segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A saga para entrar no Rock in Rio

Cansada, mas empolgada. Era como eu estava quando peguei o ônibus que me levaria até o Rock in Rio. Já eram 18h e estava com os pés doendo de tanto andar. Também já tinha perdido o show da Joss Stone, um dos que mais queria ver depois de Jamiroquai. Mas nada seria motivo suficiente para me desanimar.

Chegamos à Cidade do Rock em 40 minutos. Depois de mais um quilômetro e meio de caminhada até a entrada do festival. Paramos ali para esperar a minha amiga com os ingressos. Do lado de fora, o som da Orquestra Sinfônica Brasileira chegava aos ouvidos. Eles fizeram um concerto especial, cheio de convidados, para homenagear a banda Legião Urbana. Dali, a única coisa que conseguíamos ver era a roda gigante construída especialmente para o evento. Se o brinquedo era daquele tamanho, imagina o resto do espaço.

(A Cidade do Rock foi feita para receber cerca de 100 mil pessoas a cada dia. Foto tirada desse link)
(Passo a passo. Foto tirada desse link)

Uma hora depois, fim do show da Orquestra. Já era 20h da noite. O nosso ingresso ainda não tinha chegado. Começamos a ficar aflitos. Sabíamos que ele ia chegar, mas estávamos perdendo todo o festival. Passavam vendedores ambulantes de cerveja, água, refrigerantes. Outros vendiam camisetas com os dizeres "Eu fui". Passou uma moça distribuindo biscoitos de chocolate com recheio de açaí, uma mistura bem bizarra. Na fome, pegamos (inclusive, mais de uma vez). Ficamos conversando, fazendo o tempo passar depressa.

20h30 da noite. O show da Janelle Monáe começara. Nada do ingresso. Algumas pessoas tentavam vender os deles por 150 reais... 100 reais... até que apareceu um grupo de 4 amigos vendendo um par de bilhetes, cada um por 50 reais. Tive o impulso de aceitar a oferta e abrir a carteira, mas já tinha depositado o dinheiro na conta da menina que me vendeu. Mais espera...

Mandei uma nova mensagem. Nesse momento - admito - perdi o pouco da calma que ainda me restava. Estava fritando de raiva. Fiquei três horas enrolando no shopping a espera do momento certo para partir quando enviaram uma mensagem às 18h dizendo "estou a caminho". E lá estava eu, novamente, enrolando mais outras três longas horas.

Meia hora depois, finalmente, elas chegaram.


(Ei você que me vendeu o ingresso: não leve a mal. Quando vocês chegaram e me perguntaram se eu estava com raiva de vocês eu disse que não porque realmente não estava mais. Ia entrar! Inclusive, muito obrigada! Mas admito que, como qualquer ser humano, foi difícil esperar...)

Rock in Rio na veia

A vista que se tem logo depois de entrar na Cidade do Rock é fenomenal. O palco principal, cheio de luzes e um mar de gente. Para todos os lados, estímulos visuais, luzes, lojas, pessoas, barulho. Decidimos que íamos passear pelo espaço e, no meio do show da Kesha, ir o máximo pra frente que fosse possível.

(A primeira visão de quem chega pelo lado norte)

Do lado direito do palco, o palco Sunset, a área VIP e uma montanha russa. Decidimos ir direto para o lado esquerdo. Tudo, absolutamente TUDO, era patrocinado. Os espaços interativos, os brinquedos de parque de diversão, os locais para tirar fotos... cada um deles levava o nome de uma empresa.

Surpresa mesmo foi chegar à Rock Street. O espaço era, sem dúvida, o mais charmoso de todo o evento. Ali, os produtores reproduziram um pedaço de New Orleans, a capital mundial do jazz. As casas foram construídas ao estilo arquitetônico da cidade, conhecida pelo seu legado multicultural e por sua influência no cenário musical, principalmente quando o assunto é jazz e blues. Cada casa era uma loja diferente: fotos, comida, chocolate, frutas, banco, guarda-volume e por aí vai. No meio de tudo, um coreto que recebia as mais diversas bandas do cenário musical e alternativo do Rio de Janeiro.

(Um refúgio para os pés doídos e ouvidos machucados)

Hora de se posicionar. Entre pessoas comuns, pais relutantes e adolescentes histéricas gritando o nome da Kesha a quilômetros de distância, fomos abrindo espaço. Não fazia questão de ficar na grade pois sabia que jamais chegaria lá. Tem uma hora no meio da pista que por mais esforço que você faça você não consegue transpor as pessoas e ir mais pra frente. A única coisa que eu queria era chegar perto o suificiente para vê-lo com meus olhos, e vê-lo bem. Porque se fosse pra eu olhar o telão tinha ficado em casa.

Com o fim do show da Kesha, mais espaço. Tirando algumas grandes cabeças a minha frente, fiquei em um local privilegiado. Contava os minutos. A direita tinha um espaço com tirolesa. As pessoas passavam rápido em cima das nossas cabeças. A vista que elas tinham lá de cima devia ser sensacional. Como desejei estar naquela corda...

(Por menos de um minuto, a melhor vista que se pode ter. Foto tirada desse link)


A banda entrou no palco. O som começou e o Jay Kay entrou cantando Rock Dust Light Star, hit do novo CD. Com sua tradicional tunica colorida e o cocar que remonta às misturas musicais do primeiro álbum, ele comandava a banda e se concentrava na música. Imendou com Main Vein, outra música pouco conhecida, e passou para Cosmic Girl. Aí sim, a galera reconheceu o nome que subia ao palco.

(Playlist. Foto tirada desse link)

Jay Kay não é lá a pessoa mais interativa do mundo, mas sempre manda bem quando começa a dançar e empolgar com a própria performance. Normalmente isso acontece depois da terceira música. Dito e feito.

Jamiroquai sempre foi um banda famosa pela qualidade sonora e o mais incrível no show foi como eles começaram as músicas sempre de uma forma diferente da versão original, ou estenderam o tempo do refrão, ou capricharam no solo do contrabaixo, a marca registrada. O destaque vai infinitas vezes para Love Foolosophy, que foi cantada em versão acústica para então começar de novo no ritmo que já é conhecida. Delirei, sério.



Infelizmente foi um show de poucas músicas. Festival tem sempre esse problema: se você não for o nome principal, não tem espaço para tocar de tudo e agradar a todos. Eles tocaram o tempo que lhes foi pedido, com uma pontualidade inglesa - para ser ainda mais redundante. Acho que eles deviam ter atentido o pedido da plateia que gritava por Space Cowboy do início ao fim do show...

De toda forma, não tenho do que reclamar. Foi como um sonho realizado. Na minha grande lista de coisas a fazer antes de morrer, posso riscar mais essa.


(Pertinho do palco!)

Saímos dali para dar espaço a verdadeiros fãs do Stevie Wonder. Fizemos bem. Comemos, nos sentamos e esperamos o início do show bem longe do palco. Uma hora depois ele começou. Chegamos um pouco mais perto e curtimos o som. Depois de um tempo o cansaço era visível... até o momento de crítico de eu começar a pescar andando. Então nos sentamos na graminha perto do Bob's mais próximo. Coloquei a mochila no chão e apaguei durante felizes 30 minutos. "O quê? Você dormiu no Rock in Rio?" Dormi. Eu e mais uma legião de pessoas, mortas como nós. Me arrependo um pouco pois me disseram que Stevie Wonder tocou Garota de Ipanema... enfim. Eu precisava de um cochilo para aguentar a volta.

Saímos tarde da Cidade do Rock. Caminhamos aquele um quilômetro e meio de novo e pegamos o ônibus. Ali eu percebi como é incrível ver uma cidade inteira se mobilizar para um evento. A rodoviária anunciava em todas as placas os números dos ônibus disponíveis. As centenas de ônibus que levavam e buscavam as pessoas da Cidade do Rock mudaram seu itinerário, seus horários e se revezaram para atender as pessoas. Os guardas municipais, a seus lugares desde às 14h da tarde, prontos para controlar o fluxo do trânsito. Isso sem contar nos policias que foram mobilizados para fazer a segurança local.

(Falaram que os primeiros dias de embarque foram tumultados. No quarto dia, pelo menos, estava uma maravilha... Foto tirada desse link

Fiquei impressionada. Muito bem impressionada, no caso. Em Belo Horizonte um simples clássico de Cruzeiro x Atlético faz a Antônio Carlos e a Catalão pararem. Isso sem contar o vandalismo das torcidas organizadas. A gente ainda tem muito o que aprender...

Ônibus para a Barra da Tijuca. Ônibus para a rodoviária Novo Rio. Taxi para o aeroporto do Galeão. Avião para Belo Horizonte. Ônibus-executivo do aeroporto de Confins até a Avenida Cristiano Machado. Ônibus da Avenida até a minha casa. Depois de quase 4 horas "em trânsito" cheguei em casa. Dormi sorrindo.

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