sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Metropol Parasol - Sevilha

Conhecida popularmente como Setas de la Encarnación (ou Cogumelos da Encarnação, nome da praça na qual está localizada), o Metropol Parasol é uma estrutura de madeira de 26 metros de altura construída bem no centro de Sevilha. Falando assim, alguém até pode ter uma ideia básica sobre o monumento, mas uma descrição formal não chega nem perto do que o Metropol é ou do que ele representa para a cidade.

(Apesar de ser chamado de cogumelo, uma amiga o definiu muito melhor quando disse que o Metropol parecia um grande waffle)

Tudo começou quando a prefeitura abriu um concurso para a reabilitação da praça da Encarnação. A ideia surgiu depois que o governo começou a escavar o espaço para a construção de um estacionamento subterrâneo e descobriu restos arqueológicos do período romano. As obras foram interrompidas e em 2004 a prefeitura decidiu lançar um concurso para a escolha de uma proposta que fosse capaz de reorganizar o espaço. O projeto deveria manter as características da praça como espaço de uso público sem impedir que ali fossem relizadas atividades comuns como comércio e serviço. Além, claro, de ser bonito, interessante e inovador. Eles queriam quase nada...


O projeto eleito pertencia ao alemão Jürgen Mayer. A prefeitura afirma que essa foi a única proposta capaz de reunir todas as características necessárias - ainda que a população afirme que ele foi escolhido por ser o mais caro.

A construção começou em 2005 e foi concluída em março de 2011, a um custo estimado de 86 milhões de euros. Por essas e outras, o Metropol também é dono de muitas polêmicas. Além de a população ter reclamado seu preço, muita pessoas o consideram feio. Os mais conservadores afirmam que seu aspecto moderno em nada combina com os monumento mais antigos da cidade.

(Do alto do Metropol se vê alguma das obras mais antigas de Sevilha, como a catedral e o torre da Giralda)

Pelo bem ou pelo mal, ele está lá. E eu, particularmente, gosto muito do monumento. Era preciso cuidado para criar uma intervenção moderna em um centro histórico tão importante como o de Sevilha. E a verdade é que a junção entre novo e antigo na praça da Encarnação é uma das mais bonitas e harmônicas que eu já vi.


A praça é usada como ponto de encontro da população. Ao redor, um número enorme de lojas, restaurante e bares dão vida ao local que ficou por tanto tempo fechada para obras. Ali também são organizadas feiras, festivais e eventos, como por exemplo a exibição da final da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, quando a equipe espanhola conquistou a estrela dourada pela primeira vez.


O Metropol em si é composto por cinco níveis. No subsolo está o Museu Antiquarium, com os vestígios arqueológicos descobertos durante as escavações. No nível do solo está o Mercado da Encarnação. Sob a estrutura está uma praça elevada que serve como espaço de descanso e também recebe alguns eventos. Dentro da estrutura, está um restaurante. Finalmente, no nível superior, está uma série de caminhos que transformam as setas gigantes em um dos miradores mais bonitos da cidade.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Alameda de Hércules - Sevilha

Se você está procurando alguma coisa diferente para fazer em Sevilha, vá para a Alameda de Hércules. A avenida está a 15 minutos do centro e tem de tudo um pouco: cinema, centros culturais, restaurantes, casas de shows e muitos, muitos bares. Com seu clima boêmio e sua agitada vida musical, ir a Alameda é sempre um tiro certeiro.


A história da Alameda começa com a decisão de dissecar o leito de um dos braços do rio Guadalquivir. Em 1574 o espaço foi finalmente ocupado pela Alameda. Apesar de o local sofrer inundações frequentes, foram construídas algumas estátuas, fontes, grandes fileiras de árvores e quatro colunas romanas monumentais. Sobre elas se colocaram duas esculturas realizadas por Diego de Pesquera. Uma era Hércules (fundador mítico de Sevilha) e a outra Julio César (restaurador de Híspalis).


A Alameda foi se transformando com o tempo até se tornar um ponto de encontro e espaço para feiras, festas e festivais. As últimas obras aconteceram em dezembro de 2008. As reformas urbanísticas tinham como objetivo restringir o tráfico de veículos, trocar a terra que cobria o chão do local por piso de concreto, tirar a cerca que protegia as colunas e implantar mais fontes de água.

Com as reformas, o espaço se tornou ainda mais atrativo. A qualquer hora do dia tem gente passeando pela Alameda. De manhã há mais crianças, levadas pelos pais para brincar nas fontes ou nos playgrounds instalados pela prefeitura. Na parte das tarde a avenida ganha mais movimento e o cheiro da comida dos restaurantes invade as ruas. A partir das sete da noite, então, a Alameda começa a encher de verdade.


Como disse, tem coisas interessantes para se fazer em toda a cidade, mas a Alameda é o local que abarca a maior variedade de programas em um único espaço. E isso se reflete nas pessoas que frequentam a avenida, sempre muito diversas. Afinal, a Alameda é também a zona mais musical da cidade. No La Caja Negra se escuta rock, na discoteca Utopia o ambiente é GLS, no Eureka há exposições de fotografia e jam sessions...   E para quem não é de música ao vivo, existe o La Sureña, o Corralon de Esquivel e tantos outros bares para tapear ou tomar uma cerveja.


Por ter essa pegada mais alternativa, a Alameda recebe eventos completamente distintos. Entre os dias 14, 15 e 16 de setembro, por exemplo, o local recebeu o Alamedeando. O objetivo do festival era promover uma série de atividades culturais, como concertos, apresentações e exposições. E enquanto a cidade respirava flamenco, a Alameda recebia bandas de rock progressivo, música eletrônica e ritmos floclóricos, como foi a apresentação do grupo Maravilla Gipsy Band, com seu concerto cigano.



(Vídeo do Maravilla Gipsy Band)

Vira e mexe os bares da avenida promovem algum tipo de evento ou festival. Participei recentemente da abertura dos domingos de flamenco-jazz no bar El Barón Rampante. Durante todo o mês de outubro, músicos convidados comandam a festa no bar, que acontece em forma de improvisação. O resultado foi uma noite cheia de surpresas. A primeira - que eu ainda não decifrei - é porque todo mundo aqui canta tão bem. Uma pessoa qualquer dizia que queria experimentar, subia no palco e soltava a voz. Eu fiquei admirada...!


A segunda é o nível dos convidados que estavam ali aquela noite. O ápice foi quando Lole Montoya, precursora do nuevo flamenco na década de 1970, subiu no palco e presenteou e apresentou duas de suas famosas canções. Eu fui lá pra frente vê-la cantar. Era uma oportunidade única estar ali... A noite terminou com o público pedindo mais: mais músicas, mais festa, mais pessoas subindo nas mesas do bar para dançar flamenco. Já a minha noite terminou comendo tapas... na Alameda (onde mais?).

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Calle Betis - Sevilha

Sevilha não tem mar, mas se você quiser se sentir como se estivesse na praia, experimente caminhar pela Calle Betis em um fim de tarde qualquer!


A rua se encontra paralela ao rio Guadalquivir, que por acaso se chamava Betis originalmente. Apesar de o nome ser outro, o local ainda conserva algumas das suas antigas características, como os cais do século XIX e diversos edifícios antigos.



Este mesmo conjunto de edifícios que se pode ver do outro lado do rio é, inclusive, um dos cartões postais mais conhecidos de Sevilha. Os prédios coloridos, de paredes encostadas e varandas apinhadas de flores, formam o skyline mais típico da cidade. Afinal, a Calle Betis está em Triana, um bairro que já é peculiar por natureza.


Andar pela Calle Betis é um passeio agradável a qualquer hora do dia. Mas a verdade é que a rua ganha um charme especial a partir das sete horas da noite, quando todos os bares já colocaram suas mesas e cadeiras do lado de fora. As oito, o lugar já está cheio de gente bebendo cerveja e tapeando. Como os bares próximos à Ponte de Triana ficam cheios de turistas, também é comum ver algum artista de rua tocando flamenco e tentando juntar algum dinheiro.


A Puente Isabel II, mais conhecida como Puente de Triana é também um dos símbolos do bairro. Ela foi construída em 1854 para substituir a Puente de Barcas, a primeira ponte de Sevilha. O bairro não tinha ligação com a outra parte da cidade até o ano de 1171, quando o califa Abu Yacub Yusuf mandou construir um algo para que a população pudesse ir e vir de um lado ao outro.
(De um lado, a Puente de San Telmo. Do outro, a Puente Isabel II, mais conhecida como Puente de Triana)

Além de ser um dos melhores lugares para aproveitar o fim de tarde, a Calle Betis também é uma ótima pedida para quem quer curtir uma balada. A rua está cheia de pubs e discotecas com entrada gratuita (e boa música) que ficam abertas até 5 ou 6 da manhã, de acordo com a animação do público.