sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Viagem é notícia

Viagem é notícia. Então porque eu sou o único editor de viagem nessa grande rede de informações? As pessoas me conhecem por causa das viagens. Mas o erro clássico que todas comentem – um erro bem intencionado – é quando elas me perguntam, “quando você mudou de jornalismo para viagem?”

(Viagem é notícia. Seja qual tipo de viagem for... Foto tirada desse link)

E eu tenho de dizer: “Pare agora mesmo. Eu nunca deixei de ser um jornalista. Eu simplesmente apliquei as minhas técnicas de apuração jornalísticas para uma das maiores indústrias de todo o mundo, uma indústria que não tem sido devidamente coberta”. Você sabe o nome do editor de viagem da NBC, da ABC, da CNN ou da FOX? Você não sabe porque eles não têm um.

Nem sempre foi assim. Durante sete anos eu fui correspondente internacional para o Good Morning America, da ABC. Nos 14 anos seguintes eu fui o editor de viagem para o The Today Show. Nos últimos dois anos eu tenho sido editor de viagem para o CBS News, informando os programas The early Show, The evening News e CBS Sunday Morning. Em um ponto, ABC, NBC e agora CBS tiveram um editor de viagem e – difícil de acreditar – era a mesma pessoa!

O turismo é a maior indústria do mundo se você considerar que ela contribui com mais de 9,5 porcento do PIB nacional. Ela fornece a maioria dos empregos, ela cria a maioria dos postos de trabalho. É singularmente responsável pelo PIB de cerca de 90 países. E, ainda, as pessoas pensam que “editor de viagem” significa “editor de férias”.

Acredite ou não, viagem é notícia. A palavra “viagem” transcende a demografia. Não há “demos” que se habilitam a viajar. Se você me colocar no elevador com um dos 500 mais importantes executivos do mundo e um zelador, nenhum deles vai me deixar sair de lá antes de fazer algumas perguntas. E o interessante é que, normalmente, é a mesma pergunta contada de uma perspectiva diferente.

O ponto chave é: as pessoas não acham que viagem é notícia a não ser que um vulcão entre em erupção na Islândia e o sistema de transporte seja desligado. Ou que aconteça um vazamento de petróleo no Golfo que não possa ser financiado pelo sistema educacional porque ele foi baseado nas taxas de ocupação de resorts que as pessoas já não estão visitando. É nesse ponto que podemos começar a ligar os pontos. Mas as pessoas só ligam os pontos por 30 segundos, e então voltam a pensar que editor de viagem significa editor de férias.

Se você olhar historicamente para os editores de viagens dos jornais, e é triste dizer, mas em muitos casos, vai descobrir que era alguém da mesma cidade que eles não quiseram demitir. Então disseram: “seja um editor de viagem”. Porque mesmo os jornais olhavam para a seção de viagem de domingo como nada mais que propaganda de veículos – vamos colocar essa pessoas em algum lugar onde ele não pode estragar tudo e fazer dele um editor de viagem porque eles dizem coisas boas sobre todos nós.

Antes de 11 de setembro, a maioria desses editores de viagem ainda estavam debatendo se houve grandes promoções em Maui. Não é disso que eu falo. Se eu falar sobre um acordo de viagem, será em um contexto diferente – o mercado de ações caiu 600 pontos e as pessoas não têm trabalho. Como isso afeta o preço das passagen? Você pode mesmo se dar ao luxo de viajar? E então eu explico o verdadeiro poder da viagem e que, apesar da economia difícil, o fato é que a viagem ainda está em vantagem e os negócios la fora ainda existem. E este é o lugar aonde você pode obter tudo isso, porque os outros países têm seus próprios colapsos econômicas e se você for para esses países, seja Grécia, Portugal, Irlanda, Islândia, você vai realmente se beneficiar. É por isso que eu vou começar a falar de grandes promoções em Maui.

O dia 11 de setembro teve um grande efeito na forma como viajamos e, em muitos casos, para onde viajamos, mas eu ainda estou surpreso que ainda tenha apenas um editor de viagem nas redes. De um ponto de vista de auto-serviço, eu estou feliz por ser o único cara na cidade. Mas isso não faz sentido, porque o turismo é a segunda maior empresa em muitas cidades do mundo.

O maior contato da maioria dos tomadores de decisão na midia de hoje – isso não diz repeito a uma só rede – é “eu devo ou não devo ir para Hamptons neste fim de semana?”. E é difícil – agora é menos difícil para mim, mas foi difícil começar – convencer as pessoas que realmente haviam boas histórias lá fora que não tinham nada a ver com negócios.

Este post foi adaptado de uma entrevista com Julie Moos, realizada quando Peter Greenberg visitou Poynter em 11 de agosto de 2011

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