos e endinheirados depois da visita de artistas famosos. Mais do que isso, o local virou vitrine de moda e símbolo de badalação, com festas e mais festas, jovens e mais jovens. Uma Búzios francesa.
Mas o correto seria dizer que Búzios é a Saint-Tropez brasileira. Afinal, ela veio antes. O local foi fundado por gregos alguns séculos antes de Cristo. Como quase todas as cidades do Sul da França, foi disputado por espanhóis e ingleses. Depois de duras batalhas que tiveram lugar principalmente entre os séculos XV e XVII, a cidade encontrou novamente um descanso. Na segunda Grande Guerra, porém, alguns bombardeios deixaram o porto e a capela das Penitências aos pedaços. Mas mesmo isso não foi capaz de apagar o requinte e o charme da cidade. Os ataques passaram a ser unicamente de turistas.
(Saint-Tropez vira do avesso no verão, principalmente com as ideias dos ricos e endinheirados como Karl Lagerfeld, que lançou a coleção de verão 2010 da Chanel nas ruas da cidade. Foto tirada desse link)
Recanto de luxo e prazer
Os moradores locais sempre se dividiram em dois: os humildes pescadores e a elite francesa. Ricos, essas pessoas idolatravam a forma de vida hedonista, na qual o prazer é o supremo bem da vida humana. Ainda hoje são conhecidos como jet-set e Saint-Tropez virou moda por causa da moda. Começou na década de 1920, quando a estilista Manine Vachon revolucionou o ramo com a criação de um estilo mediterrâneo relaxada, displicente e sensual, baseado nas cores do verão da cidade. A ideia que encantou a Nouvelle Vague ganhou ainda mais evidência na década de 1950, na pele da modelo e atriz Brigitte Bardot.
(Símbolo de uma moda despojada. Foto tirada desse link)
A atriz é a responsável pela fama da cidade. Alguns dos seus filmes de maior sucesso foram filmados em Saint-Tropez, levando fama instantâne a cidade que, depois da década de 1960, não parou de receber turistas e novos moradores.
A cidade ganhava cada dia mais encanto com a transformação das suas ruas em galeria de arte. Quem passa na frente do porto ou mesmo nas ruelas cetrais vai ver quadros e estátuas de artistas famosos. A tradição de fazer da cidade um museu-vivo é do pintor Paul Signac. Após descobrir Saint-Tropez, ele chamou alguns nomes da arte moderna para visitar o local. As obras que mais chamam atenção são as famosas "gordas" de Matisse, espalhadas por diversos pontos da cidade.
(Uma delas, no centro da cidade)
A essência
Depois de uma noite abaixo das expectativas, como vocês viram no post passado, Saint-Tropez desceu alguns degraus no patamar de destino desejável. Mas eu não parava de me perguntar o quê levou as pessoas à cidade. Se voltarmos no tempo, tirarmos a moda, as festas, a badalação, Saint-Tropez era um lugar comum. E ainda assim foi escolhida por estilistas, artistas e atores para ser moradia, inspiração artística, set de filmagem.
(O porto de Saint-Tropez dá a ver uma das paisagens mais bonitas da cidade)
Passamos por outras tantas cidadelas no meio do caminho, menores, mas tão bonitas quanto. Com belas casas encravadas na montanha, lanchas a espera dos seus donos e um mar azul anil banhando o litoral. Então porque Saint-Tropez? Sorte.
Hoje, a cidade carrega uma aura quase intocável. Estar lá traz uma sensação de estar no lugar certo e na hora certa. Parece que as coisas estão sempre prestes a acontecer e você vai estar lá para ver. E é diferente de Paris, por exemplo, ainda mais famoso e badalada, porque Paris já é divulgada demais. A impressão que dá é que as pessoas de Saint-Tropez são especiais e você se sente especial de tabela. Exclusividade é a palavra certa.
(Hoje, cada canto da cidade é disputado a alguns milhares euros. Foto tirada desse link)
Mas eu digo sorte porque esse sentimento foi criado com o tempo, e poderia ter acontecido em qualquer uma das outras lindas cidades ao longo da costa francesa. Saint-Tropez ser chique é sorte. O que não quer dizer que ela também não é bonita.
Quando o dia raiou estávamos na frente da Place des Lices, a praça mais importante da cidade. Lá estão alguns dos mais importantes restaurantes e bares. É ali que acontecem apresentações musicais e teatrais em dias de festas, os tradicionais campeonatos de pétanque (uma espécie de bocha) e as famosas feiras da cidade. Sem contar que o espaço é lindo e super agradável para um bate papo sem compromisso.
(A praça des Lices é ponto de encontro da população tropesiana. O local também recebe feiras com roupas, artesanato e, principalmente, temperos, frutas, legumes e alimentos caseiros. Fotos tirada desse e desse link)
Depois passeamos pela cidade e constatamos que museu, igreja e pontos turísticos aqui são secundários. Se a cidade toda já é uma obra de arte a céu aberto, melhor aproveitá-la!
(Uma das dezenas de ruelas simpáticas)
That is the ideal Technology for the people to use in their routine life.
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