sexta-feira, 22 de julho de 2011

Que balada que nada

A empolgação reinou durante a todos os quase 60 minutos que passamos dentro do carro, dirigindo de Cannes até Saint-Tropez. Desde que saímos de Clermont-Ferrand não tínhamos conseguimos ir para bares ou boates. Estávamos sempre cansadas para sair pois passávamos o dia todo andando, para lá e para cá. Visitamos construções medievais, passamos por ruas consagradas, pisamos em igrejas monumentais.

(O que a gente esperava da cidade. Foto tirada desse link)

Mas como captar os hábitos da vida no Sul da França sem parar um segundo, sendo que, OI? parte da graça do sul da França é levar a vida mansa como seus habitantes. Apesar de nunca saírmos de casa na hora planejada e de não termos feito um roteiro detalhado para cada um dos nossos dias (graças a Deus), éramos turistas frenéticas. Aquele dia seria diferente. Saint-Tropez, o feudo francês das festas, onde os jovens se reuniam para se divertir...

... só que não

Chegamos em Saint-Tropez já de noite. Durante o verão europeu o sol se põe por volta de 22h, mas como já era outubro, 20h da noite era o suficiente para não vermos um palmo a nossa frente. Assim como fizemos em Cannes, procuramos um lugar para estacionar e paramos na Praça des Lices, ponto central da cidade. É ali que se organizam feiras de frutas e quitutes típicos da cidade, aonde os mais velhos se encontram para jogar Pétanque (um jogo similar a nossa bocha), aonde os pais levam seus filhos para passear em dias de sol e aonde estavam alguns dos melhores restaurantes e bares da cidade.

(Imagem dos restaurantes medianamente acessíveis de Saint-Tropez. Foto tirada desse link)

Saímos e fomos dar uma voltinha para conhecer a vida noturna de Saint-Tropez. Uma vida noturna bem... calma, dissemos. Não vimos pessoas pelas ruas, bares lotados ou filas em boates. Na verdade, sequer vimos a porta dessas boates. Voltamos à praça e sentamos em um bar que estava consideravelmente cheio. Ficamos lá um tempo curtindo o ambiente. Perguntamos para o garçom onde estavam as festas da cidade e ele disse que, normalmente, as melhores festas ficam perto da praia.

Primeiro erro comum do turista: acreditar que as praias estão perto do centro. Não estão. Para chegar às praias gasta-se cerca de 30 minutos em uma estrada péssima e sem luminosidade nenhuma. Nos avisaram, mas resolvemos tentar mesmo assim. É foi realmente difícil chegar até lá a noite. Nem a "portuguesa do GPS" conseguiu nos ajudar. Com medo de parar em um lugar desconhecido ou de não encontrar nada a beira-mar e ficarmos perdidas, decidimos dar meia volta.

Mais uma vez na praça, explicamos que tentamos ir à praia, sem muito sucesso. Foi bom ter comentado isso pois ele disse que nessa época do ano as festas são mais escassas e sendo segunda-feira não íamos encontrar absolutamente nada na praia. Ótimo. Menos peso na consciência de termos desistido no meio do caminho.

Mas e aí? E as baladas? Não tem nada nem no centro? Fato é que a cidade como um todo fica morna depois do verão. Se em setembro ainda tem alguma coisa, em outubro a coisa diminui bastante. Até que nos fins de semana rola, pois vêm pessoas de cidades vizinhas... mas em uma segunda-feira... E então descobrimos que estávamos no lugar certo, mas na época e dia errados.

Desistir? Jamais

A gente simplesmente NÃO ia sair daquela cidade sem ir sequer pra um barzinho ser feliz. Voltamos ao porto e vimos alguns locais abertos. Sentamos no Bar du Port, um espaço super legal e arrumado. O que refletia na clientela, tão arrumada que enfrentamos olhares do tipo "o que essas turistas de all star e botas estão fazendo ao lado do meu scarpan?". Mas para quem já tinha sobrevivido à Mônaco, isso não era nada.

(Bar du Port. Chique demais para nós? E quem liga? Foto tirada desse link)

Ficamos lá um tempão, conversando, e começamos a puxar papo com or garçons. Um era lindo, mas incrivelmente metido. O outro era mais ou menos, e incrivelmente bombado. O terceiro era feio, mas incrivelmente legal. Viva o equilíbrio de forças! As pessoas iam ficando bêbadas, indo embora, e a gente foi ficando. Até que o do meio nos disse para esperar eles fecharem o bar que iria nos levar para uma boate que sabia que estava funcionando. E-b-a!

O difícil foi ter que ficar lá fora esperando eles arrumarem as mesas, guardarem as cadeiras e lavarem a calçada. Estava incrivelmente frio e enquanto a gente conversava ficava olhando para os lados e vendo se existia algum lugar mais calorosamente habitável. Estava tudo fechado.

Então seguimos o garçom até a tal da boate. Andamos pelo porto e cruzamos uma das passagens mais famosas da cidade, aonde o cheiro de peixe pode ser sentido há quarteirões de distância. Nunca iríamos encontrar o local sozinhas. Era uma porta com uma pequena placa em cima. Surpresa maior do que perceber que aquilo era uma boate gay? Problema nenhum, sem preconceitos. Só achamos engraçado a opção sexual do nosso mais novo amigo. Já tinhamos desconfiado, mas até então nada.

(Eu e Rafa na boate gay)

Ninguém dançava na pista rodeada por almofadas e iluminada a neón. Também tinham poucas pessoas a espera de bebida. Mas ficamos por lá conversando agradavelmente. E devíamos ter ficado ainda mais: quando voltamos às 2h da manhã passei a noite mais gelada da minha vida, tenho certeza! Noite lama em Saint-Tropez. Mas nada como ter histórias pra contar.

2 comentários:

  1. hehehehe. Nada como ter histórias pra contar!
    Coloca a foto de vc em frente a Louis vitton!

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  2. Hahahah! Nem vai rolar. Para matar a curiosidade, estou na frente da loja da Louis Vitton, imitando um manequim... com uma roupa que custou muitas centenas de euros menos do que a do boneco, claro!

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