terça-feira, 19 de julho de 2011

Cidade do cinema

A jóia de Cannes é o cinema. Tanto é verdade que o turista vai à cidade procurando a sétima arte. Eu não fujo à regra. Foi pensar na cidade que imaginei placas com nomes de importantes diretores, boutiques com vestidos de gala e museus com temáticas cinematográficas.

Assim, saímos de Menton na manhã do nosso quarto dia de viagem. Abandonamos o apartamento da nossa amiga (com tudo arrumado e um pacote de biscoitos finos em cima da mesa), enchemos o tanque e pegamos estrada. Chegamos à cidade com pouco mais de uma hora de viagem. Procuramos um lugar pra estacionar que não precisasse de cupom e saímos andando.

(O belo e intransponível Palácio dos Festivais. Sim, nós tentamos entrar...)

Grande parte das cidades pelas quais passamos durante toda a viagem eram pequenas. Sair andando indiscriminadamente sem saber aonde ir não era um problema. Chegaríamos ao centro seguindo as placas e, caso nos perdéssemos, era só perguntar na lanchonete mais próxima que encontraríamos nosso caminho a poucos metros dali. Não seria diferentes em Cannes. Em alguns minutos atravessamos avenidas e chegamos ao famoso Palácio de Festivais e do Congresso, o local aonde acontece o Festival de Cannes.

Para contextualizar um pouco, o Festival foi criado em 1946 por Jean Zay, então ministro da Instrução Pública de Belas Artes. A ideia era criar um evento que pudesse competir com a Mosta de Veneza. A partir de 1955 criou-se a Palma de Ouro, o maior prêmio ao qual um dos filmes inscritos no festival pode ganhar. Desde então o evento despontou e hoje é considerado por muitos como o maior prêmio do cinema depois do Oscar. Fato é que todo mês de maio a cidade se enche de celebridades, jornalistas e turistas.


(Algumas das mãos que passeiam pelo local. Martin Scorsese e Julie Andrews)

Fora do mês de maio, o clima é outro. Mas o fim da badalação não apaga o fato de que Cannes continua vivendo da sua aura cinematográfica. A impressão que fica é que a cidade, então, se organizou para se tornar o cinema a céu aberto que ela é. Hoje, ao lado do Palácio do Congresso há uma pequena calçada da fama com as palmas de tudo quanto é artista. De Whoopi Goldberg à Clint Eastwood passando por Sharon Stone e - pasmem - Pantera cor de rosa. Ela mesma, com sua pata de quatro "dedos". Pelo caminho, alguns personagens em papelão para você colocar a cara e dar uma de Luke SkyWalker.

O Palácio recebe diferentes eventos ao longo do ano, o que torna quase impossível sua visitação caso você não seja um dos participantes. Mas não se preocupe, o cinema está "partout". Principalmente nos muros da cidade. Vários edifícios têm imagens de estrelas do cinema, algumas delas de épocas completamente diferentes, se relacionando como se tivessem "nascido" na mesma época.

(Prédio com pintura em homenagem ao cinema. Misturando Roger Rabbit e Hitchcock)

Além da película

Sempre fui contra aquela máxima que prega que para um passeio prefeito é preciso um clima perfeito. Alguns locais simplesmente ficam mais bonitos quando nevam enquanto certos pontos turísticos ganham outra cara quando o dia está chuvoso. Para uma boa experiência é preciso um monte de coisas, mas se a pessoa não tiver disposição para aceitar o que vier tudo vai ficar mais complicado. Se pensarmos com a cabeça de um fotógrafo, o dia em Cannes estava feio. Mas nada mal para o clima que o passeio começou a tomar.

Fomos subindo as ruas que levavam aos restos históricos da cidade. Pequenas igrejas, muros e fortes construídos durante a Idade Média podem ser encontrados ao longo do caminho. Lá em cima, uma praça enorme dá a ver prédios que hoje são usados pela prefeitura local e a Paróquia de São Nicolas, uma igrejinha com ares de antiguidade.

(Estátua na praça em frente à Paróquia de São Nicolau)

Mas os pontos mais velhos da cidade são poucos. No no século XIX que a cidade realmente decolou, quando a aristocracia francesa e inglesa passou a construir lindos edifícios e casas de veraneio a beira mar. Quando a população voltava para suas casas oficiais, ficavam os pescadores que moravam, em sua maioria, perto do antigo porto.

O resto de Cannes mostra o glamour do qual ela procura estar sempre envolvida. As avenidas próximas às praias apresentam hotéis cinco estrelas e cassinos luxuosos. As boutiques ao longo das ruas da cidade trazem marcas como Zara, Gucci e Louis Vuitton.

(Boulevard La Croisette, a avenida mais famosa da cidade. Foto tirada desse link)

A máscara de um homem

A parte de Cannes que ainda está intimamente ligada ao seu passado são as Ilhas de Lérins, um conjunto de quatro ilhas pertencentes à cidade. O local foi alvo de lutas entre franceses, ingleses e espanhóis durante o período medieval pelo domínio. A mais famosa delas é a Ilha de Sainte-Marguerite: lá foi aprisionado o Homem da Máscara de Ferro. Foi uma surpresa! Descobrimos isso na porta de um dos fortes de Cannes, no qual há uma réplica da famosa máscara. Quando lemos que de lá tinha saído o prisioneiro, em direção à pequena ilha francesa, ficamos sem saber se aquilo era verdade ou se era mais um cenário de filme.

("O Máscara de Ferro teria escapado da ilha de Santa Margarida para se refugiar", dizia parte da placa colocada ao lado da réplica de sua máscara, na torre de vigilância da cidade)

Fomos a uma loja que faz o passeio e a moça disse que era real e que partes do filme foram, inclusive, filmadas ali. O Homem da Máscara de Ferro foi um priosioneiro da corte francesa que, de fato, se desconhece inclusive seu nome original. A história foi ganhando amplitude e o homem tornou-se não só um dos prisioneiros mais célebres do país com também o símbolo do absolutismo monárquico. Além de todo o mistério, a ilha guarda o lindo forte de Sainte-Marguerite. Tentamos fazer o passeio, mas ele não fica é disponível as segundas-feiras. Mas nos disseram que na próxima cidade nada pára. Sequer as segundas-feiras. Saímos no final da tarde em direção à Saint-Tropez.

Um comentário:

  1. 1) Você esqueceu de dizer o QUANTO nos rodamos antes de conseguir uma vaga pro carro.
    2)Cannes e Nice nem são cidades tão pequenas assim... A gente que dá sorte que as coisas históricas estão quase todas concentradas no centro da cidade, hehehe.
    3) Adorei a foto da mão da Julie Andrews! Mas acho que você podia ter colocado a da pantera cor-de-rosa ou do Mickey também! =)
    4)Você podia ter colocado aquela foto da mulher com sombrinha de criança pra falar do tempo feio.. hehe.
    5)Qdo cê falou da coisa das marcas, lembrei daquela foto que cê tirou em frente a vitrine. Daí lembrei que não foi em Cannes! Então please, pode colocar ela no próximo post.

    Um beijo Jul!

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