quinta-feira, 22 de julho de 2010

O processo seletivo

Acho que fiquei sabendo da existência dessa coisa chamada intercâmbio no 7º ano do Ensino Fundamental. Desde então quis experimentar. Mas, aos 13 anos, tinham outros fatores em jogo além da minha vontade. Para ser mais exata, os outros fatores que estavam em jogo eram a vontade dos meus pais. Eles nunca iam deixar eu morar no exterior. No Ensino Médio alguns amigos viajaram e insisti com mais força, mas ainda parecia cedo.

Quando entrei na faculdade já tinha a intenção de tentar o processo seletivo. Tanto que assim que consegui meu primeiro estágio já comecei a juntar dinheiro com esse objetivo. Minha ideia? Se meus pais não quisessem me bancar, eu pagava. Iria de qualquer jeito.

Comecei a estudar francês no 1º período da faculdade. Jamais tinha pensado em fazer intercâmbio para a França, só queria aproveitar os preços do curso e o tempo livre para aprender uma nova língua. Com o tempo - e a certeza de que o número de pessoas que tenta intercâmbio para países de língua inglesa é bem maior - a França se tornou uma boa opção.

Preparação

A história começa mesmo no início do 5º período. Além das três horas de francês por semana, eu e uma amiga decidimos fazer francês decidimos pagar um professor particular para nos prepararmos para a prova de proficiência em francês. Ou seja, mais duas horas por semana, fora os vários exercícios que fazia em casa. Foram três meses até a prova. Na UFMG, o processo seletivo para o intercâmbio começa com a prova de proficiência. Durante o semestre há cerca de três datas para as provas. É necessário fazer no mínimo 70% da prova para passar à próxima etapa.

Com a nota nas mãos, o aluno precisa escrever uma carta de intenção, em português mesmo. Cada aluno pode fazer o processo para duas universidades diferentes, não necessariamente países que falam a mesma língua (lembrando que, nesses casos, o aluno precisa ter passado nas provas de proficiência das duas línguas).

A carta deve contar aos seus examinadores porquê você tal universidade, tal país, quais são seus objetivos acadêmicos etc. Ponto importante: eles não querem escutar que você está indo pois quer aprender outra língua ou entender melhor uma nova cultura. Isso é óbvio, todo vão fazer isso. Eles querem saber porque você, como estudante, merece ir a tal universidade cursar um período de faculdade. Recorri a professores e alunos que já tinham ido para lá e todos indicaram entrar no site das universidades que eu quisesse entrar e olhar nome dos professores, das matérias, grupos de estudos e outros pontos que pudessem me guiar. Os examinadores gostam quando o aluno cita uma coisa diferente mostrando que ele está interessado e pesquisou bastante.

Carta de intenção + formulário com informações pessoais + histórico escolar + currículo com estágios e atividades ao longo do curso são entregues no colegiado. O histórico escolar é necessário pois o aluno que tenta intercâmbio precisa ter boas notas durante todo seu trajeto na universidade. Em uma escala de 0 a 5, o mínimo é 3,5.

Com a carta aprovado, o aluno é avisado sobre a sua entrevista. Apelidada carinhosamente por mim como "fase do terror". Em um certo dia e hora você deve ir a uma sala aonde 1, 2 ou até 3 pessoas te esperam para conversar sobre seu intercâmbio na língua do país que você escolheu. E se você tentou duas universidades serão duas entrevistas.

Na aula de francês, eu e minha amiga nos preparamos bem. Escrevemos em um papel as possíveis perguntas e respostas, corrigimos e recitamos diversas vezes. Cheguei a colar na porta do meu armário para ler a noite, antes de dormir. As perguntas básicas que eles costumam fazer são:

- Por qual motivo você escolheu esse país e essa universidade?
- O que você vai levar do Brasil e da UFMG para esse destino?
- E o que você vai trazer de lá? Qual será sua contribuição?
- Qual é sua situação financeira?

As respostas devem ser baseadas sempre nos seus objetivos acadêmicos. É sempre um momento de tensão.

A resposta saiu um mês depois, no meio do ano passado. Eu e mais duas amigas tentamos as universidades Paris X - Nanterre (em Paris) e Blaise Pascal (em Clermont-Ferrand). Passei para a segunda opção. Nem acreditei quando vi meu nome: eram 15 pessoas para 5 vagas. Passei em 5º. Devo ter ficado tão ou mais fiquei do que a pessoa que passou em 1º. Era um sonho realizado! Ia passar 6 meses em solos estrangeiros! Uma amiga minha passou comigo também. A Gabi, que estava fazendo aula de francês, infelizmente não passou.

Claro que foi ruim, mas ela soube dar a volta por cima como ninguém: trancou a faculdade por seis meses, arrumou a mala e se mandou para Paris. Viveu lá durante 5 meses com uma tia e contou tudo no blog Paris é uma festa. Ela voltou faz pouco tempo contando "marravilhas" de lá!

(Gabi, uma perfeita flâneur. Foto tirada desse link)

O post termina aqui, mas se alguém tiver alguma dúvida ou quiser alguma dica é só dizer! No que eu puder ajudar - da escolha da universidade a "cola" das respostas para as perguntas da entrevista - estou aí! E se alguém já tiver tentado ou estiver tentando intercâmbio, aproveite o espaço para contar como foi sua experiência!
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P.S.: quanto aos meus pais, assim que disse que ia tentar intercâmbio universitário perguntei para o meu pai: "se eu passar, você me deixa ir?". E ele, sem titubear: "Não". Tentei mesmo assim. Já estava disposta a cultivar dívidas para me bancar, mas ele foi se acostumando com a ideia e, no fim do semestre, já perguntava como era o esquema, o que precisava, quantos meses seriam e tudo mais.

Um comentário:

  1. Eu quero!!!
    Mas já comecei com um pqno gde problema caso eu queira mesmo ir pra Argentina (Londres, por exemplo, seria mt mais legal, mas por vários motivos tento não pensar mt)... Meus horários e os do Cacs não tão batendo... Acho que vou seguir seu conselho e ver se consigo alguma coisa na Letras... Aproveito e já arrumo um eletiva!

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