sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Blogueiros de Viagem e Hostelling International fecham parceria

A Rede Brasileira de Blogueiros de Viagem (RBBV) e a Hostelling International (HI), através da Federação Brasileira dos Albergues da Juventude (FBAJ) uniram forças para a realização de uma parceria inédita entre blogs brasileiros de turismo e viagens e os proprietários de albergue da rede.

(Carlos Augusto e Pedro Serra, durante encontro de proprietários da HI. Foto: Pedro Serra)

Desde o dia 24 de setembro desse ano, blogueiros membros da RBBV poderão se hospedar gratuitamente nos albergues da rede HI em todos os países das Américas, além de receber carteiras de alberguistas da Hostelling International.

A rede Hostelling International (HI Hostels) é a criadora do conceito de alberguismo no mundo e possui um know-how centenário. Com quatro milhões de associados e mais de 4.000 estabelecimentos no mundo, é a maior rede de hospedagem econômica mundial. A rede HI no Brasil conta atualmente com 98 hostels, com vários empreendimentos em fase de credenciamento , localizados nos principais destinos turísticos do país e 70 mil associados.

Segundo o jornalista Pedro Serra, editor do blog Sem Destino, responsável pelo acordo, a parceria é um reconhecimento do trabalho desempenhado por dezenas de blogs na divulgação de destinos nacionais e internacionais.

“Lutamos muito pela profissionalização da blogsfera de viagem e pelo reconhecimento dos blogs como um canal de mídia importante na divulgação dos destinos”, diz Pedro, que reconhece essa parceria como a coroação de um trabalho iniciado em novembro 2011 com a criação da RBBV.

Rede Brasileira de Blogueiros de Viagem é uma comunidade composta por mais de 180 blogueiros comprometidos com a publicação de diferentes temas diretamente ligados a turismo e viagens. Inicialmente criada através da troca restrita de experiências pessoais nas redes sociais, a RBBV criou, em maio de 2012, um site aberto ao público para aproximar leitores, mídia e entusiastas dos diversos temas discutidos.

De acordo com o presidente da FBAJ,  Carlos Augusto Silveira, “cada vez mais os blogueiros fazem parte do trade. É neles que as pessoas se inspiram para viajar”. Carlos acredita na importância da opinião de blogueiros de turismo e viagens na tomada de decisões de viajantes independentes. “As opiniões honestas dos blogueiros também nos ajudarão na melhora da qualidade dos nossos serviços”, completa.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Centro histórico - Sevilha

A Europa está cheia de coisas bonitas para se ver. Ainda assim, os sevilhanos podem se orgulhar de ter o maior centro histórico do velho continente. E, sem dúvida, um dos mais bonitos do mundo.

Tentei fazer, por meio de fotos, um passeio pela parte histórica de Sevilha. O trajeto começa no Rio Guadalquivir, segue pela Avenida de la Constituición e acaba na Calle Martín Villa. Nesse roteiro, que pode ser feito em poucos minutos ou muitas horas, estão alguns dos monumentos mais importantes da cidade - e algumas das ruelas mais charmosas também.


Na beira do Guadalquivir, antes mesmo de chegar ao centro, está a Torre del Oro. O edifício foi construído em 1221 para servir como espaço de vigilância dos Almóadas, que podiam enxergar tudo o que acontecia no rio. Hoje, ela se transformou em um museu naval aberto a visitação. Se ela parece bonita pela manhã, acredite, fica ainda mais encantadora a noite, quando ganha o brilho dourado que lhe dá fama. O motivo: a mistura de cal, argamassa e palha com o qual foi construída.


Os centros históricos de quase todos os lugares remetem a monumentos antigos, em tons bege e cinza. Mas na Espanha as pessoas têm a incrível capacidade de adicionar cores fortes e fazer com que a história pareça mais viva. Senti algo parecido no sul da França, bem mais colorido e simpático que as cidades do centro ou do norte, e eu já me fiei à teoria de que o clima é fator constituinte da personalidade de uma cidade e seus cidadãos.

Essa característica se faz sentir logo no início do centro histórico, de onde se avista o Palácio de San Telmo, edifício que abriga a presidência da Junta de Anadaluzia. Além de estar muito bem conservado e de ser feito em estilo barroco, o que mais chama atenção é a sua fachada em tons de amarelo e vermelho.


O passeio segue pela Avenida de la Constituición, uma das vias mais importantes da cidade. A circulação de automóveis não é permitida e único meio de transporte que passa por ali é o metrô. Isso sem falar nas carruagens, bicicletas ou patins que desfilam pelas ruas (acessibilidade é vida).

O mais bonito da avenida são os prédios, cada um de uma cor diferente e todos com varandas de ferro e detalhes nas portas e janelas. As paredes dos edifícios são todas juntas, motivo de alegria para visitantes e turistas que podem aproveitar a sombra e se proteger do sol forte. Embaixo, lojinhas, lanchonetes e restaurantes. Na calçada, sombrinhas, mesas e cadeiras para quem quiser parar e tomar um granizado antes de continuar o passeio.


A parte monumental não demora muito para aparecer. Alguns metros a mais e já aparecem os muros da Catedral de Santa Maria da Sede de Sevilha, a maior catedral gótica do mundo. Ela começou a ser construída em 1404 em cima do terreno onde estava a antiga Mesquita de Alfama, adorada pelos muçulmanos. 


O objeto de desejo de todo o turista que conhece a Catedral se chama Giralda, a torre de 101 metros que fica ao lado igreja é o ponto mais alto de Sevilha e, por muitos anos, foi a construção mais alta da Europa. A torre começou a ser feita em 1185 e foi inspirada no miranete da mesquista de Kutubia, em Marrakech (Marrocos).


A uma rua dali estão os muros que dão passagem ao Real Alcázar, um conjunto de edifícios palacianos de inspiração árabe que... valem um post a parte.
Quando termina a avenida o melhor que se tem a fazer é continuar reto em uma das ruelas apertadas do centro. Aí está o centro comercial mais agitado da cidade, com grandes lojas e algumas mini boutiques que são verdadeiros achados.


Mas a parte mais legal são as ruelas cheias de guarda-sóis das tabernas e bistrôs. Eu poderia dizer que nos primeiros dias achei bizarro ver pessoas tomando café da manhã às 11 horas. Pois bem, a verdade é que eu continuo achando bizarro. Se o café da manhã é as 11, quer dizer que o almoço é as 15 e o jantar é as 22. E é exatamente assim. De toda forma, tudo que é estranho tem um quê de original e talvez seja por isso que eu goste tanto de passar por essas ruas e encontrar tanta gente sentada, comendo suas torradas com presunto ibérico sem pressa, como se qualquer dia fosse fim de semana.


As fotos a seguir são imagens dar ruas do centro histórico que não necessariamente estão no trajeto principal. Eu admito - com prazer, inclusive - que já me perdi várias vezes. Só por causa disso consegui alguns desses flashes.

(Um outro ângulo do edifício La Adriática, que mistura temas árabes com arquitetura regionalista e é, sem medo de errar, um dos prédio mais belos de toda a cidade)
(Leques de todas as cores - e preços)
(A carruagem...)
(... e o motorista. A espera do próximo cliente)
(Calle San Fernando, na frente da reitoria da Universidade de Sevilha. Restaurantes de fora a fora)
(Cúpula do lindo Teatro Lope de Vega)

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Plaza de España - Sevilha

Visitei Sevilha em dezembro de 2010. Passei dois dias ali mesmo sabendo que seria pouco tempo para conhecer uma cidade tão bonita e menos ainda para entender a cultura local, tão cheia de costumes e tradições. Dois dias foi o suficiente para ver os pontos turísticos mais importantes e apesar de Sevilha ser conhecida pelas sua arquitetura que mistura o barroco ocidental à influência árabe, a construção mais impressionante da cidade não carrega traços nem de um, nem de outro.

(Passeio de barco no lago da Plaza España, com um sol que as 8h da noite nem pensava em ir embora)

A construção que deixara a mim e meus amigos de boca aberta é uma praça enorme com direito a pedras que formam desenhos no chão, pontes de azulejos coloridos que cortam um lago cheio de barcos e um edifício alaranjado que circula o espaço de fora a fora. O local não é gótico, barroco, árabe ou russo. Ao contrário, foi inspirado na arquitetura regionalista do próprio país, uma corrente que surgiu no final do século XIX e início do século XX. É com ela que o arquiteto Aníbal González criou a linda Plaza de España.

(Detalhe das luminárias e azulejos que circundam a praça)

Ela foi construída para a Exposição Iberoamericana de 1929, que teve Sevilha como sede. Diversos edifícios foram projetados para o mesmo evento, mas a Plaza de España com certeza foi o mais emblemático.

(De frente ao prédio central, a fonte de água refresca o ar seco do verão)

As obras começaram em 1914 e exigiram tanto dos trabalhadores devido ao seu tamanho e riqueza de detalhes que, em um certo momento, o local chegou a ter mais de mil homens trabalhando ao mesmo tempo. Apesar de todo o esforço a construção ainda recebeu críticas dos mais conservadores que diziam que o tamanho das duas torres em cada uma das pontas da praça iria rivalizar com a Giralda, monumento mais importante da cidade. Outra crítica dizia respeito ao lago que circulava a praça, uma vez que Sevilha tinha problemas históricos de escassez de água.

(As reclamações, pelo visto, não surtiram efeito...)

Finalmente inaugurada, em 1929, a praça se tornou um dos pontos mais visitados por espanhóis e estrangeiros, encantados pela sua beleza. Até o momento eu posso dizer sem medo de errar que, em termos de construção humana, é a coisa mais bonita que já vi em toda minha vida.

(Detalhe dos bancos recobertos de azulejos)

Além de espaço em si, com uma vista incrível, cada canto da praça tem um detalhe diferente. Como os 48 bancos encostados na parte de baixo do edifício representando cada uma das 48 províncias espanholas. Ou mesmo o revestimento das paredes internas do prédio que formam verdadeiros tecidos de azulejos.

(As cerâmicas estão por todos os lados. Acima, azulejos que mais se parecem estampa nas paredes do lado de dentro do edifício. Abaixo, um dos bancos que representa as províncias da Andaluzia)

A Plaza de España na verdade faz parte do Parque María Luisa, uma enorme área verde e no meio da cidade onde as pessoas vão para descansar e fazer exercícios. A superfície total do lugar é de 50 mil metros quadrados, dos quais 19 mil estão edificados e o restante se destina a calçadas e árvores.

(Um vídeo que tenta captar mais ou menos a praça - para mostrar tudo em  uma foto, só panorâmica)

A primeira coisa que fiz quando cheguei a Sevilha foi visitar a Plaza de España. Assim, logo no primeiro dia, depois de 10 horas de voo e algumas horas mal dormidas. As fotos mostram porquê o cansaço não me venceu.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Na terra do flamenco

Certa vez, um amigo me disse que as primeiras impressões são as que ficam. Não sei se estou totalmente de acordo, mas a verdade é que as imagens que me vêm à cabeça quando penso em Clermont, a linda cidade francesa na qual fiz meu primeiro intercâmbio, são dos meus primeiros dias, quando o verão ainda deixava a gente andar de short e chinelo pelas ruas. Por isso resolvi colocar aqui as minhas primeiras impressões sobre Sevilha. Daqui um ano eu mesma confirmo se ainda concordo com tudo:

(Uma cidade com muito sol, muitas cores e povo alegre. Na foto, a torre da Giralda, um dos símbolos da influência árabe na cidade)

1. Sevilha é exatamente o que se espera da Espanha. A comida, a música, a arquitetura, os costumes, a cultura. Tudo é muito típico, ao mesmo tempo, muito natural, e por isso tão encantador. Não digo que aqui está a Espanha de verdade porque isso não existe, mas se alguém me disser que vem pra cá e não vai passar pela Andaluzia, eu vou fazer de tudo para convencê-la do contrário.

2. Tudo PARA na hora da siesta. Eu, desconfiada que sou, sempre achei que fosse uma meia-verdade e que as pessoas reverberavam essa história para deixar a cidade com um tom de "vilarejo". Nos primeiros dias, não acostumada, eu saia nas ruas às duas da tarde e só encontrava turistas.


(Triana às 15h da tarde: os carros estacionados e uma alma viva no meio da rua)

3.
... turistas que, como eu, não entenderam que a siesta tem uma razão de ser. Essa razão se chama SOL. Às duas da tarde, em pleno verão europeu, os raios solares parecem incidir diretamente na cabeça de cada uma das pessoas que ousa sair de casa. É um calor sufocante. Você respira e não sente o ar entrar pelas suas narinas. Por isso tudo fecha e só volta a abrir às cinco.

4. Estou com duas marcas de sol: uma de short e outra de blusa, cada uma mais ridícula que a outra. Por que a gente só pode usar biquíni em cidade a beira mar?

5. Mãe, eu estou comendo muito bem por aqui, acredite. Muita salada, carne e nenhum excesso. Mas admito que tomo sorvete quase todos os dias. É irresistível... Descobri um de profiterolis que entrou para o hall das coisas que eu pediria para comer antes de me levarem à cadeira elétrica, ao lado de camarão frito com côco e rostî de carne de sol.

(Plaza España, entre 8 e 9 da noite. O sol ainda brilhava no céu)

6. Em poucas palavras: os dias duram até as 22 horas. Pra mim, não tem nada que pague isso. 

7. Como o dia demora para escurecer, as pessoas saem de casa muito tarde. No início foi difícil segurar a ansiedade e entender que eu só ia ter planos às 21 ou 22 horas da noite. O normal é ir a um ou dois bares e depois sair para dançar, lá para as duas da madrugada...

8. Qualidade de vida é: acordar sem despertador, colocar um chinelo, passar protetor solar e ir para o parque ao lado da sua casa, sentar na grama e ouvir música. Melhor que isso é ver que você não é o único #europelifestyle
(Outra boa ideia para aproveitar o dia é acordar as 11h e ir a um bistrô - que a esta hora ainda servem café da manhã)

9. Falar "andalú" é a arte de imaginar coisas, já que eles não pronunciam S, Z, D, ou T no final das palavras (as vezes, nem no meio).

10. Repito o que disse quando cheguei a Clermont-Ferrand: para uma pessoa que vive em uma cidade de pouco mais de 110 anos, estar em um lugar com mais de 2 mil anos de vida é algo realmente fantástico. Passo pelas ruas olhando para cima e reparando nos detalhes dos edifícios e das belas construções, que por aqui misturam o barroco ocidental à arquitetura árabe. Já levo 15 dias assim e acho que vou ficar de boca aberta com esse tipo de coisa até ir embora.

(Numa mesma avenida a maior igreja gótica da Europa e o edifício Renta Antigua López-Brea, com seus contornos árabes)

11. Tinha me esquecido que meu cabelo tem sangue azul e gosta do clima europeu #cachossedosos #wellaporqueeumereço

12. Além dos meus companheiros italianos, tinha um gato (no sentido literal) morando na minha casa até a semana passada. Ele cabia na minha mão e era lindo. Mas no dia que as meninas não estavam aqui e ele começou a chorar eu me desesperei. Percebi que além de ser uma pessoa muito urbanóide, vou perder a minha sanidade quando tiver um filho.

(Gatinho serelepe)

13. Fiquei sem sapatos logo que cheguei pois o meu mochilão foi extraviado. Ele chegou em casa um dia depois, mas sem minhas maquiagens. TAP: compre as suas próprias quinquilharias em um freeshop. Obrigada.

14. Traje em espanhol é terno. Mas é uma palavra que também serve às mulheres, desde que faça referência aqueles vestidos típicos, rodados e muito bonitos. Ninguém usa essas roupas no dia a dia, claro, mas até onde eu sei, só em Sevilha se usa esse tipo de vestimenta em eventos especiais, como a Feria de Abril. As mais simples, para crianças, saem a 10 euros. Mas as mais bonitas são anunciadas a 250 euros nas vitrines em promoção.

(Tem de todas as cores e estampas. uma festa de cores, como quase tudo por aqui)

15. Não sei se isso tem a ver com a exportação do nosso entendimento de beleza, mas os homens e mulheres são realmente bonitos por aqui.

16. E por falar em gente, a cultura de Sevilha é incrível. Todos dizem que a Espanha não é Europa e a Andaluzia muito menos. Eu começo a estar de acordo. As pessoas são sempre alegres. São festivas, sorridentes e falantes. E o melhor de tudo, são movidas pela música. Por mais de uma vez, sai de casa e a noite terminou com uma roda de pessoas tocando guitarra, cantando e bailando flamenco. Todo mundo aqui aprende desde pequeno, mais ou menos como o samba para nós brasileiros. É um espetáculo nas ruas!

(Em Los Corralones, a noite só começava. No final, eram dez pessoas tocando (palmas, guitarras, mesas e bancos), dois casais bailando, algumas pessoas cantando e nós, estrangeiros, babando)

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O mundo de outro ângulo

Muitas pessoas participaram da promoção Quer ver o mundo de outro ângulo?, uma parceira entre o blog Eu mundo afora e a Escola de Parapente Base da Nuvem. A ganhadora foi uma menina que se dizia azarada e medrosa, mas que deve ter mudado um pouco de opinião depois desse fim de semana. A Bárbara nos enviou fotos e escreveu um texto contando tudo o que sentiu e durante o voo. Mas o mais legal mesmo é ver  o rosto dela no vídeo feito pelo Alexandre, no final do post!

Azar na vida, sorte no voo

Foram várias participações em sorteios, várias rifas compradas e várias apostas nos bingos... todos sem sucesso. Mas nos últimos dias, com um simples clique, eu ganhei o meu único e inesperado prêmio: um salto de parapente. E o azar de uma vida foi totalmente recompensado!

Partir para uma experiência como essa não foi nada fácil pra mim. Além do azar que me acompanha desde os meus tempos de criança, eu sempre tive medo de altura. Mas como amarelar numa hora dessas? Era a minha chance de voar ou a minha sorte é que “sairia voando” pra sei lá quando voltar.


E foi assim que sábado, às 14 horas, eu estava no Topo do Mundo, a mais de 1500 metros acima do nível do mar, excelente para aquele meu “medinho” de altura. A tranquilidade do meu instrutor, Alexandre, o Alê, foi essencial para manter minha calma, já que há muitos anos ele faz esse tipo de voo duplo pela escola de parapente Base da Nuvem.

Enquanto ele colocava os equipamentos de segurança em mim, ele perguntou: “Tá tudo bem? Você tá tranquila?”. E eu respondi: “To sim, é só um medinho de altura”.  Já nos posicionando para o salto, ele então me disse: “Não se preocupe, eu também tenho”. Esse sim foi um momento de tensão. Eu não sabia se isso era uma boa ou má notícia! Acontece que no meio do meu momento reflexivo, nós saltamos. E o salto foi tão leve, tão tranquilo que eu me acalmei.


A vista era deslumbrante e a sensação muito gostosa. Meu medo perdeu espaço, a não ser quando o Alê falava: “ Vou tentar subir um pouco mais”. Mais? É possível? Já estávamos a uns 800 metros acima daquele morro. E quando subimos vimos o outro lado da Serra da Moeda, uma linda vista panorâmica da Lagoa dos Ingleses.

Durante o voo eu me lembro de ter perguntado pro Alê, se ele tinha vontade de pular de paraquedas e ele me disse que não, que por ter esse medo de altura ele não gostaria de sentir a sensação de ser jogado, e de cair em queda livre. E, completou dizendo algo que descreveu totalmente minha experiência: “Eu gosto mesmo é dessa sensação de estar voando, de estar flutuando!” Exatamente o que eu senti. Eu acho que é por isso que eu não tive medo, eu estava curtindo, como se eu tivesse em um avião, com uma vista muito mais linda e uma sensação maravilhosa!


No fim do voo o Alê me perguntou: “Você quer continuar descendo tranquilamente e curtindo a paisagem ou prefere descer em uma manobra?” Eu nem pensei duas vezes, afinal nós já estávamos a mais de 1000 metros de altura e meu azar estava de férias. Ele me disse então pra olhar para a direita, foi quando começamos a descer em hélice. Eu não conseguia nem pensar nesse momento, dá pra ver pelo vídeo que eu até esqueço da câmera e começo a gritar! Era muita adrenalina! Eu me lembro apenas de olhar pra BR040, estrada que eu pego para visitar meus pais, e pensar, agora sempre que passar por lá vou lembrar da ótima sensação que essas pessoas têm ao voar do Topo do Mundo, curiosidade que eu sempre tive quando viajava, e que por um momento de sorte eu pude vivenciar.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Água, céu e cachoeira na Chapada dos Veadeiros

Viajar para a Chapada é estar em contato com a natureza. Mesmo na vila de São Jorge, não há como se esquecer que aquele ambiente faz parte de um dos espaços verdes mais importantes do país, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Seja pela quantidades de árvores ao redor do vilarejo ou pelo brilho do céu, sem interferência de qualquer luz que não venha das estrelas. E melhor do que imaginar a natureza ao redor é sair dali para ir em alguma cachoeiras ou trilha. São muitas opções e a vila tem alguns guias que podem acompanhar os turistas. Nós optamos pelos passeios a seguir:

Encontro das águas

Quando os rios São Miguel e Tocantinzinho cruzam acontece um espetáculo, que lá pelos recantos de Goiás é mais conhecido como Encontro das Águas. Depois que as águas dos dois rios se misturam ele desce pelas montanhas abrindo espaço e, apesar da correnteza, fica como uma piscina natural.

(Os mirantes mostram o caminho do rio. Na foto abaixo, uma tentativa de mostrar a amplitude do Encontro das Águas e a tranquilidade do lugar)

De São Jorge ao Encontro das Águas, só de carro. Depois que se estaciona há uma pequena trilha até chegar à "piscina", com direito a mirantes no meio do caminho que dão a ver o caminho que o rios percorrem lá de cima. O local aonde as pessoas se banham não tem cachoeira e nem correnteza forte... mas a areia dali forma pequenas prainhas ao longo do espaço. Então é só estender a canga ou a toalha e passar o dia entre a preguiça do sol e a água fria.

Morro Vermelho Águas Termais

Goiás é um estado famoso por suas águas quentes. Isso acontece porque a região apresenta grandes fraturamentos. O calor da crosta terrestre e do magma quente esquenta as águas de alguns rios e da chuva, que se infiltra com facilidade. E essa "magia" não é privilégio de quem vai a Caldas Novas.

(Piscinas de águas termais. Foto tirada desse link)

A 14 km de São Jorge está o Morro Vermelho Águas Termais. São três piscinas de pouco mais de um metro de profundidade com água a quase 33 graus. Em dias quentes, pela manhã, nem pensar. Por isso fomos a noite aproveitar o frio. Paga-se 10 reais para entrar e o visitante pode ficar quanto tempo quiser.

Oca de índios

A Aldeia da Lua fica do lado da vila de São Jorge. É uma aldeia indígena que preserva o modo de vida de tempos atrás, com rituais e apetrechos típicos. O fim de semana que viajei era os primeiros dias do XII Encontro de Culturas Tradicionas da Chapa dos Veadeiros, e a aldeia estava cheia de tribos indígenas de todo o Brasil, como os Krahô (TO), Kayapó (PA), Pareci (MT) e tantos mais.


Ali estavam acontecendo encontros para discutir questões indígenas como problemas territoriais, perdas de identidade, diferenças culturais e outros. Além dos debates com especialistas, a aldeia estava com diversas outras atividades como venda de artesanato e tatuagem, da qual a pasta é feita com uma mistura de jenipapo  e carvão.

 (Discussões ao ar livre em uma oca artificial. As originais, estavam logo ali ao lado, cheia de índios)

Queríamos muito fazer tatuagens e tentamos perguntar aos índios quanto era. Eles falavam em dialetos incompreensível, mas se ouvia um sonoro "dinheiro". Afinal, bobos é o que eles não são. Outra coisa bem engraçado era que um dos índios que falava português me mostrou as opções de tatuagem em um nokia bem moderno. Não acho que os índios têm que ficar nas suas casas distantes dos avanço tecnológicos. Mas ver aquela cena foi, no mínimo, inusitado.

A habilidade para fazer tatuagens é incrível. Eles seguravam crianças e pintavam ao mesmo tempo, sem errar. Outra coisa incrível eram as próprias crianças. Saiam correndo, com shorts ou sem roupas, todos tatuados e com apetrechos pelo corpo. Não sabiam falar nada e quando eu me aproximava para mostrar as fotos que fazia, recebia grandes sorrisos, ora de surpresa, ora de vergonha.

 (Troca cultural)

Cachoeira dos Cristais

No último dia tínhamos um dia inteiro pela frente e queríamos ver uma cachoeira. Escolhemos a dos Cristais pois além de já estar no nosso caminho de volta a Brasília, nos disseram que era linda. Arrumamos as malas, dissemos tchau à linda Vila de São Jorge, e seguimos rumo à cachoeira.

(Isso é que é vista...)

Antes de começar a caminhada tem um bar com quiosques, mesas e uma vista sem igual. É possível ficar lá o dia inteiro... mas a gente queria mesmo era aproveitar o sol e ir pra cachoeira. A trilha é médio-longa e médio difícil, pois é descida o tempo todo e está cheia de cascalhos. Mas o caminho em si já vale a pena pois a cada 50 ou 100 metros dá pra ver uma pequena cachoeira.

A última, que se chama Véu da Noiva, é incrível. Dá para nadar no lago que a cascata faz ou colocar a cabeça debaixo da queda d'água - e afastar todo o mau olhado, como já manda a superstição. A água é gelada e quando senti ela fazer os meus pés perderem o movimento eu disse "não vou entrar". Mas quem disse que eu resisto... No caminho de volta, o sol já descia entre as montanhas.

(Um banho gelado para se despedir de um fim de semana especial)