sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Em Paris, sem dinheiro

Durante meu intercâmbio, fui três vezes para Paris. A primeira foi antes mesmo de chegar à Clermont. Eu estava com meu pai e esse fato muda completamente o tipo de viagem. Afinal, ele pagava tudo! Passei três dias na cidade luz dormindo em um ótimo hotel, comendo em restaurantes modestos - mas gostosos - provando os deliciosos macarons, experimentando um monte de guloseimas e visitando um sem número de lugares. E ainda sobrou tempo para comprinhas nas Galeries Lafayette.

(Na minha primeira passagem por Paris comer na Champs Elysées não era um empecilho)

O trajeto que fiz com meu pai está descrito nos posts "O que fazer em Paris" Parte 1 e Parte 2, mas com algumas mudanças de roteiro como, por exemplo, uma visita ao Centre George Pompidou, que eu era louca para conhecer, e ao Musée D'Orsay, que se tornou meu preferido.

A segunda passagem por Paris foi bem diferente... Era novembro e estávamos pensando em qual seria nossa viagem de final de ano. Clermont é uma cidade universitária e estaria vazia na época do natal pois os estudantes - estrangeiros e franceses - já teriam voltado para passar as festividades com suas famílias. Foi quando a Fafá disse que queria muito ir à Paris e que essa talvez fosse a única oportunidade... Além disso, meu amigo de colégio que estava na Alemanha ia viajar com a gente e ele, que estava no seu segundo ano de intercâmbio e já conhecia mais da metade da Europa, também nunca tinha ido para Paris (OI?). Estava decidido.






(Natal em Paris... não esperávamos nada menos que uma Torre Eiffel colorida e uma cidade cheia de pisca-piscas e árvores enfeitadas (com neve de verdade). A parte dos presentes e da família reunida... bem... deixa pra próxima ne?)






No dia 24 de dezembro, às 5h da manhã, Eu, Fafá e Tissi saímos de Clermont. A primeira diferença entre a viagem com meu pai e essa aventura de universitários pobres foi a hospedagem. Com meu pai fiquei no Ibis próximo à Torre Eiffel, com direito a um café da manhã recheado de croissants, brioches, queijo brie e suco de laranja natural. Para essa viagem, procuramos o albergue mais barato, sem se importar com localização ou comida. O meu maior aliado foi o Hostels Club, o site em que encontrava as melhores opções pelos melhores preços. Foi assim que reservamos o Hostel Blue Planet, no 12º arrondissement de Paris, bem longe de... quase tudo. Mas pertinho da Gare de Lyon, onde descemos de trem.

O preço da diária em quarto coletivo com café da manhã incluído era de 16 euros. Paris, no natal, por 16 euros? Não pensamos duas vezes. Chegando lá, tivemos a sorte de ter um quarto com três camas sobrando e ficamos juntas, com muita segurança e sem receio de assaltos. Os colchões eram meio sujos mas quarto era quentinho. Já o banheiro era uma porcaria. A porta não fechava direito, a ducha era péssima e o ralo estava entupido. Descobrimos que o café da manhã era, na verdade, três fichinhas. Duas para tirar croissants de uma máquina de produtos semi prontos e outra para pegar café na máquina de bebidas. De toda forma lucro, pois os hostels mais caros nem isso serviam.











(A esquerda, o espaço para café da manhã do Ibis. A direita, o espaço para café da manhã, almoço, jantar, cozinha, sala de convivência e sala de TV integradas do Blue Planet. Foto tirada desse e desse link)

Como em todo albergue, a cozinha/sala era a alma do local. Conhecemos um monte de gente e um grupo enorme de brasileiros. Foi quando senti outra grande diferença: em viagem com a minha família é raro conhecer alguém e ficar horas de papo, muito menos abrir mão dos passeios programados para se aventurar com uma turma que você nunca viu. Vida noturna então nem pensar. Dessa vez, resolvemos aproveitar a companhia dos hóspedes ilustres em alguns programas (e eles a nossa, já que ninguém falava francês).

Pelo visto, usamos bastante a cozinha do albergue. Claro. Comer e beber em Paris é sempre um grande desafio financeiro. Já no primeiro dia gastamos duas horas em um supermercado e compramos a ceia de natal (uma lasanha de microondas bem baratinha, para ser mas específica), sopas, legumes em lata e pratos semi-prontos de acordo com as refeições que faríamos dentro do hostel. Para as poucas refeições que faríamos fora do albergue, a opção era a famosa baguete.

Uma vez almoçamos no Flunch, um de fast-food com comida de verdade. Cada coisa tem um preço, sendo que o prato do dia é 6,50 euros. Por esse preço você paga a carne e, depois de passar a roleta... voilà: os acompanhamentos podem ser servidos a vontade. Saladas, arroz, macarrão, batata frita, legumes... Claro que a gente exagerou e passou umas duas horas com a sensação de estômago cheio.

(Croque Monsieur. Adivinhem em qual das viagens comi essa maravilha?)

Com meu pai foi tudo diferente. Nesse post, que fiz lá de Paris, dá pra perceber que comer e beber foi realmente delicioso. Gastamos de 15 a 20 em cada refeição, bem tipicamente francesa. O garçom trazia uma cestinha com pães e uma garrafa d'água. Depois chegava a entrada e então o prato principal. A sobremesa a gente comia longe dali. No último dia experimentei o famoso Berthillon, considerado o melhor sorvete da França.

Por último, as compras. As únicas coisas que comprei nessa viagem foram um chapéu para tampar minhas orelinhas do frio e um porta vinhos que a gente ia dar de presente para o nosso anfitrião em Sevilha. Mais nada. Que eu me lembre cada uma de nós comprou um chapéu e esses souvenirs bestas de toda viagem, como cartões-postais, chaveiros, canecas. Ninguém comprou blusas, cachecóis, livros... sequer comida boa. Então porquê gastamos um bom tempo olhando lojas?

(Me diz pra quê, Tissiane, passamos uma hora no Marché de Nöel do La Defense?)

Para além das diferenças, a nossa viagem para Paris contou com uma triste ceia de natal, companhias agradáveis, passeios inusitados, mendicância e um par de boas risadas. Ela era só o começo da nossa viagem de fim de ano que eu começo a contar agora!

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