quinta-feira, 29 de abril de 2010

O mundo em 80 segundos

Dar a volta ao mundo em 80... segundos! Essa era a intenção Alex Profit com o projeto Le tour du monde en quatre-vingt secondes (A volta ao mundo em 80 segundos). Inspirado no livro quase homônimo de Júlio Verne, o francês passou por Cairo, Mumbai, Hong Kong, Tóquio, São Francisco, Nova York e Londres.

(Trajeto feito por Alex Profit e sua trupe. Foto tirada desse link)

O trajeto foi completado em 3 semanas e lhe rendeu 640 fotos. As imagens foram reunidas e a partir da técnica de stop motion se transformaram no relato vivo da viagem de Alex. No site do projeto ele relata um pouco da experiência: "Viajei ao redor do mundo. Eu tinha a ideia, o desejo, de comunicar esse sentimento de liberdade através das minhas imagens. Foi assim que decidimos fazer o projeto a ocasião de uma viagem como nenhuma outra".

Confira o resultado desse tour aqui!

domingo, 25 de abril de 2010

Trens de luxo

Depois de uma série de posts sobre acampamento e como ser feliz levando uma vida roots (natureza, ar puro e luxo zero), resolvi equilibrar. Vez ou outra, é bom se dar ao luxo. Principalmente se esse luxo inclui uma viagem inesquecível com lindas paisagens e todos os serviços que você sequer sabia que precisava.

Não estou falando de um resort all-inclusive ou nada do tipo, principalmente porque quando se está em um hotel como esses é bom não estar simultaneamente em uma linda cidade, pois ou você aproveita a cidade e quase não fica no hotel, ou você aproveita o hotel e quase não passeia pela cidade. Por isso que a melhor forma de resolver esse problema é fazer do seu hotel o seu meio de transporte. Assim, você conhece lugares de tirar o fôlego e, ao mesmo tempo, aproveita as comodidades que o seu "resort" sobre rodas lhe oferece.

Para ter tudo isso, que tal embarcar em um trem de luxo?

O pioneiro é o famoso Expresso do Oriente. Inaugurado em outubro de 1883, ele transportava milionários e aristocratas de todo o mundo em uma rota que ia de Paris a Constantinopla (atual Istambul). Já foi considerado o trem mais luxuoso do mundo - e ainda o é por muitas pessoas. A decoração dos vagões e o uniforme dos funcionários seguem o padrão dos anos 1930. Inclusive, cada vagão tem uma decoração diferente, todas super luxuosas. Atualmente, ele vai de Paris a Veneza em um trajeto de 30 horas. Cada passageiro paga 4.500 reais pelo passeio, mais custos adicionais como bar, restaurante e outros. Fique atento: algumas viagens especiais levam o turista até Istambul.

(A esquerda, imagem noturna do restaurante do Expresso do Oriente. A direita, viajante se preparando para embarcar. Reparou no ar de "anos 30" dessa foto? O site todo é cheio de imagens de "nossos hóspedes são o que há de mais chique ". Fotos tiradas desse e desse link)

Já o El Transcantabrico é considerado o melhor trem turístico do mundo. Em uma viagem de 8 dias e 7 noites, o trem vai de Santiago de Compostela (Espanha) a Léon (França). Inaugurado em 1983, ele hospeda 52 pessoas em 26 suítes. Agora, façam as contas: se um trem com mais de 10 vagões acomoda míseras 52 pessoas, é porque ele deve mesmo parecer com um hotel 5 estrelas. As suítes têm TVs e ar condicionado e seus banheiros têm chuveiro a vapor, hidromassagem e sauna. Para as pessoas dormirem tranquilas, o Transcantabrico para durante a noite. Boa oportunidade para os amantes da balada saírem do trem e curtirem a noite na cidade. Além disso, o trem apresenta 4 restaurantes, bar, sala de leitura e sala de audiovisual. A suíte clássica (que é a mais barata) custa 2.500 mil euros por pessoa. A suíte mais luxuosa do trem, para duas pessoas, sai por 6 mil euros.
















(Locomativas em curva durante o trajeto e imagem do restaurante cheio de hóspedes. Fotos tiradas do site oficial)



Outro nome muito bem cotado é o Blue Train, o trem de luxo da África do Sul. Reis, presidentes e executivos já atravessaram o país dentro dos seus vagões. Suas rotas podem ser personalizadas ou regulares. Para essas, o trajeto comum vai de Pretória, no Norte do país, a Cape Town, no Sul. As suítes são amplas, com azulejos em mármore e objetos banhados a ouro. Há dois vagões com lounges, um para fumantes e outro para não-fumantes, outros salões de entretenimento e até uma boutique de jóias. Os funcionários estão prontos para atender qualquer pedido dos hóspedes a qualquer hora do dia. E tudo isso tem seu preço: na baixa temporada, o mínimo que você vai pagar ultrapassa os 10 mil dólares por pessoa.

(O trem - literalmente - azul e o bar aonde os viajantes bebem e jogam conversa fora. Fotos tiradas do site oficial)

Subindo para a América do Norte, encontramos o luxuoso Royal Canadian Pacific. O trem passa pelas belíssimas paisagens canadenses em um percurso de 7 dias pelo oeste do país. Durante o trajeto se vê de tudo, cidades históricas, montanhas rochosas, animais selvagens e lagos azuis. O Royal Canadian Pacific acomoda 32 pessoas e, como todos os outros, têm suítes divinamente decoradas e funcionários prontos para fazer tudo que você pedir. Uma equipe providencia uma série de atividades fora do trem, como visitas a museus, fazendas e cursos de golfe. O preço do trem canadense é de 8 mil dólares por pessoa fora taxas.














(A esquerda, uma das paisagens que os hóspedes tem o privilégio de ver dentro do trem. A direita, restaurante arrumado para refeição. Foto tirada desse e desse link)

O mais novo trem de luxo do mundo está na Índia e se chama Maharajas' Express. Inaugurado esse ano, o trem possui 18 vagões com diversas suítes (algumas que ocupam o vagão inteiro e contam com camas enormes e banheiras revestidas a ouro). Há restaurantes com cardápio internacional, lounges e cluber privées. E já que a ideia é se sentir mesmo um marajá, cada suíte tem um serviço de mordomo exclusivo. A roteiro mais procurado dura 7 dias, sai de Nova Delhi e chega até Mumbai. O mínimo que você vai pagar por uma suíte é 5.600 dólares.

(Acima, o Maharaja's Express com o palácio de Taj Mahal ao fundo. Na outra foto, restaurante do trem de luxo (detalhe no lindo mosaico do teto). Fotos tiradas desse e desse link)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Camping em família - Personagens (7)

"Meu filho nasceu no mato. Com 7 meses de idade eu já levava ele pro acampamento comigo. Colocava ele naquelas bolsas de criança, que parecem uma mochila, e saía andando." Hoje, esse menino que nasceu no mato tem 6 anos de idade, mora em uma capital, mas adora acampar. "Ele sempre pede pra ir comigo."

O pai é Cláudio Aguiar, um instrutor de acampamento. Seu trabalho é levar famílias para acampar. Não um monte, uma por vez. Pode ter três, quatro, cinco pessoas, não interessa. Sempre uma família por fim de semana. Isso porque o objetivo da viagem é que a família passe um tempo junto, curta a companhia um do outro sem distrações.

(Esse é Cláudio, seu guia de viagem)

"O que acontece hoje é que as famílias não têm tempo pra ficarem juntos. Quando chega as férias e eles têm a possibilidade de aproveitar eles pensam 'que ótimo: vamos para um resort!'. Mas não adiante nada porque chega lá e um filho vai fazer arco e flecha, o outro vai nadar, a mãe vai fazer massagem, o pai vai beber... A convivência some". E quer saber? ele tem razão!

Por isso que nos acampamentos do Cláudio a possibilidade de ficar sozinho é nula. Seja durante um feriado de dois dias ou durante uma semana inteira, a família fica unida 24 horas por dia. "Não tem mais nada perto deles."

Até o local de montar a barraca é isolado. Campings? Nem pensar. "Ficamos longe de tudo." O local preferido para a aventura é a Serra do Cipó. A família é orientada em todos os momentos, inclusive sobre qual barraca comprar e o que levar na viagem. Com tudo acertado, todos partem. Cláudio vai de caminhonete carregando um monte de tralha: uma barraca particular, remédio para todos os possíveis problemas, objetos para cozinhar, equipamentos para fazer algum esporte radical etc.

(Imagina você e sua família nesse paraíso? Foto tirada desse link)
.
Hoje, com a experiência que acumulou em 10 anos de carreira, ele chega no Parque e rapidinho arranja um local agradável. A partir daí tudo (mesmo) pode acontecer. "Algumas famílias quebram o pau na hora do camping, xingam, discutem. Elas costumam ter problemas de convivência mesmo, muitos familiares nem se conhecem bem. Depois de um tempo tudo melhora e eles passam a conviver e a se entender melhor. É uma experiência muito rica e não tem como não sair mudado de uma viagem assim."

A ideia do camping familiar surgiu há tempos. Cláudio já trabalhava no ramo do turismo há 15 anos fazendo caminhadas. "Tinha um cara que sempre caminhava comigo e comentava que tinha vontade de acampar e levar sua família, mas não sabia direito o que fazer. Sem contar que a mulher dele falava que jamais ficaria no meio do mato." Ele foi percebendo que havia essa brecha no mercado e que muitas pessoas pagariam por uma viagem assim.

O primeiro acampamento em família aconteceu há 10 anos. Cláudio não parou desde então. "Sou uma empresa de uma pessoa só. Criei um negócio de forma mais organizada e estou lançando aqui no 3º Salão Mineiro de Turismo para levar mais famílias para acampar."

E aquele homem que queria acampar, mas não sabia como? "Essa família acampa comigo há mais de 5 anos. Inclusive a mulher!"

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Acampamento: um guia de primeira viagem

Na saga pela Serra do Cipó, deu pra aprender muita coisa. A primeira é que a hospedagem muda completamente a estadia. Eu poderia ter alugado uma casa com alguns amigos ou ficado em um quarto de pousada, mas resolvi ir de mochila nas costas e acampar simplesmente pela sensação que isso causa. Em segundo lugar, é preciso estar preparado para isso. Para aproveitar bem sua viagem, segue algumas dicas baseadas nos acertos (e em alguns erros) da minha:

(Botas, panela, colchão. Algumas coisas que você precisa levar na sua mochila (e outras nem tanto). Foto tirada desse link)

Barraca: Você não precisa de uma super luxo, mas também não escolha a mais barata. É importante ficar atento a duas coisas. Uma delas é o tecido: as baratinhas são muito finas e, em uma chuva forte, não vão se manter secas. Escolha uma barraca com pano mais grosso ou que venha com uma "camisinha", um tecido avulso que você coloca por cima da barraca para proteger da chuva e manter a temperatura mais amena.

A outra coisa que você deve ficar atento é o tamanho da barraca. Não se deixe levar pelas indicações da embalagem. Mesmo que esteja escrito que ali cabem uma, duas, três ou vinte pessoas, abra e confira. Peguei uma barraca emprestada que ainda nunca tinha sido usada. No plástico dizia que era pra três, mas juro que só cabiam duas. E ainda tinham as malas! Quando abri, fiquei meia hora olhando pra ela e pensando "o colchão não vai entrar. Já era. Vamos dormir ao relento". Por sorte, ela era exatamente o tamanho de um colchão inflável para casal. Ela era minúscula. A impressão que dava, olhando do lado de fora, era a de que a gente tinha levado a "cabana do Gugu".

(Eu, dentro da cabaninha do Gugu - dividindo todo esse maravilhoso espaço com outra pessoa e malas)

Apetrechos: Há alguns utensílios que nem todo mundo lembra, mas que quebram nosso galho.

- Colchão inflável: pode ser chato de encher, mas é confortável e compacto (o difícil é quando fura...)
- Pano: para estender no chão. Sem ele, ou você fica o dia inteiro sentado na barraca ou suja todas as suas roupas na terra.
- Lona: É bom ter uma para colocar embaixo da barraca para não sujá-la e impedir que entre água em caso de chuva.
- Raquete elétrica: no verão é uma maravilha! Com uma dessas você vai fazer mais do que afastar os pernilongos, como faz o repelente, você vai matá-los (cruel, mas necessário).
- Lanterna ou lamparina: essa é de lei. Se preferir uma lanterna fique atenta a força da luz. Algumas são mais fortes, mas não chegam muito longe. Outras são mais fracas, mas abrangem um campo maior de visualização. As lamparinas são mais trabalhosas e mais difíceis de carregar, mas iluminam como lâmpadas.
- Rádio: não é uma necessidade de vida para todos (apesar de ser para mim). Há modelos de rádios e amplificadores portáteis a pilha. É só conectar ao mp3 e voilá.

(Um dos amplificadores a pilha mais bonitos e potentes que já vi. Tem 4 x 10 cm e cabe em qualquer mala. Foto tirada desse link)

- Remédios: pode até parecer coisa de mãe, mas leve tudo o que costuma usar e também o que não costuma. Febre, dor de cabeça, alergia, pode acontecer de tudo e é bom estar preparado.

Passeios: cachoeiras, lagoas, trilhas, esportes radicais. As possibilidades são várias e procuram integrar o turista a natureza do local.

- Se conheça: não faça nada que não tenha certeza que você não dá conta. Quer visitar aquela cachoeira linda que está a 6 km de distância do camping? Pense que você vai ter que ir e voltar. São 12 km. Se não tiver certeza que dá conta, não vá.
- Informação: nunca é demais. Pergunte onde é, se o caminho é difícil, se precisa de guia, se pode nadar...
- Coisinhas: para qualquer canto, carregue sempre toalha, protetor solar, chinelo e uma garrafa d'água.

(Paisagem entre a Cachoeira do Tomé e a Cachoeira Grande)

O site O Campista traz az experências de um casal que acampa há mais de 30 anos. Há ótimas dicas e relatos capazes de convencer qualquer um que acampar é uma ótima forma de viajar. Outro site muito bom, mas mais impessoal, é o MaCamp. Ele traz dicas, guias de camping pelo país e notícias sobre o tema. Para uma lista completa do que levar entre nesse link da Veja.

*Baseado na matéria "De mala, barraca e cuia" publicada no site do FUNtástico, nesse link.

sábado, 17 de abril de 2010

Um tour pelo tour de Minas

Um evento gigante sobre um estado igualmente gigante que tem muito para mostrar e muito para descobrir. Essa é a conclusão que chego depois de visitar o 3º Salão Mineiro de Turismo, que começou ontem e vai até dia 18 de abril no Minascentro, em Belo Horizonte.

(Caminhos do Cerrado, Circuito dos Lagos, Serra da Canastra. Diversos destinos, um ao lado do outro)
.
Falo isso porque já visitei dezenas de cidades de Minas e cada uma especial do seu jeito, seja pelas belezas naturais, gastronômicas ou históricas. Muitas pessoas viajam para o Rio Grande do Sul ou para o Maranhão antes de procurar cidades mais perto.

Não temos praia, mas fora isso temos de tudo. Roteiros de inverno, roteiros para a prárica de esportes de aventura, roteiros de luxo, roteiros místicos, roteiros gastronômicos, enfim. Não que eu seja contra viajar para outros estados, o que importa é viajar. Mas às vezes, quando o feriado for mais curto ou a grana for muita, uma boa pesquisa pode ajudar a encontrar um destino interessante e que se adeque às suas necessidades.

O Salão acontece nos dois andares do Minascentro. No primeiro, estão as agências de turismo, as companhias aéreas e os stands mais institucionais, como os institutos de preservação da natureza e as empresas de turismo de negócios. Há também pequenas exposições (destaque para a exposição de fotos sobre Belo Horizonte). No segundo andar, estão stands de TODAS as cidades de Minas Gerais. Sério, todas. Fora as comidas, doces, cachaças, artesanatos e tudo o mais que o estado pode te oferecer.

Se você quer tirar uma dúvida específica sobre um lugra pré-determinado, o evento não é a solução. A essa pessoa, ele vai parecer institucional demais. É mais fácil procurar na internet, pois talvez o Salão não seja capaz de tirar a sua dúvida. Mas caso você tenha um ou dois roteiros de viagem na cabeça e não sabe aonde ir, que pontos turísticos visitar ou o quê vai valer amis a pena, aí sim, vá lá tirar suas dúvida. Não fique com vergonha de conversar com as pessoas que estão nos stands: são todos muito simpáticos e estão lá para tirar suas dúvidas. Aproveite: ainda faltam dois dias!
.

(Artesanato mineiro)

segunda-feira, 12 de abril de 2010

3º Salão Mineiro do Turismo

Resolvi dar uma paradinha nas postagens comuns para divulgar um evento de turismo (pasmem) aqui em BH. Entre os dias 16 e 18 de abril, no Minascentro (Av. Augusto de Lima, 785. Centro), acontece o 3º Salão Mineiro do Turismo. Esse ano, o objetivo é promover e divulgar os diversos destinos turísticos do estado.

(Foto tirada desse link)
.
O evento traz personalidades políticas, da mídia e do turismo. O destaque maior vai para a palestra de abertura, "Inovações na Gestão Pública", conduzida pelo atual governador do estado, Antonio Augusto Anastasia. Além da programação oficial, o Minascentro foi dividido em vários salões, cada um com um tema diferente. Em cada um deles haverá stands com informações, pequenas palestras, seminários e mini-cursos. A ideia dos organizadores é trasnformar o encontro em um espaço para troca de experiências, informações e produtos.

O evento é gratuito e aberto ao público. Algumas atividades é necessário uma inscrição prévia. A programação completa você encontra no site do evento!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Dia a dia na Serra do Cipó

Acampar dentro de um paraíso ecológico como é a Serra do Cipó é sempre uma boa ideia. O local, que fica a 90 km de Belo Horizonte, na Serra do Espinhaço, oferece estadias para todos os tipos de gosto. Além do acampamento, que pode ser selvagem ou dentro de um camping organizado, há albergues, casas para alugar, pousadas e hotéis de alto nível. E mesmo que o clássico seja caminhada + cachoeira, há diferentes tipos de passeios. Quem quiser pode praticar esportes radicais como tirolesa, escalada ou rapel, fazer um tour pelos bares da rua principal ou simplesmente ficar relaxando o tempo inteiro.

Mesmo com um saldo geral positivo, como não podia deixar de ser, também tivemos alguns problemas. Abaixo, um roteiro dia a dia com meu passeio pela Serra do Cipó para você pegar dicas e sugestões e fazer o seu também:
.
(Entrada do camping da ACM. Aqui começa meu passeio!)

Dia 1

Fui para a rodoviária pegar o ônibus das 16h. Há duas companhias que fazem a viagem para a Serra do Cipó, a Saritur e a Viação Serro. Os horários eram bem ruins: depois das 16h, em plena véspera de feriado, o próximo seria só às 19h. O preço, razoável: 22 reais e alguns quebrados.

A viagem foi tranquila. A reserva no campinga da ACM foi feita uma semana antes, em BH. Você pode simplesmente chegar lá e perguntar se há vagas, mas em épocas de feriado isso não é recomendável. O primeiro problema ia começar agora, pois montar uma barraca a noite, a luz de lanternas, não ia ser nada fácil. De toda forma, era isso ou chegar sexta-feira e de manhã e correr o risco de não arranjar um lugar legal para ficar.

(Uma amostra de como fica a Serra do Cipó em feriados: turistas "invadindo" a Cachoeira Grande)

Foi relativamente fácil pelo fato de a barraca ser pequena (até demais) e fácil de montar. A ACM tem uma lanchonete, uma opção para as pessoas que, como nós, fazem esse tipo de passeio de forma esporádica e não têm objetos suficientes para viver em uma floresta sem traços de civilização. Pedimos mistos quentes com suco e voltamos para a barraca.

(Camping da ACM. Para saber o que levar nessas viagens, nada melhor do que dar um passeio e observar o que as pessoas usam)

Dia 2

Já saímos de BH convencidos de que na primeira manhã iríamos a Cachoeira Grande. Se você que fazer muito um passeio programe-o logo para o primeiro dia, quando você ainda está descansado e não corre o risco da moleza tomar conta. Da ACM até a porta do parque são 5 km. deixamos para tomar café da manhã na rua central. Aviso: eram 9h da manhã e só encontramos uma padaria aberta, a 3 km de distância. Quem for mais cedo ou não aguentar andar tanto antes de comer não se arrisque e lanche antes.
.
(Cachoeira do Tomé, a primeira das quatro quedas d'água dentro do parque que dá acesso à famosa Cachoeira Grande. Na outra foto, placa indicando a Cachoeira da Chica)
.
Para entrar no parque que dá acesso a Cachoeira Grande é preciso pagar 15 reais por pessoa (o que eu acho bem caro). Há outras três cachoeiras antes de chegar a principal. Há placas indicando a entrada de cada uma delas ao longo do caminho. Todas as três valem a pena a visita e, às vezes, até um pulo n'água. Além das belíssimas fotos que você vai tirar, não há aquele amontoado de pessoas nesses locais, o que as torna infinitamente mais agradáveis e relaxantes. A primera, a Cachoeira do Tomé, é a mais bonita. Sem contar que você já pagou 15 reais, não e mesmo? Agora aproveita!
.
Claro que nenhuma delas é como a Cachoeira Grande: linda, imponente, convidativa. Não é pra menos que ela é um dos principais pontos turísticos da Serra do Cipó. Afinal, se algum lugar se torna famoso é porque alguma coisa ele tem. E a Cachoeira Grande tem. Na parte de cima um lago calmo, usado para a prática de canoagem. Depois, uma queda d'água volumosa com 60 metros de extensão. É possível escalar os 10 metros de cachoeira em várias partes, devido as pedras irregulares que dão espaço até se sentarem no meio das águas da cachoeira.
.
(Parte da Cachoeira Grande. A época estava boa: as chuvas das semanas anteriores deixaram um bom volume d'água)

(Uma visão geral)

Depois do passeio, almoçamos no restaurante Matuto Cipó. Um lugar agradável com uma comida gostosa. Por 32 pedimos um prato para dois que dava para alimentar quatro. O problema é andar mais 2 km para chegar ao camping com a barriga cheia. O resto do dia foi uma moleza só.

Dia 3

Céu cinza, vento frio e muitas nuvens. Percebi logo de cara que aquele não seria um dia de sol, o que dificulta muito a sua vida se você está pensando em pular na água gelada de alguma cachoeira. O dia nublado veio pra compensar o anterior, que fez um sol de matar. Inclusive, acordei sentindo meu ombro e meu nariz ardendo. Colocar minha mochila nas costas foi uma luta constante desde então.

Com o dia mais ou menos, ficamos na barraca a manhã inteira. Estendemos um pano no chão e ficamos jogando baralho, conversando e escutando música. Na hora do almoço resolvemos ficar por lá mesmo e aproveitar o self service do restaurante da ACM. O preço é bom, mas a comida mais ou menos. Havia poucas opções de carne e tudo era bem gorduroso, do arroz ao macarrão. Depois andamos um pouco para tomar um picolé.

Já que estávamos de pé, resolvemos ir à cachoeira Véu da Noiva. A cachoeira fica dentro do camping e seria ridículo acabar a viagem sem nem ao menos vê-la. A garoa leve não atrapalhou o passeio. Mas atenção: se estiver chovendo não vá em nenhuma cachoeira, pois o volume de água aumenta muito rápido e leva tudo o que estiver na frente. Todo ano há um caso de alguém que foi arrastado pela correnteza...
.
(Piscina natural do camping da ACM. No feriado, eles organizam
uma série de atividades. A piscina, por exemplo, tem aulas de hidroginástica e campeonatos de pólo aquático. O filete d'água que vemos lá no fundo é a Cachoeira Véu da Noiva. À direita, o caminho que leva até lá)
.
O caminho para o Véu da Noiva é estreito e cheio de pedras, ou seja: possibilidades nada remotas de dar aquela escorregada e cair. O trajeto traz três ramificações. Todas elas levam a pequenas piscinas naturais com água cristalina. Caminhando até o final, chegamos à Cachoeira Véu da Noiva. Com 60 metros de altura, a água respinga longe. A queda acaba em uma piscina natural azul turquesa e muito convidativa. Mesmo naquele friozinho deu vontade de entrar (claro que na primeira passada de mão na água você desiste...). Nadando um pouco mais pro fundo, é possível deixar a água da cachoeira cair nos próprios ombros. Nada melhor para tirar o mau olhado!

(Cachoeira Véu da Noiva. E olha que aquele pontinho lá em cima ainda não é o fim da cachoeira)

Voltamos para a barraca e ficamos naquela lenga-lenga: mais baralho, mais música, mais conversa. A garoa passou a ficar constante e nos deitamos dentro da barraca, de barriga para cima, com a cabeça para fora. Ficamos vendo as gotas de chuva caindo do céu e o dia, pouco a pouco, anoitecer...

Dia 4

Hora de ir embora. O que causou uma certa raiva, se você que saber, porque amanheceu prometendo sol. A única coisa que pensava era na vontade de adiar a volta só pra ir no Véu da Noiva pular naquela piscina natural, o que não tive coragem de fazer um dia antes. Mas sair cedo foi uma boa escolha. Às 7h30 já estávamos desmontando a barraca e, às 8h30, esperando o ônibús lá fora. Enquanto isso as pessoas ainda acordavam ou tomavam café, sem pressa nenhuma. O outro ônibus passaria ao meio dia e, nessa hora, a estrada já estaria cheia.

Voltamos tranquilamente e ainda deu pra sentir um pouco do que foi Belo Horizonte nesse feriado: um paradeiro só. A cidade foi enchendo ao longo do dia. E a vontade de voltar pra Serra do Cipó foi aumentando na mesma proporção!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Feriado preguiçoso

Voltei da Serra do Cipó com muita vontade de continuar por lá. Ok, falaria isso de qualquer lugar que tivesse ido. Principalmente porque viajar é uma delícia e sair da rotina de trabalho mais ainda. Mas falo com mais ênfase do que nunca porque durante minha estadia de 3 dias naquele lugar senti como se estivesse em um retiro espiritual. Parecia que estava me livrando de todo o stress e de todas as minhas obrigações comuns.

O principal motivo para isso é o fato de eu não ter planejado nada, o que raramente acontece nas minhas viagens. Normalmente, depois de escolhido o destino, começo a pensar no que fazer. Na maioria das vezes, inclusive, escolho o destino exatamente pelas coisas que posso fazer no lugar.

Acho ótimo ficar elaborando uma viagem, descobrindo museus, praias escondidas, boas lanchonetes e pechinchas para levar de lembrança. Não só acho ótimo como muito importante: quem vai para um lugar e não se preocupa em saber o que ele tem corre o risco de voltar com uma sensação de vazio, de ter conhecido tudo mas não ter aproveitado nada.

Escolhemos algum passeio porque queremos, não porque fomos obrigados a ir lá. Mas de toda forma, o fato é que já saímos de casa com um esquema e com uma "necessidade" de cumprí-lo. Quando você vai para algum lugar sem planejar absolutamente nada, essa necessidade desaparece. E aí surge espaço para fazer de tudo ou não fazer nada. E não fazer nada, meu amigo, descansa mais do que qualquer outra coisa.

A glória de viagens assim é que a gente fica tão a toa, mas tão a toa, que começa a sentir saudades de ficar ocupada. Como estou acostumada a ter pelo menos cinco coisas pra fazer simultaneamente, a sensação de "liberdade" se intensifica. Claro que a minha vontade era que essa sensação perdurasse por muuuito tempo, mas tenho certeza que mais cinco dias naquele lugar me fariam sentir falta do trabalho. E é ótimo quando a gente volta pro trabalho querendo voltar.

Entre as minhas atividades diárias estavam acordar na hora que me desse vontade (normalmente às 7h30 mesmo, por força do hábito), me arrumar bem devagar, ir na lanchonete tomar café da manhã, jogar baralho, ficar olhando os outros campistas e o movimento no lugar, conversar, andar um pouco, nadar na cachoeira, ver o dia virar noite, lanchar e ficar mais a toa. Teve um dia que cheguei a ficar mais de 30 minutos deitada, de barriga pra cima, vendo as gotas de chuva caindo... olha que luxo! Tudo isso regado a besteiras alimentícias, cheiro de mato e clima de cidade pequena.

E o seu feriado, como foi?