Quando chegamos a Aix-en-Provence a única coisa da qual nos arrependermos foi de não termos visto fotos antes. Se isso tivesse acontecido eu gastaria mais tempo ali. Dois dias, uma semana, a vida toda. Aix é a cidade perfeita para se morar. Ela tem arte, história, modernidade. Pessoas amáveis e jovens despojados. Tem cafés, bares, lojas, praças e uma vida cultural que anda a mil por hora. E o melhor: te faz sentir especial. Não da forma como você se sentiria em Saint-Tropez, mas especial simplesmente por existir e poder estar ali. Em Aix-en-Provence, a sensação é a de que não se pode estar em lugar melhor.
O carro ficou distante do centro, no estacionamento de uma faculdade. Passamos por alguns parques e praças até chegar à cidade de fato. A arquitetura en Aix foge um pouco do estilo das demais cidade do sul da França. Ela preserva as cores quentes da região e seus prédios ao estilo beira-mar, mas acrescenta a isso uma série de construções históricas clássicas.
(Torre próxima à prefeitura da cidade. Foto tirada desse link)
A história de Aix-en-Provence talvez seja o motivo pelo qual sua arquitetura se diferencie das demais. A cidade sempre foi disputada por um sem número de culturas diferentes. Começou ainda no século IV a.C. quando uma tribo celta instalou sua capital ao norte da cidade. Em I a.C. os gregos de Marseille destruíram a cidadela celta e construíram uma vila perto das fontes de água quente de Aix, que tornou-se um entreposto seguro que garantia o comércio entre Marseille e os romanos. Uma série de tribos da Europa Central lutaram pela cidade sem obter sucesso.
(Resquícios da antiga mistura cultural)
A coisa muda no século XII, quando os condes de Provence resolvem deixar as cidades de Avignon e Arles - aonde já detiam o poder político e religioso - e construir uma nova morada. Aix ganha um novo status e se transforma na capital de Provence. E com a ida do Rei René para a cidade, ela se vê dotada de um crescimento sem precedentes. Centro cultural, centro universitário, tribunal de direito, prédios públicos...
Os que eu vi
(O cume da cidade. Foto tirada desse link)
Outra igreja que vale a visita é a Catedral Saint-Saveur. Segundo a lenda, ela foi construída em cima de um templo dedicado ao deus Apolo. O prédio reúne uma série de estilos arquitetônicos distintos. A primeira fachada, de influência românica, foi feita ainda no século XII. Mais tarde, foi incluído um muro feito de blocos. A porta é a parte mais recente do local e ganhou inspiração gótica.
(Contraste de luzes na catedral)
A outra igreja que visitamos é a Madeleine. Por causa da sua fachada, ela foi consagrada durante muito tempo como o mais belo prédio da região de Bouches-de-Rhône. Não foi possível entrar no local pois a reforma da igreja, que começou em 2006, deve terminar somente em 2013. Mas isso era o de menos. A praça dos pregradores, onde fica a igreja, é um encanto em si só.
O fonte dos pregadores, que culmina em um grande obelisco no meio da praça, sinaliza o início da região central de Aix. A praça também recebe uma feirinha em dias específicos da semana. Aliás, feiras são coisas comuns por ali. A feira de discos, CDs e DVDs fica na praça de Joana D'arc. A feira de antiquidades na rua Mirabeau. A feira de livros antigos, na praça da prefeitura. Isso para citar algumas.
(Obelisco dos pregadores. Ponto de encontro e convite para um café ali perto)
A cidade também esbanja museus e galerias de arte. Visitamos o museu histórico de Aix e ali pudemos ver dezenas de obras de arte que retratavam a cidade. Eram aquarelas e esculturas que traziam os mais distintos pontos de vista sobre a cidade. Uma exposição paralela do mesmo museu trazia as peças de artesãos representando as festas típicas e da cidade em mil bonequinhos e cenários diferentes.
Aix-en-Provence tem orgulho da sua arte. Principalmente se levarmos em conta que ali nasceram artistas tão importantes para o país quanto o escritor e jornalista Émile Zola e o pintor Paul Cézanne. Este, inclusive, é reverenciado. As camisas, chaveiros e dedais de costura das lojinhas de souvenirs levam seu nome e seus quadros estampados. O governo preserva um museu em seu nome, uma galeria de arte e a casa onde viveu de forma sagrada.
(Especialistas de todo o mundo ainda perguntam a influência da cidade nas pinturas do pós-impressionista francês. Foto tirada desse link)
Não é difícil entender porque Cézanne passou a vida toda por ali. Eu faria o mesmo. Muitos fariam o mesmo. Aix-en-Provence é uma cidade que não precisa de muito para mostrar o melhor de si.
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