terça-feira, 4 de setembro de 2012

Água, céu e cachoeira na Chapada dos Veadeiros

Viajar para a Chapada é estar em contato com a natureza. Mesmo na vila de São Jorge, não há como se esquecer que aquele ambiente faz parte de um dos espaços verdes mais importantes do país, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Seja pela quantidades de árvores ao redor do vilarejo ou pelo brilho do céu, sem interferência de qualquer luz que não venha das estrelas. E melhor do que imaginar a natureza ao redor é sair dali para ir em alguma cachoeiras ou trilha. São muitas opções e a vila tem alguns guias que podem acompanhar os turistas. Nós optamos pelos passeios a seguir:

Encontro das águas

Quando os rios São Miguel e Tocantinzinho cruzam acontece um espetáculo, que lá pelos recantos de Goiás é mais conhecido como Encontro das Águas. Depois que as águas dos dois rios se misturam ele desce pelas montanhas abrindo espaço e, apesar da correnteza, fica como uma piscina natural.

(Os mirantes mostram o caminho do rio. Na foto abaixo, uma tentativa de mostrar a amplitude do Encontro das Águas e a tranquilidade do lugar)

De São Jorge ao Encontro das Águas, só de carro. Depois que se estaciona há uma pequena trilha até chegar à "piscina", com direito a mirantes no meio do caminho que dão a ver o caminho que o rios percorrem lá de cima. O local aonde as pessoas se banham não tem cachoeira e nem correnteza forte... mas a areia dali forma pequenas prainhas ao longo do espaço. Então é só estender a canga ou a toalha e passar o dia entre a preguiça do sol e a água fria.

Morro Vermelho Águas Termais

Goiás é um estado famoso por suas águas quentes. Isso acontece porque a região apresenta grandes fraturamentos. O calor da crosta terrestre e do magma quente esquenta as águas de alguns rios e da chuva, que se infiltra com facilidade. E essa "magia" não é privilégio de quem vai a Caldas Novas.

(Piscinas de águas termais. Foto tirada desse link)

A 14 km de São Jorge está o Morro Vermelho Águas Termais. São três piscinas de pouco mais de um metro de profundidade com água a quase 33 graus. Em dias quentes, pela manhã, nem pensar. Por isso fomos a noite aproveitar o frio. Paga-se 10 reais para entrar e o visitante pode ficar quanto tempo quiser.

Oca de índios

A Aldeia da Lua fica do lado da vila de São Jorge. É uma aldeia indígena que preserva o modo de vida de tempos atrás, com rituais e apetrechos típicos. O fim de semana que viajei era os primeiros dias do XII Encontro de Culturas Tradicionas da Chapa dos Veadeiros, e a aldeia estava cheia de tribos indígenas de todo o Brasil, como os Krahô (TO), Kayapó (PA), Pareci (MT) e tantos mais.


Ali estavam acontecendo encontros para discutir questões indígenas como problemas territoriais, perdas de identidade, diferenças culturais e outros. Além dos debates com especialistas, a aldeia estava com diversas outras atividades como venda de artesanato e tatuagem, da qual a pasta é feita com uma mistura de jenipapo  e carvão.

 (Discussões ao ar livre em uma oca artificial. As originais, estavam logo ali ao lado, cheia de índios)

Queríamos muito fazer tatuagens e tentamos perguntar aos índios quanto era. Eles falavam em dialetos incompreensível, mas se ouvia um sonoro "dinheiro". Afinal, bobos é o que eles não são. Outra coisa bem engraçado era que um dos índios que falava português me mostrou as opções de tatuagem em um nokia bem moderno. Não acho que os índios têm que ficar nas suas casas distantes dos avanço tecnológicos. Mas ver aquela cena foi, no mínimo, inusitado.

A habilidade para fazer tatuagens é incrível. Eles seguravam crianças e pintavam ao mesmo tempo, sem errar. Outra coisa incrível eram as próprias crianças. Saiam correndo, com shorts ou sem roupas, todos tatuados e com apetrechos pelo corpo. Não sabiam falar nada e quando eu me aproximava para mostrar as fotos que fazia, recebia grandes sorrisos, ora de surpresa, ora de vergonha.

 (Troca cultural)

Cachoeira dos Cristais

No último dia tínhamos um dia inteiro pela frente e queríamos ver uma cachoeira. Escolhemos a dos Cristais pois além de já estar no nosso caminho de volta a Brasília, nos disseram que era linda. Arrumamos as malas, dissemos tchau à linda Vila de São Jorge, e seguimos rumo à cachoeira.

(Isso é que é vista...)

Antes de começar a caminhada tem um bar com quiosques, mesas e uma vista sem igual. É possível ficar lá o dia inteiro... mas a gente queria mesmo era aproveitar o sol e ir pra cachoeira. A trilha é médio-longa e médio difícil, pois é descida o tempo todo e está cheia de cascalhos. Mas o caminho em si já vale a pena pois a cada 50 ou 100 metros dá pra ver uma pequena cachoeira.

A última, que se chama Véu da Noiva, é incrível. Dá para nadar no lago que a cascata faz ou colocar a cabeça debaixo da queda d'água - e afastar todo o mau olhado, como já manda a superstição. A água é gelada e quando senti ela fazer os meus pés perderem o movimento eu disse "não vou entrar". Mas quem disse que eu resisto... No caminho de volta, o sol já descia entre as montanhas.

(Um banho gelado para se despedir de um fim de semana especial)

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