domingo, 28 de fevereiro de 2010

Tremores a vista

Na madrugada de ontem, dia 27 de fevereiro, um terremoto de 8,8 graus de magnitude na escala Richter atingiu o Chile. Um tremor de terra desse nível é considerado muito forte e pode causar sérios danos num raio de centenas de quilômetros. E foi exatamente isso que aconteceu: na tarde de ontem, a Polícia Civil e o Corpo de bombeiros da cidade de São Paulo receberam ligações na tarde de ontem de pessoas que sentiram tremores, possivelmente, reflexos ndo terremoto.

(Sacada de hotel cai em cima de carro, no Chile. Foto tirada desse link)

A pouquíssimo tempo atrás, no dia 12 de janeiro, era o Haiti quem sofria com um abalo de 7 graus de magnitude, o suficiente para provocar graves danos em zonas mais vastas. O epicentro do terremoto foi a 15 quilômetros da capital Porto Príncipe. Segundo o geólogo britânico Roger Musson, o país está localizado em uma falha geológica que vem acumulando energia a mais de 250 anos.

No Haiti, o número de mortos ultrapassou os 200 mil, sem contar os milhões de feridos e desabrigados. Cidades como Gressier e Carrefour tiveram uma destruição de 40 a 50%. Leogane, com cerca de 134 mil habitantes, foi a mais afetada: 90% da cidade foi destruída. No Chile, mesmo com um terremoto mil vezes mais forte, o número de mortos até agora ultrapassa os 300 e, em uma análise negativa, vai chegar no máximo a mil pessoas.

(Militares atendem feridos. Desde 2004, o Brasil assumiu o cargo de coordenador da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti. Algumas dezenas de brasilieros, muitos que serviam na missão, também morreram durante o terremoto. Foto tirada desse link)

Por quê? A chave da resposta está na união entre conhecimento, dinheiro e infraestrutura. Pensem bem: se um desses três itens forem tirados da lista, não há qum passe imune a um abalo sísmico dessa magnitude. Se o país tiver conhecimento e dinheiro, mas ainda não tiver uma boa infraestrutura para suportar terremotos, nada feito. Se ele tiver dinheiro e capacidade de construir uma boa infraestrutura, mas não tiver conhecimento sobre as falhas geológicas e possíveis terremotos que o país pode sofrer, ele não vai gastar dinheiro para fabricar prédios seguros. Por fim, se ele tiver conhecimento e disponibilidade para realizar obras que melhorem a infraestrutura de suas cidades, mas não tiver dinheiro... bem, vocês sabem o que acontece.

Tanto o Haiti quanto o Chile são países que estão situados em áreas de instabilidade. E ambos sabem disso. A principal diferença entre eles começa na palavra dinheiro. O Chile é o emergente da América do Sul. Rico, o país possui regras rígidas para a construção civil. As construções são feitas com estruturas de aço capazes de conter parte do impacto e apresentam locais para as pessoas se refugiarem. O máximo que se vê nas fotos e vídeos registrados país a fora são prédios danificados e estradas esburacadas.

No Haiti, a destruição é total. Por ser a nação mais pobre das Américas, as prioridades do país são bem diferentes. A fome, a educação e a saúde são problemas diários e, para um país pobre, é mais urgente cuidar disso do que da construção de prédios com estruturas estáveis.

(Uma cidade destruída. Habitantes que ficaram desabrigados andam a procura de ajuda e de um lugar para ficar. Foto tirada desse link)

Outro agravante para a disparidade com que os tremores destruíram esses dois países foi a distância do epicentro do terremoto às cidades populosos. No Chile, o epicentro aconteceu a perto de Maule e de Bio Bio, cidades pouco populosas. O terremoro se alastrou por cerca de mil quilômetros ao longo do Chile e, mesmo causando estragos em cidades como Santiago, a 300 quilômetros do epicentro, a força dos tremores já estava menor ao chegar lá. No Haiti, por sua vez, o epicentro estava a 15 quilômetros da capital, uma região super populosa que sofre da ocupação desordenada no seu território.

E o turismo, como fica?

O Haiti não era um país muito procurado por turistas. Em uma nada rápida pesquisa pelo google, achei pouquíssimas coisas sobre turismo no país. O Chile, por sua vez, é uma país que atrai cada vez mais pessoas. Com a Cordilheira dos Andes como plano de fundo, a capital Santiago é uma das cidades mais modernas da América do Sul e oferece uma infinidade de pontos turísticos para quem quer passear. Outros destinos chilenos também são amplamente procurados e visitados, como o deserto do Atacama, as estações de esqui e as belezas naturais (e gélidas) da Patagônia.

Com o terremoto, os turistas ficam apreensivos. Na manhã do dia 27 dezenas de turistas já procuraram suas embaixadas para deixar o país. Como os abalos danificaram alguns aeroportos, a entrada e saída do país esá prejudicada e deve continuar por algum tempo, até que reformas sejam feitas. Há grandes crateras em importantes estradas do país e algumas construções também foram danificadas.

Por agora, o movimentos turístico no país deve diminuir. Se as reformas começarem rápido, em poucos meses o Chile já estará como antes. Inclusive, economistas afirmam que há uma grande possibilidade de o peso chileno sofrer uma queda, já que as atividades econômicas estarão com sua produção debilitada. Em um futuro não muito distante, o Chile voltará a ser amplamente visitado e, quem sabe, com um custo menor.

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