segunda-feira, 14 de março de 2011

Essa alegria de fazer um carnaval

14 pessoas. 1 casa de 3 quartos. Muita chuva. 7 fardinhos de cerveja por dia. 1 jogo onde quem erra bebe. 6 quilos de carne para churrasco. 5 dias de muita festa. Números que ilustram perfeitamente como foi o meu carnaval esse ano.

A organização começou de forma conturbada. Desde janeiro a certeza era uma: praia. A cada semana o número de pessoas que aderia o grupo mudava. Alguns encontravam uma casa ali, outros desistiam de uma viagem aqui, e no final éramos 6 pessoas a procura de um apê na costa carioca (sul ou norte pouco interessava).

(Sala de casa. Detalhe para o pano bege pendurado na porta: uma cueca encontrada no banheiro - que virou nosso estandarte)

Uma semana antes do carnaval e uma semana antes de fechar o apê, pequeno mas sincero, alguns amigos quiseram dividir o "aluguel" pois o feriado já era na próxima semana e eles ainda não tinham arranjado nenhum lugar para ir. Voltamos atrás e encontramos uma casa em Capitólio à R$ 1800. Dois dias depois mais quatro pessoas entraram no esquema, o que daria cerca de R$ 130 para cada um. Negócio fechado.

Duas cidades em uma só

Capitólio é uma cidade simples que fica cerca de 300 km de Belo Horizonte. A grande atração do local é mesmo o Lago de Furnas, também conhecido como "Mar de Minas". O lago é a maior extensão de água do estado. Ele abrange 34 municípios e traz cachoeiras, cânions e belas paisagens naturais. Outro ponto alto da cidade é o bairro Escarpas do Lago, que começou a ser construído em 1978 e, no lugar da simplicidade, seus proprietários ergueram casas de arquitetura trabalhada e design de luxo. O resultado são construções requintadas e vizinhança rica.

(Igrejinha de Capitólio. A construção mais bonita da cidade)

Nossa situação era bem diferente: nos instalamos em Capitólio mesmo, a um quarteirão de distância da igreja da cidade. Éramos 14 pessoas dividindo um casa com sala, três quartos e um banheiro. Tenho um amigo que tem a teoria de que, no carnaval, quanto pior melhor: quanto pior sua casa mais as pessoas vão rir da situação, quanto mais tontos seus amigos estiverem maior a probabilidade de boas histórias, quanto mais feia a menina que você ficar for maiores as chances de você se tornar o melhor do grupo. E por aí vai...

Por um certo lado, ele tem razão. No Brasil, o Carnaval é aquela época do ano em que queremos curtir, esquecer os problemas e cair na farra. Se as coisas não vão bem, ok, agora é a hora de se desligar e aproveitar. As preocupações a gente deixa em casa. Não que eu ache que o feriado seja um motivo para se fazer o que quiser, beber todas, dar vexames ou ofender as pessoas. Quem faz isso sempre fica com ressaca moral. Mas casa ruim e tempo chuvoso não é motivo para não curtir e até rir da situação.

A festa

A verdade é que nos divertimos à beça. O dia começava às 12h, ainda cansados do dia anterior. Depois de tomar café da manhã a pão de sal, margarina e presunto, alguns se organizavam para para comprar a comida do dia enquanto outros já abriam uma latinha de cerveja. O som acordava com a gente: em menos de 20 minutos o mini alto falante já espalhava música por toda a casa.

Trocávamos de roupa e íamos para a garagem da casa. Enquanto o churrasco começava o grupo da bebedeira fazia uma rodinha e ficava jogando conversa fora. Uma hora ou outra, alguém pedia o baralho. Começava o sueca, um jogo em que cada carta aberta representava uma ação envolvendo um ou mais goles de bebida. A melhor carta é o 10: no primeiro as pessoas não podem falar "não" ou "num. No segundo ninguém pode dizer nomes ou apelidos. No terceiro ninguém pode apontar e, no quarto, não se pode pegar o copo com mais de três dedos. Era a carta campeã de vacilos e, por causa dela, todo mundo ficava bêbado.

(Festa na rua)

Choveu TODOS os dias. Algumas pancadas fortes e alguns momentos de sol, mas na maior parte do tempo o que a gente ganhou foi uma chuvinha insistente. Pelo menos nas tardes dos dois primeiros dias a festinha na praça da igreja estava ótima. Som alto e muita gente na rua. Dançamos e pulamos até anoitecer. Nos outros dias acabamos passando a tarde em casa, comendo, cantando e rindo.

Depois do revezamento de banhos, saíamos de casa, por volta da meia noite. A chuva dava uma certa desanimada, mas os ingressos para o Carnapitólio estavam pagos e... carnaval é festa. E os shows foram ótimos! Muito axé, algum pagode, um pouco de funk. Eles eram realizados na prainha de capitólio, onde foi montado uma estrutura com tendas, barraquinhas de comida e bebida e palco de shows. Por causa da chuva, o chão estava um lixo: brita, pedras, areia e poças d'água. Compramos até capa de chuva.

Alguns problemas aconteceram e a organização do evento falhou feio. O show do Rick e Ricardo no segundo dia não existiu (o que me deixou bem feliz, na verdade) e o show do Alexandre Peixe, no quarto dia, começou às 7h da manhã e durou 40 minutos. No mais, as bandas que tocaram eram ótimas e pulamos até altas madrugadas. Na volta pra casa, muito cansaço e algumas pessoas ainda no pique, muito bêbadas. E garanto que essa era a rotina da maioria dos turistas por ali.



(Festa a noite com show da banda Chicafé. A capa de chuva ficava dobrada, no bolso do short, pronta para ser utilizada)




No ano passado fui para Diamantina e passei um ótimo carnaval. Em Diamantina há todo um clima, uma aura diferente. Pessoas vêm de todo o país (e até de outras parte do mundo) para curtir aquela que é uma das melhores festas de Minas Gerais. Para quem não gosta de muvuca, porém, a cidade é o caos. 30 minutos é o tempo que se gasta para andar 10 metros no meio da praça onde se realizam os shows. Em Capitólio a coisa muda e eu, particularmente, prefiro. A bagunça é menor e há mais espaço para dançar e curtir com os amigos.

Um comentário:

  1. O post foi maravilhoso. Mas a conclusao foi pessima! Diamantina melhor carnaval do Mundo hahahahahaha

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