segunda-feira, 21 de março de 2011

BH foi tomada pelo verde

Quem tentou passar pela Savassi na tarde de sábado encontrou carros a 0 km/h devido ao trânsito e teve de esperar de 30 a 60 minutos para atravessar o bairro, um dos mais típios de BH. Sofreu mesmo quem estava só de passagem, já que a maioria das pessoas ia ficar por ali para aproveitar o St. Patrick's Day, ou Dia do São Patrício.

(Turbilhão de pessoas. O verde reinava absoluto)

O santo que levou um número de pessoas assustardor para as ruas nem é brasileiro. Padroeiro da Irlanda, São Patrício foi o responsável por levar a religião católica àquele país. Muitos dos símbolos irlandeses, como o trevo e a cor verde, foram criados devido ao santo, que usava a planta para explicar a Santíssima Trindade. Na Irlanda, 17 de março é feriado nacional, que eles comemoram se fantasiando e bebendo muita cerveja. Aqui, nada de feriado. O resto...

Sobrou festa

Durante toda a semana, a festa foi o assunto. Escutei dezenas de pessoas falando que iam, discutindo o ponto de encontro e pesando em qual roupa (verde) iriam usar. A maior dificuldade era saber em qual festa ir. O primeiro evento do tipo em Belo Horizonte aconteceu em 2007, em uma parceria entre BH Rugby e a cervejaria Frei Tuck.

Esse ano, o BH Rugby fechou com o pub Major Lock. A festa seria celebrada na Av. Getúlio Vargas, de 14h às 22h. Barracas venderiam cerveja (além da típica cerveja verde) e comidas: pizzas irlandesas. Um palco seria montado e contaria com a apresentação de DJs e bandas, algumas tocando música celta. O traje verde seria item obrigatório. Caso contrário os gnomos verdes contratados pelos organizadores te dariam beliscões.

(Palco na Getúlio Vargas. A noite, luzes verdes iluminavam o ambiente)

A cervejaria Frei Tuck, por sua vez, montou sua tradicional festa no endereço de sempre: Rua Andaluzita, esquina com Av. do Contorno. Além do tradicional chopp Walls verde, muita música celta e rock and roll. Para os apreciadores da boa festa (ou para os ricos mesmo) dentro do Frei Tuck seria montado uma área VIP. Pagando 100 reais o cliente teria direito a uma camisa do evento, amplo cardápio e 60 reais convertidos em consumação.

Dia Verde

O fato é que, independente da festa, parecia que todos os jovens de BH estavam ali. Acompanhados também pelos adultos, idosos e etc. A Polícia Militar estima que mais de 35 mil pessoas tenham passado pela Savassi. Que a divulgação foi boa, isso não se discute. O problema foi exatamente esse: divulgação demais, adesão demais e, na hora do "vamo vê" uma organização pouco eficiente.

(Grupo de amigos se diverte: roupas verdes, chapéus e suspensório. O pote de ouro, no caso, era a cerveja)

A festa estava programada para ocupar a Getúlio Vargas, entre as ruas Paraíba e Rio Grande do Norte. O movimento, porém, foi até a Pernambuco e as grades colocadas no local foram retiradas em poucas horas de evento. O movimento se alastrou também pelos bares, lojas, shoppings e ruas da Savassi. Mesmo a quilômetros de distância era possível encontrar grupos de pessoas verdes no caminho. A cerveja era um problema: uma fila enorme para pegar a ficha, outra maior ainda para pegar a cerveja (e quem tentou comprou no barzinho mais próximo, bebeu quente). A famosa cerveja verde era cara: 4 do chopp + 5 da anelina. Que não tinha gosto de nada. Gnomos? Naquele mundo de gente quem viu um já ficou feliz. E aqueles que comeram a pizza não viram lá grande diferençe entre a brasileira e a irlandesa.

O sucesso da festa é flagrante: BH ainda é uma cidade carente de grandes eventos. Há muitos shows, bares e festas, mas a maioria em espaços fechados. Quando há festivais e mostras em espaços abertos, é para um público específico. Não temos um Carnaval ou uma Semana Santa. Nos grandes feriados todos viajam, pois sabem que a cidade não oferece muitas opções. O St. Patrick's Day foi o contrário: um evento aberto, para todos. Ninguém esperava encontrar 35 mil pessoas por ali. A inexperiência e a crença na ideia de que o belorizontino não "sai à rua" podem ter sido, nesse caso, o motivo para os erros.

(Meia colorida e cachimbo na boca. Quem quis entrou no clima da festa)

Para muitos, a festa foi péssima. Muita muvuca e pouca bebida. Por isso, optaram por trocar de festa. Há alguns metros dali, a rua Andaluzita trazia algo similar. O problema é quando muitas pessoas pensam na mesma coisa ao mesmo tempo... Ainda assim, quem ficou no evento do Frei Tuck afirma que o local estava mais agradável.

Para outros, entretanto, um ótimo evento. Quem aproveitou fazia parte do grupo dos "auto-suficientes", aqueles que levaram a própria bebida e encontraram um cantinho legal pra ficar. Afinal, cerveja, amigos e show de graça é uma mistura que não tem muito erro!

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