sexta-feira, 20 de maio de 2011

Viajando de carro

Sempre fui a favor de viagens automotivas. Se eu tivesse um semestre de férias preferia ir do Brasil ao Canadá de carro do que de avião, e parar em cada cidade que fosse encontrando no caminho. Transportes aéreos são lindos e rápidos, nos poupam tempo e nos dão a possibilidade de conhecer outros continentes sem enjoar durante um mês em um grande navio. Mas perdemos boa parte da paisagem.

(No inverno europeu, casinhas como essa são comuns são comuns pelo caminho. Foto tirada desse link)

No Brasil há uma complicação a mais: a (falta de) infraestrutura. Estradas de faixa única, pistas sem acostamento, buracos e mais buracos. Isso sem contar as pontes que parecem cair aos pedaços. Está melhorando? Sim. Mas ainda é uma vergonha nacional saber que um país que vai sediar a próxima Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos de 2016 tem estradas tão precárias. As ruas e avenidas urbanas não escapam a regra. Faça um teste: coloque um CD em um carro que o rádio não tenha anti-choque e veja quantas vezes a música vai parar ou pular por causa dos desníveis do asfalto.

Na Europa a música segue tranquila. A diferença entre um país dito subdesenvolvido para um desenvolvido (salvo exceções) é a qualidade dos serviços públicos oferecidos. Ou mesmo dos privados, já que as estradas hoje em dia estão nas mãos de grandes empresas. Elas cobram pelo seu trabalho em forma de pedágio. Mas o pedágio no velho continente vale a pena. As autovias são enormes, com várias pistas e esquemas de segurança por todo lado. Placas, asfalto lisinho e espaços com brita para "enfiar" os veículos que perderam o freio (até nisso eles pensaram!).

(E em 2010 a União Europeia ainda apresentou um plano para diminuir pela metade o número de mortes em suas estradas. Foto e matéria retiradas desse link)

E para quem não quer pagar pedágio, a estradinha antiga não foi destruída. Ainda está lá. Em quase todos os países europeus o condutor tem a opção de passar pela grande via, mais movimentada, maior, mais rápida, ou pela "estradinha", menor, mais escondida, mas igualmente boa. E as pequenas vias europeias tem qualidade superior a muitas das estradas brasileiras. Sem contar o visual...

A primeira boa experiência aconteceu em 2008, quando viajei a Portugal com minha família. Fomos do Porto até Lisboa de carro, parando aonde queríamos e dormindo em algumas cidades no meio do caminho. A qualidade das estradas impressionaram desde o primeiro minuto. Mas o prêmio ficou mesmo para a paisagem, principalmente no Vale do Rio Douro. A passagem estreita e cheia de curvas deixava a vista a capacidade dos portugueses de fazer da terra seu ganha-pão. Como o país é pequeno, cada pedacinho do campo era bem aproveitado. O resultado são morros com curvas de linha de vinhedos e oliveiras de cima a baixo. Uma das imagens mais bonitas que já vi na vida.

(Na primavera, a paisagens fica toda colorida pelas flores)

A segunda foi durante o intercâmbio, quando organizamos uma caravana brasileira, rumo à Oktoberfest. 14 horas de viagem, grande parte a noite, para chegar a Munique, na Alemanha. Como contei no post sobre essa viagem, o país chega a ter uma placa que significa "limite de velocidade não estabelecido". Só em estradas muito seguras - e, principalmente, com um povo que tenha noção - é possível colocar isso. Conduzimos ao lado de carros importados a 240 km/h e não vimos, nem na ida nem na volta, acidentes ou problemas.

Bem impressionadas com a experiência alemã, eu e mais duas amigas brasileiras alugamos um Twingo e viajamos pelo Sul da França. Além da certeza de uma boa estrada, o carro nos daria a liberdade necessária para a nossa ambição: 8 cidades em 7 dias. O outro ponto positivo era o preço. Alugamos o carro por 245 euros durante uma semana. O problema era só o dinheiro. Apesar do preço irrisório, teríamos dar uma caução de 1.200 euros. Demos um cheque sem fundo com 600 (#malandragem. Mas eles sabiam...) e dividimos o resto nós três. Na sexta-feira pela manhã deixamos Clermont.

(Uma amostra da vizinhança do nosso carro. Cidades antigas e casinhas de pedra apareciam de hora em hora)

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