segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Notícias francesas

Quase dois ou três meses sem escrever por aqui. “Logo agora que o blog acabou de fazer um ano”, “logo agora que tantas pessoas começaram a fazer comentários”, pensava. A verdade é que abandonei o blog depois que comecei o intercâmbio.

Quando soube que ia ficar seis meses na Europa, além de todos os pensamentos comuns de um estudante como “vou conhecer um monte de países”, “vou aprender a falar outra língua” e “vou fazer um monte de amigos”, pensei também em como isso ia ser bom para o blog. Resolvi manter o ritmo normal: duas matérias por semana como sempre fiz desde 2009, quando comecei o Eu mundo afora.


(A esquerda, o jardim Le Coq. A direita... também. Oficialmente, o inverno chega só amanhã, mas muita coisa mudou desde que chegamos aqui)

Na primeira semana foi difícil, pois viajei um bocado antes de chegar na minha cidade, Clermont-Ferrand. Uma vez aqui, pensei que teria mais estrutura para escrever devido a prometida rede wi-fi da minha moradia. A primeira decepção foi saber que a internet sem fio não chegava aos quartos: para acessar o blog teria de ir ao hall da minha moradia. Parece bobagem, mas vocês não sabem a preguiça que isso dá...

Mas ok, isso não seria desculpa. No começo tudo caminhou bem. De pouco a pouco, porém, fui deixando o blog de lado. Mesmo os amigos, passei a responder menos. Não posso dizer que a culpa foi do ritmo frenético de aulas por aqui. Minhas aulas mal têm “ritmo”, quanto menos frenético. Como não tenho obrigação de fazer muitas disciplinas, optei por pegar poucas matérias e me dar mais tempo para aprender a língua francesa. Esse, sim, meu objetivo principal.

Os dias foram passando e fui conhecendo pessoas. Muitas. De todas as nacionalidades. A moradia universitária pode não ser a melhor do mundo, pode ter o banheiro fora do quarto e um travesseiro que me dá torcicolo todos os dias. Em compensação, foi a culpada por metade da nossa vida social. Nas primeiras semanas conhecemos vários franceses e pude começar a melhorar o idioma. Com o tempo, a faculdade foi nos apresentando outras pessoas. Mais alguns meses e a famosa “comunidade dos estudantes erasmus” apareceu.

Em um mês eu e minhas três intrépidas companheiras brasileiras tínhamos companhia para tudo. Todo dia alguém aparecia no nosso quarto para conversar. Os jantares eram sempre em mesas enormes, cheios de pratos. Um almoço comum entre nós contava com rostos do Brasil, França, Rússia, Espanha, Eslováquia... Os convites para uma festinha simples na casa de alguém começaram a ser mais freqüentes. As baladas, ou soirées, eram diárias. Literalmente.

Além dos dias de festa em Clermont, já nos aventuramos pelo velho continente e passamos 12 horas na estrada para curtir a Oktobeerfest, em Munique (Alemanha). Nas férias de outubro, eu e duas amigas pegamos o carro e fomos visitar o sul da França: 8 cidade em 7 dias. Num fim de semana comum, fui com um amigo espanhol para Grenoble, uma linda cidade rodeada pelos Alpes, cheios de neve. Agora, aguardamos o dia 24 para uma nova viagem: Natal em Paris, viagem à Madrid e Sevilha, réveillon em Barcelona.

O meu ritmo de vida mudou. Depois de três anos estudando e trabalhando sem parar, tive minha folga. Temos uma prova aqui, um trabalho ali, mas nada de mais. A gente brinca que Deus nos abençoou com um semestre de férias antes de entrar no mercado de trabalho.

O que não falta são histórias para contar por aqui. E prometo que vou escrever tudo, com direito a fotos e casos pessoais, mas vou admitir: agora não. Vou tirar esse um mês e meio que me resta para aproveitar muito. Viajar, conversar, rir. Em fevereiro, quando estiver de volta ao Brasil, o Eu mundo afora volta ao ritmo normal.

Leitores, mais uma vez desculpa. Optei por mergulhar dos pés a cabeça nessa experiência e, por isso, abandonei outras tantas coisas que faziam parte da minha rotina. Mas, se querem saber, foi a melhor opção. Vocês vão ver em fevereiro =]

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Cidade milenar

Os nomes das mais famosas todo mundo sabe: Paris, Toulouse, Lyon, Bordeaux... mas diz aí quem ja ouviu falar de Clermont-Ferrand (e sem ser por minha causa)? Apesar de aparecer pouco, é uma importante cidade. Se levarmos em conta que a França tem lá centenas e centenas de cidades, Clermont chega a surpreender:

- É a 23 maior cidade da França, com cerca de 150 mil habitantes.
- É a 17 maior área urbana do país.
- Abriga a sede da multinacional Michelin (que influenciou fortemente o desenvolvimento local desde sua inauguração, nos anos 1910).
- Ocupa o 16 lugar no ranking nacional de ensino superior do país e abriga 35 mil estudantes, sendo 13 são estrangeiros.

Já dá pra começar a gostar da cidade assim, não? Mas o mais interessante ainda é o fato de a cidade ser milenar: Clermont-Ferrand existe há cerca de 2 mil anos. Para mim, que moro em uma cidade que não tem nem 120, é surreal.

(Um dos primeiros indícios da idade local: Temple de Mercure no alto do Puy-de-Dome. Foto tirada desse link)

Clermont é mencionada pela primeira vez pelo nome Nemossos, um termo gaulês que quer dizer "floresta sagrada". Durante o império romano, Clermont tinha uma população estimada em 15 a 30 mil habitantes, sendo uma das maiores cidades da Galia Romana. Com o fim do império romano, Clermont entra em um momento de trevas e tem seu território invadido por diversos povos gauleses.

En 848 a cidade ganha o nome de Clairmont, em referência a um forte chamado Clarus Mons. Alguns povos lutaram pelo domínio da cidade, nao só político como também religioso. No século X, uma consagrada catedral romana é destruída por alguns exércitos. No lugar, foi construída a catedral de Notre-Dame-de-l'Assomption. Símbolo da cidade, a catedral de estilo gótico foi feita com uma pedra vulcânica largamente utilizada na região e que dá às construções essa cor preta característica.
















(Bonita por dentro e por fora)

A igreja tem uma longa história de vida. Não por menos, sua construção começou em 1248 e só terminou em 1884. Entre os mais de 600 anos de obras, diversos artistas tornaram-se responsáveis pelo local. Além disso, revoltas e guerras destruíram partes da Catedral, o que obrigou os trabalhadores a começarem de novo.

Devido aos seus 50 metros de altura e 108 metros em cada torre, a igreja é o destaque da cidade pode ser vista praticamente de qualquer lugar. Logo ao lado da Catedral, na praça da Vitória, há uma estátua do papa Urbano II, responsável pela primeira Cruzada cristã de que se tem notícia.

(A primeira Cruzada tinha como objetivo deixar a passagem para Jerusalém livre para os cristãos. Mas há controvérsias...)

A essa altura, Clermont era a vila episcopal. Ao seu lado, os condes de Auvergne fundaram a cidade de Montferrand que foi, durante toda a época medieval, a vila dos condes. A união entre as duas vilas demorou um bocado para acontecer, pois tinham uma população e uma cultura muito diferentes. A junção das vilas só foi confirmada em 1731 por Luis XV.

No próximo post conto mais sobre os monumentos e museus da cidade!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Subindo o Puy-de-Dôme

Se tem uma coisa que Clermont-Ferrand tem de sobra é vulcão. Não que aqui tenha um vulcão por pessoa, mas vá lá: para uma cidade com 150 mil habitantes, bastava um. E aqui tem uns 10 vulcões adormecidos. O mais famoso deles é o Puy-de-Dôme que, inclusive, deu seu nome para a região, o departamento de Puy-de-Dôme.

(Lá em cima, o topo do Puy-de-Dôme. Foto tirada desse link)

Esse vulcão adormecido há mais de 12 mil anos tem 1465 metros de altitude. Ele é fruto de duas erupções sucessivas em um espaço de poucas centenas de anos. O Puy-de-Dôme está bem afastado do centro de Clermont-Ferrand. Para chegar até lá é preciso ir de carro, ônibus ou trem. Em compensação, para chegar ao topo do vulcão só há uma forma possível: a pé.

Foi a faculdade que organizou o passeio, na terça-feira passada. Todos os alunos estrangeiros foram convidados para subir até o topo do Puy-de-Dôme. Saímos da faculdade de ônibus e chegamos ao parque em 30 minutos. Lá, nos sentamos para o almoço: uma baguete, um pedaço de bolo de chocolate e uma garrafa d'água (nada mais francês).

(Frango, queijo, tomate, alface e molho de maionese. Dá pra entender porque os franceses adoram "pular" o almoço para comer uma baguete)

A subida começou no início da tarde. O tempo médio de subida é de 45 minutos. Nosso guia nos disse que todo ano há uma disputa aberta ao público para ver quem sobe o Puy-de-Dôme em menos tempo, o Trophée de Muletiers (algo como "o troféu das mulas", nome do caminho que leva ao topo do vulcão). O recorde é do corredor jean-Cristophe Dupont, que fez todo o trajeto em 11 minutos e 8 segundos. Levando em conta a areia escorregadia do caminho e os quase 2500 metros de trajeto no sol, posso afirmar com toda certeza que ele foi muito rápido.

Nós demoramos quase uma hora. Um monte de gente nos passou, incluindo pais com crianças de colo e velinhos da terceira da idade. Mas a gente estava sem pressa nenhuma. A cada bela paisagem que se abria lá do alto (e são muitas) a gente parava para olhar ou tirar uma foto.

(Não há idade para subir o Puy-de-Dôme)

Já no meio da subida é possível ver a sequência de vulcões da região, conhecida como Chaîne de Puys. Para mim, que o mais perto que eu já cheguei de um vulcão foi a cidade de Poços de Caldas (já tão desenvolvida que você nem notaria que aquilo está dentro de um vulcão se não te falassem), é uma imagem de tirar o fôlego.

(Uma paisagem fora de série para nós, brasileiros. Até então, eu só tinha visto vulcões pela TV)

Quando cheguei ao topo do Puy-de-Dôme tive outra surpresa. Lá em cima, resquícios de um templo construído nos séculos I e II pelos Gallo-Romains, povo originário da civilização celta que habitava uma parte do território gaulês. A construção, dedicada ao deus Mercúrio, foi abandonada no século II ou IV e redescoberta só em 1873, na época da construção de um observatório atmosférico.

O Laboratório de Metereologia de Montanha e a imensa antena de TV, no topo do vulcão, também são construções interessantes. É possível ver o Puy-de-Dôme de qualquer ponto de Clermont-Ferrand e o formato dessas construções lembra uma grande nave espacial pronta a ir para o espaço.

(A esquerda, as ruínas do Templo de Mércurio. Ao centro, a Nasa entra em ação)

O Puy-de-Dôme é um dos pontos turísticos mais visados da região de Auvergne, com mais de meio milhão de visitantes por ano. O local também é muito frequentado pelos adeptos do parapente e da asa-delta, tanto pelo visual quanto pelas boas condições metereológicas para vôo. Em 2008, o governo da região aprovou a construção de um caminho de ferro até o topo do vulcão. A conclusão do projeto está prevista para 19 de junho de 2010, data de nascimento do físico Blaise Pascal, nascido em Clermont Ferrand. A ideia é possibilitar que portadores de necessidade especiais e outras pessoas também possam visitar o local. Mas que fique claro: a visita a pé ainda vale a pena!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Em detalhes

Detalhes, histórias e lugarzinhos que fazem de Vichy uma cidade memorável (e não apenas pelos cosméticos milagrosos!)
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(A cúpula de um dos estabelecimentos de tratamento com águas termais)

(Uma das estações de águas termais de Vichy, no Parc des Sources. Para pegar um pouco de água é preciso de receita médica)

(Luxuosos hotéis. Cores calmas e sacadas em ferro fazem a graça dos prédios da cidade)

(O caminho coberto do Parc les Sources que mais parece cenário de filme dos anos 20)

domingo, 12 de setembro de 2010

Agradável Vichy

Na hora em que pensamos em Vichy, uma de nós já soltou: "lá é a terra dos cremes. Vou comprar um monte de Vichy pra usar. Quem sabe dá pra levar pro Brasil e vender mais caro também?". E foi assim que começou a proposta da nossa primeira viagem pela França. Por sorte, percebemos logo de cara que a pequena cidade francesa era muito mais do que seus cosméticos.

Vichy (pronuncia-se Vi-chí), está a 50 km de Clermont-Ferrand e tem cerca de 25 mil habitantes. O turismo local é voltado principalmente para o uso terapéutico ou estético das suas águas termais. De Vichy brotam fontes de águas termais ricas em bicarbonato de sódio e gás carbônico, que ajudam no tratamento de problemas de fígado, vesículas, estômago, pâncreas e intestinos. Suas águas (e seus benefícios) já eram conhecidos desde 52 a. C., o que fez a cidade prosperar economicamente e em grande velocidade.

(A cidade é cheia de grandes e luxuosos hotéis que recebem pessoas do mundo inteiro, principalmente por causa das suas águas termais)

Durante a Segunda Grande Guerra, entre os anos de 1940 e 1944, o governo francês se mudou para a cidade e ela se tornou a capital da França. A escolha de Vichy como sede do governo francês deu-se por diversos fatores, entre eles a proximidade com Paris e a grande capacidade hoteleira local.

Dá pra perceber que a cidade sempre foi chique! Além dos caríssimos tratamentos termais, a cidade conta com um imenso campo de golfe de 5 km no meio da floresta, um Hipódromo, um Casino e diversas galerias de arte e roupas de marca. Só coisa de gente rica ne? Nós, quatro estudantes brasileiras que ainda não conseguimos parar de ficar convertendo euros para reais a cada compra, aproveitamos Vichy de um outro jeito.

Feita de casas e parques

A passagem de trem para Vichy era bem barata. Na França, quem tem entre 18 e 25 anos pode fazer uma carta para conseguir descontos em passagens de trem. A carta custa 50 euros e vale até você passar dos 25. Com ela, a passagem custou 4,80. Sem ela 7,20. Barata, de toda forma.

Saímos de Clermont às 8h30 e em trinta minutos chegamos ao nosso destino. Como já disse, nada na França parece começar antes das 10h, então a cidade ainda estava um pouco parada. Passamos pelo chiquérrimo Hotel de Ville, que hoje é a prefeitura da cidade. O local foi construído em 1925 em estilo neo-renascentista. Uns passos a mais e estávamos na Place Charles de Gaulle, uma praça um tanto quanto movimentada para aquela hora do dia. Entramos em uma padaria/confeitaria e ninguém foi capaz de recusar seus quitutes.

(Já deu pra perceber que esse é o meu mal ne? Vou postar fotos dessas delícias açucaradas em quase todos os post...)

Depois do lanchinho, fomos até a Avenue Du, a avenida mais comercial da cidade. Paramos em uma farmácia e começou a sessão de beleza da linha de produtos Vichy. Durante todo o passeio não vimos nada de mais em relação à marca de cosméticos. Não sabemos se é na cidade que os produtos são produzidos ou se eles usam as famosas águas do local para isso. De toda forma, eles são muito baratos. Um pote de creme hidratante por 9 euros, enquanto no Brasil custaria mais de 70 reais e por aí vai. Sou um homem em relação a essas coisas: não compro hidratantes e tenho preguiça de usar, mas garanto que as meninas fizeram a festa!


(A Avenue Du e as Passages, ruazinhas transversais exclusivas para pedestres que guardam lojas de roupas, sapatos e toda espécie de coisas. A cidade tem várias delas)


Já na loja de doces, fui eu a primeira a entrar. Vichy também é famosa por suas pastilhas. Produzida com as águas termais da cidade e a partir de uma série de condições físico-químicas, elas eram quase um remédio para os oradores na época de sua criação. Depois, aos doceiros da região também começaram a produzir balas de diversas espécies. Compramos alguns potinhos de 1 euro e trocamos os sabores.

No meio da Avenida entramos na igreja de Saint Louis, construída de 1861 a 1865 a pedido de Napoleão III, o mais ilustre morador da região e incentivador do seu desenvolvimentos. Os nove vitrais na nave da igreja representam os santos da família imperial. O local é bonito, mas devo admitir que a própria Catedral de Clermont é infinitamente mais bonita e encantadora.

(Igreja de Saint Louis)

Depois fomos ao Parque des Sources, ou parque das fontes. Uma coisa interessante de Vichy é quantidade de área verde. A cidade já recebeu diversos prêmios nacionais de patrimônio natural devido as suas diversas espécies de árvores e flores. Os parques circundam praticamente toda a margem do grande lago de Allier, o principal da cidade. Eles são dotados de playground, mesas de ping pong, quadras ára esportes, campos de mini golfe e uma série de atrações para todas as idades. No verão eles viram o grande point da cidade e até uma "praia" é instalado no local.

(Essa é a ponte que atravessa a cidade. A tarde, sentamos em um desses parques para aproveitar o pôr do sol. Demos sorte também: o único quiosque aberto ia fechar aquele dia por causa do fim da temporada de verão e estava vendendo qualquer sorvete por 1 euro!)

O Parque de Sources é o único longe das margens do Rio. Ele foi construído em 1812 a mando de Napoleão I e está no bairro mais antigo da cidade. Ao seu redor estão todos os divertimentos da cidade. O parque tem esse nome por guardar algumas das mais importantes fontes da cidade. Ao seu redor há uma linda galeria coberta em ferro que foi construída para facilitar o trânsito das pessoas entre as fontes e as termas.

Ali perto estava uma estranha construção: duas igrejas completamente diferentes, mas uma do lado da outra, unidas entre si. Uma delas é do século XV, se chama Eglise Saint-Blaise e ficou famosa por ter atendido a diversos milagres já nos anos 1900. A outra é exatamente do século XIX e foi construída com o intuito de aumentar a primeira. Ela se chama Notre-Dâme-des-Malades e guarda um estilo art-déco.

(Então fomos para o Parc des Sources escutar o Le Quartet Steamin, que estava se apresentado todas as manhãs de setembro por lá. Eles tocam Swing, Be pop, Jazz, Bossa Nova, mas de animado não tinha quase nada...)

Depois visitamos a Ópera e o cassino da cidade. Não dava para entrar nos lugares, pois eles estavam sendo arrumados para abrigarem eventos diversos naquela noite. De fora o lugar já era enorme e muito bonito. O mais engraçado dessas cidades é imaginar como elas funcionavam nos seus anos aúreos, no século XIX, quando homens e mulheres vestiam suas melhores roupas para assistir a peças de teatro e musicais.

O almoço foi tranquilo. Encontramos um restaurante pequeno que servia comida boa e rápida. O lugar se chama Le 104. As meninas pediram massa e eu uma salada. Cada porção ficou por 5,50 euros. O próximo lerê do dia seria dar a volta na cidade de trenzinho. Porque, vocês se perguntam. É fácil: Já tinhamos andado muuuito mas, mesmo assim, não conseguiriamos ir a certos lugares a pé se quisessemos andar com calma e aproveitar a cidade. O trem nos levaria nesses locais, além de ter um audio-guia que contava a história das cidades e dos seus pontos turísticos.

(A esquerda, o trenzinho La Mouette II. A direita, uma casinha em estilo inglês)

Era um pouco salgada - 6 euros o passe adulto - mas valeu a pena. Entre as atrações pelas quais passamos estavam o Castelo Franco, construído ainda no século XV e redecorado em estilo néo-gótico, a fonte de águas de Celestin e em diversas ruas residenciais famosas pelos suas construções arquitetônicas, de inspiração colonial, inglesa ou suiça. Depois dos parques, essa foi a outra coisa que mais me chamou atenção na cidade: suas lindas casinhas de sacadas trabalhadas em ferro. Dá vontade de morar em uma delas. Também fomos à borda do rio Aillers, conseguimos ver o Hipódromo e o campo de golfe do outro lado da margem.

Ao fim do passeio de trenzinho, fomos à Les Boutiques du Forum, uma galeria com lojas de arte e souvenirs turísticos. Com todos os "lerês" compridos, voltamos àquela rua movimentada e nos deparamos com um grupo de danças folclóricas e históricas da França!

(A gente conversou nesse mesmo dia sobre como não conhecíamos nada que fosse típico da França em termos de música)

Depois de ver o sol cair às margens do Rio d'Allier, voltamos a área central da cidade e sentamos em um barzinho para esperar o nosso trem, que só ia partir às 22h20. Como qualquer cidade francesa (pelo menos até agora) desde às 20h tudo já estava fechado. No bar só tinha nós 4 e mais um outro casal, que não se demorou. Jogamos conversa fora até anoitecer e voltamos felizes. Perguntamos para o pessoal aqui da moradia se eles conheciam a cidade e muitos disseram que não ou torceram a cara, falaram que era um lugar pequeno e que não tinha nada para fazer. Realmente, um dia foi o suficiente para considerar Vichy como um lugar encantador e não entediante.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Diferenças culturais

Os hábitos franceses me deixam cada dia mais curiosa. Adoro sentar no parque, ou mesmo no hall da minha moradia, para observar as pessoas. Eles não são tão diferentes assim de nós e, provavelmente, de todos os outros seres humanos do mundo. Todos gostamos de conversar, de andar em grupo, de escutar música, de ficar na internet...

Mas o que não é a cultura, não é mesmo? Há certos hábitos e atitudes que são simplesmente únicos. A primeira coisa que me chamou atenção foi o tom de voz, como disse no outro post. Os franceses falam baixo, seja no telefone, seja ao vivo. Claro que existem suas exceções. Adolescentes, por exemplo, são adolescentes em qualquer lugar do mundo, e eles falam alto. Mas, mesmo assim, não tanto quanto no Brasil. A regra também vale para bares e boates: algumas pessoas podem até elevar o tom de voz, mas o ambiente não fica chato ou insuportável.


(A loja Virgin é gigantesca. É uma Leitura Megastore mil vezes maior. E eles ainda vendem - muitos - discos de vinil. Sempre cheia de pessoas e músicas, o barulho é bastante suportável)

As pessoas aqui também parecem não ter pressa. Em Paris, capital, ou em Clermont-Ferrand, minha cidadela do interior, as pessoas não correm. Elas andam normalmente, como se estivessem passeando. Deve ter alguma coisa a ver com a eficiência do transporte público. Afinal, eles tem metro. É barato, rápido, e se você perder um não precisa esperar nem 10 minutos para pegar o outro. Além de não correr o risco de pegar engarrafamentos.

Pra comer é a mesma coisa: pressa nenhuma. Quase todos têm cerca de duas horas para almoçar. Sair do trabalho, ir a um restaurante ou em casa, sentar, esperar a comida, comer, conversar, voltar ao trabalho. Coisa que nós, brasileiros, fazemos em uma hora. Coisa que certas pessoas sequer fazem (pois pulam o almoço ou comem fast-food).


(O famoso Croque Monsieur, um grande misto quente, só que com queijo e pesunto do lado de fora. Até isso vem com uma saladinha)

E por falar em comida, como eles comem. Um prato de almoço tem entrada, prato principal e sobremesa. E um pãozinho pra acompnahar que ninguém é de ferro. Ainda assim, eles são magros. Não são magros esqueléticos, mas não se importam tanto com o peso como no Brasil. As pessoas comem sem pensar se aquilo tem 3 ou 300 calorias. A diferença está nas escolhas. Vou copiar aqui um típico menu francês para toda a semana:

SEGUNDA: Salada de beterrabas com croutons, couscous de cordeiro com legumes cozidos, iogurte e frutas da estação.

TERÇA: Salada de cenoura ralada com molho de limão, carne de porco ao molho de mostarda, ervilhas, queijo branco e frutas caramelizadas.

QUARTA: Alface com abacate, bife grelhado com feijão, nectarina e salada de frutas.

QUINTA: Salada de batatas, bife de peru ao molho de curry com vagem, queijo dos Pirineus e frutas da estação.

SEXTA: Salada de cenoura, xuxu e milho, bacalhau ao molho holandês, arroz com legumes, queijo camembert e creme de chocolate.

Tirei essa lista do livro Français, je vous haime. Agora, de onde vocês pensam que saiu essa lista: de um restaurante comum? Da sala de almoço dos funcionários de um museu? Do pessoal da Air France? Este é um menu de uma escola primária de Paris. No último dia do mês tem batatas fritas, só dois dias do mês não têm salada como entrada e doze dias da semana ofecerem frutas da estação como sobremesa. Como diz o autor, os franceses não precisam de ninguém para lehs dizer o que faz bem ára suas crianças. As pessoas criam o hábito de comer equilibradamente desde pequenas.

Deveríamos imitar os franceses em certos aspectos. Quer um exemplo? Os franceses adoram não trabalhar. Pela regulamentação nacional, o trabalhador deve pegar na labuta só 35 horas por semana. E ai do político que quiser aumentar. Segundo o livro que estou lendo, tudo é motivo para greve. E pelo visto Stephen Clarke está certo porque hoje a França está de greve pelos aposentados. Os restaurantes universitários, por exemplo, não vão funcionar a noite. O moço da recepção até brincou: "c'est pour travailler moins et gagner plus" (algo como, é para trabalhar menos e ganhar mais). As greves aqui são mais do que um direito dos trabalhadores, são quase institucionais.

(Pra quê trabalhar, afinal?)

De toda forma, o francês leva a sério o ditado de "eu não vivo para trabalhar, trabalho pra viver". As lojas abrem às 9h ou 10h e fecham às 19h. Isso inclui shoppings, supermercados e grande parte das lanchonetes. Os bares (e são poucos) ficam abertos até 1h da manhã. Domingo é o pior dia: as cidades parecem um cemitério. Nada abre.

Outra coisa interessante é como as pessoas se apropriam dos espaços públicos. Há pessoas às margens do Rio Sena de segunda a segunda. Elas correm, tocam instrumentos, jogam conversa fora. A noite é hora dos piqueniques e jantares a luz de velas. Acontecem até cursos de dança de salão. Essa regra de estende por todos os parques e praças. Seja em Paris, seja em Clermont.


(Crianças brincando em uma estátua de cabeça em Paris. O resto da praça estava cheio de pessoas, e era uma simples terça-feira)

(Pessoas nas margens do rio Sena. Se pelo menos o Arruda tivesse margem...)

sábado, 4 de setembro de 2010

A gentileza francesa

Estou triste pelos franceses terem fama de serem arrogantes e sem educação. No momento, inclusive, estou lendo um livro que se chama Français, je vous haime, uma piada com as palavras aimer (amar) e haine (ódio). O autor é Stephen Clarke, um inglês que passou grande parte da sua vida adulta na França e adora zuar com os hábitos e a tal "arrogância" francesa. Nesse livro, ele fala muito mal dos franceses, dá exemplos de como eles podem ser extremamente chatos e afirma que "os franceses sempre têm (ou acham quem têm) razão".


(Plena treça-feira, as pessoas lotam a praça de um bairro qualquer. Outro hábito do francês é o uso constantes dos espaços públicos)

Ainda não acabei de ler, mas o livro é uma piada e faz jus a todas aquelas ideias que temos sobre os franceses. A questão é que, sinceramente, os franceses são muito mais educados do que as pessoas dizem que são. Estou na França a uma semana e posso mudar de opinião, mas até agora não tive motivo nenhum para reclamar de um francês sequer. Levei uma patada de uma mulher que tinha uma loja na frente das Galerias Lafayette. Como não sabia falar lenço, ela não entendeu o que eu queria e gritou: quê que você quer? Mas grandes coisas, foi um único caso e os comerciantes no Brasil são iguais.

No mais, todos os garçons, vendedores, atendentes, professores e pessoas que tive contato até agora são ótimas. Gentileza talvez seja a palavra. As pessoas não reclamam muito, não se xingam muito e nem sequer falam alto. Elas falam em um tom normal. No metro, mesmo lotado, você não escuta risos escandalosos, gritos ou crianças berrando. Tanto que não dá pra escutar uma ou duas conversas em particular, você escuta um burburinho das pessoas que estão falando. Uma mulher que estava na minha frente no metro falava tão baixo que eu podia jurar que ela não estava conversando, só mexendo a boca.

Deve ser algo ligado a educação. Os pais educam as crianças desde cedo a serem quietas. Sempre que uma falava mais alto os pais faziam "Shhhh!". A única vez que vi um francês nervoso foi ontem, quando uma criança sem querer derrubou um copo de água no chão. Ele gritou e olhou pro menino com um rosto de ódio. Depois, o pegou pelo braço e saiu andando com raiva. O menino parecia apavorado, ele não soltou uma palavra sequer. Na mesa comentamos "credo, é só uma criança, acontece". Essa parece ser a diferença: não é que os franceses reprimam seus filho (bem, talvez sim), mas para eles não pode haver muitas falhas, nem choros os barulhos escandalosos. É uma educação mais rigorosa e começa desde cedo.

E viram adultos educados. Absolutamente TODOS os vendedores lhe dão "bonjour" quando você entra e "au revoir" quando você sai, e não parece que façam isso por obrigação. Até hoje, todas as pessoas que pedi alguma informação foram extremamente solícitas. Elas não só explicavam nos mínimos detalhes, falando calmamente, como chegavam a ir até o lugar para nos mostrar o caminho. Quando minha amiga saiu da estação de metro e quando chegou na moradia encontrou pessoas que a ajudaram a carregar a mala (uma grande mala) escada acima.

Fico triste pelos franceses... Enquanto isso, nós somos considerados o povo mais acolhedor de todos. Quando falamos que somos do Brasil as pessoas soltam um sorriso ou dão aquela "sambadinha". Mas poucos têm paciência para ajudar os outros.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Comer e beber em Paris

Em três anos de estudos de língua francesa no Brasil, o que mais escutei e aprendi foi sobre comida. Ok, a França é o país da gastronomia. Particularmente, eu acho esse título uma sacanagem, porque todo país tem suas especialidades. Assista a um só episódio daquelas séries aonde as pessoas viajam o mundo para comer e você vai ver que na Índia ou na Itália também existem mil pratos diferentes. Mas tudo bem, isso é uma questão histórica e, no caso da França, está mais ligado a "alta" gastronomia do que tudo. Afinal, aqui você encontra alguns dos melhores chefes e dos melhores pratos já criados pelo homem.

Mas é difícil participar tão ativamente da alta gastronomia se você não tem muito dinheiro. Então, como (e quanto) é comer e beber em Paris? Nunca li em nenhum lugar quanto se gasta comendo pela cidade luz. Esse post, então, é um pequeno guia sobre o assunto.

De forma geral, o café da manhã de um francês é composto por cereais, pão com queijo e/ou presunto, croissants, brioches, pequenos crepes recheados com geleia ou nutella, alguma fruta e uma bebida (leite, suco ou café). Tomei café da manhã no Ibis Paris Tour Eiffel. O preço por isso tudo eram incríveis 7,50 euros. A variedade compensa bastante o preço. As brasseries, ou padarias, abertas desde cedo vendem os quitutes separadamente. A maioria costuma oferecer um menu de café da manhã, como em um hotel.
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(Diz aí se não parecem deliciosos? Um croissant grande custa mais ou menos 2 euros)

No almoço, o garçom sempre leva pão para o cliente beliscar antes da comida chegar. E não precisa ficar com medo de comer pois é cortesia da casa. Outro costume francês é comer queijo depois das refeições. Há uma parte especial no cardápio para você escolher o queijo que vai pedir depois do prato, engraçado não? E a variedade de queijos é realmente surpreendente. É possível comer um queijo diferente a cada dia do ano e ainda não provar todas as variedades. Os mais comuns são o ementhal (aquele dos desenhos, cheio de buracos - muito usado nos mistos quentes), o gruyère e o brie. Esse último tem uma camada de mofo por fora, e não é o único. Há vários desses e parecem ser de bastante prestígio.
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Mas no almoço a coisa complica em vários aspectos. O primeiro é a forma de pedir. A comida vem sempre "empratada" em versões individuais. Individuais mesmo. Aqui não tem fartura. Essa de "é pra um mas comem dois", como acontece no Brasil ou em Portugal, não cola. E, infelizmente, o self-service ainda não chegou por aqui. Ou até chegou, mas não fez sucesso. A ideia é chegar ao restaurante e pedir o prato do dia, que é normalmente a opção mais barato dos restaurantes. Eles sempre deixam a opção de prato do dia e o preço a vista do cliente.
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Há também outras opções. Se você pedir o "menu" vai escolher direto no cardápio. Pode ser uma entrada + prato, ou prato + sobremesa, ou entrada + prato + sobremesa. Você pode dar a sorte de ir em um lugar e sair vazio, satisfeito ou empanturrado, mas vai pagar o mesmo em qualquer opção.
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(Restaurante Les Delices du Manom. A comida mais gostosa que comi por aqui... Nessa, o prato do meu pai: bife de pato com batatas)

O segundo problema inclusive, são os preços. Comer em Paris é muito caro. Para mim, que saí de Portugal então, nem se fala. Lá, o prato do dia super farto era de 4 a 6 euros. Aqui, um prato do dia com menos comida é de 10 a 2o euros. O menu fica ainda mais caro, de 13 a 25 euros. Há também os locais mais baratos e mais caros para se comer. Os arredores do Quartier-Latin, de Montmartre e do Les Halles são mais baratos. Os mais caros - como não deixaria de ser - são os restaurantes pertos de grandes pontos turísticos, como a Torre Eiffel o Arco do Triunfo, na Av. Champs-Elysées.

Os pratos franceses podem não ter nada de especial. Até então provei bife à Bourgnon, que tem um nome muito bonito mas não é nada mais nada menos que bife com um molho tipo madeira, e salmão com legumes. A graça do que eles fazem naõ é a carne, mas o molho. Até as saladas são deliciosas porque o molho deles é muito bom. Caviar, escargot e coxas de rã eu dispenso!

(O meu prato no Delices du Manom: salmão com legumes cortados a Juliana! Esse tipo é quando cortam os legumes bem fininhos. O molho era maravilhoso)


Escolher a bebida é quase uma arte. Um suco (e eles não têm sucos feitos na hora) custa cerca de 5 euros. Uma coca-cola, um ice tea ou um chocolate quente, cerca de 4 euros. Já um copo de vinho custa quanto? De 4 a 6 euros. A bebida é extremamente comum por aqui, seja no almoço ou no jantar. Agora, o mais estranho mesmo é a água. Uma água engarrafado de 350 ml custa cerca de 3,50 euros, o que é muito caro.
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Em compensação, se você pedir uma garrafa de água eles normalmente vão trazer uma garrafa de água de torneira. E gratuita! Para nós brasileiros é muito engraçado a água ser tão caro. Fui à Galeries Lafayette e comi um grande pedaço de torta folhado de frutas vermelhas por 5 euros, quase o mesmo preço da água.

E por falar em doce, a Europa está recheada deles. E são deliciosos. O chocolate, o sorvete, os biscoitos e todas as delícias açucaradas desse continente são ótimas. Isso porque o doce delesnão é tão doce quanto o nosso. Eles usam menos açucar e muito menos conservantes. Não é a toa que a única encomenda da minha mãe foi: "traga muuuito chocolate". Uma barra custa cerca de 1,50 euros (até convertendo pro real vale a pena).

(A máxima "também se come com os olhos" é levada a sério por aqui! Uma torta dessas custa cerca de 5 euros. Em Portugal seria uns 3 euros)

Posso ser fresca para comidas de sal, mas quando o assunto é doce a ideia é provar de tudo. Croissant com chocolate é ótimo e tinha todos os dias no café da manhã. O famoso Crème Brûlée (cerca de 6 euros) também é uma delícia: é um creme amarelo gelado que eles colocam açucar em cima e queimam com um maçarico, criando uma casquinha quente bem fininha.

Quanto aos "lerês" de marcas de doces também já fiz todas. Fui comer macarons na luxuosa Ladurée (é por peso e 8 unidades ficaram 9,50 euros) e tomar sorvete na Berthillon. Existem diversar lojas que vendem o sorvete por aí, mas a original fica na Ilha de São Luís e, por incrível que pareça, é mais barato que nas filiais. Uma minibola é 2 euros. É caro pela quantidade, mas o sorvete é muito. É aquela pequena extravagância que a gente faz, tipo comer um Magnum Cokies uma vez por mês.

domingo, 29 de agosto de 2010

De cabeça pra baixo

Blog pseudo-abandonado por bons motivos: estou na Europa começando o sonho dourado do intercâmbio. Demorou tanto... mas chegou! Ainda não sei quais serão meus horários na faculdade, minha disponibilidade de acesso a internet e minha rotina local... como disse, minha vida anda de cabeça para baixo nesses dias, mas espero poder postar tudo o que venho anotando desde o dia 25 de agosto, quando embarquei no aeroporto de Confins.

A viagem foi tranquila e com uma boa coincidência. Mesmo sem a chamada da aeromoça, uma fila se formou na frente do meu portão de embarque. Levantei e perguntei a uma menina se aquela era a fila para Lisboa. Ela me informou que sim e começamos a conversar, até que perguntamos nossos nomes e conferimos nossos bancos: 27 A e B. Sentaríamos do mesmo lado. Além disso, ela também era da UFMG e estava lá para um intercâmbio de um ano na Universidade de Coimbra. Sentamos juntas e nos ajudamos a passar aquelas 8 horas de voo de uma forma mais rápida.

Chegando a Lisboa era preciso pegar um avião para o Porto, meu destino final. Tinha duas horas para passar pela imigração, chegar ao outro lado do aeroporto e esperar o próximo voo. Tempo de sobra, não? Meu pai até brincou: "aproveita e já come o primeiro pastelzinho de nata em Portugal". Mas vocês não tem ideia do tamanho do aeroporto de Lisboa. Ele é imeeeenso. Além da fila da imigração (e do tão esperado e teso carimbo no passaporte), tivemos que sair literalmente correndo até o fim do terminal 1, pegar um ônibus para o terminal 2 e embarcar.

Tudo pronto, cheguei a Porto sem maiores problemas ou malas extraviadas. Passei três ótimos dias com parte da minha família que mora lá na cidade. Como planejado, meu pai chegou ontem e então embarcamos para Paris, onde estou neste exato momento. Aqui, na verdade, já são 23h10 e estou aproveitando esse tempinho de rede wi-fi para dar uma notícia.

Chego em Clermont-Ferrand no dia 1º de setembro e então organizo minha vida. Tenho muitas coisas a resolver por lá, como o meu apartamento na moradia, as matérias que farei durante o intercâmbio, questões de dinheiro e celular e tudo o mais que envolve passar 5 meses fora de casa. Até que tudo se organize, não sei qual será minha frequência por aqui, mas prometo entrar sempre que puder. Tenho muito o que contar e mostrar nesses 5 dias de viagens, casos e fotos!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Desafio Suco

Depois do Desafio Pão de Queijo, resolvi me lançar em uma nova empreitada. Primeiro porque gostei da peregrinação por Belo Horizonte. Segundo porque comi um monte de coisa gostosa. E terceiro (e talvez o mais bacana) porque sinto que conheci mais sobre a cultura da minha cidade e do meu país assim.

Como estou numa fase muito saudável da minha vida escolhi testar todos os sucos de BH e fazer o Desafio Suco! O esquema é o mesmo do anterior: tomei como base a revista Veja Comer e Beber em Belo Horizonte. Na revista há uma lista com os 10 "melhores" sucos da cidade. Coloquei melhores entre aspas pois, obviamente, há controvérsias. Duvido muito que os jurados visitam todos os estabelecimentos para dizer qual deles é o melhor. Uma das formas mais fáceis de comprovar isso está na própria revista, pois alguns jurados votam em um local que sequer aparece na lista dos 10 "melhores". Dessa vez, além da lista oficial coloquei também a lista dos jurados. Foram 12 sucos no total.

(No Néctar da Serra o cliente pode escolher se vai bater sua bebida com água, suco de laranja, leite, iogurte, água de coco ou sorvete de creme. Foto tirada desse link)

Julgar sucos foi difícil. Primeiro tive que estabelecer algumas regras básicas. A primeira delas foi excluir qualquer mistura que tivesse algum tipo de bebida alcoólica. A segunda foi sempre pedir o tamanho médio (500 ml) para ver se a bebida enjoava depois de um tempo. A terceira, e mais difícil, foi decidir não provar a mesma coisa em todos os lugares. Julgar coisas iguais é complicado. É preciso um paladar apuradíssimo. Vamo supor que eu escolhesse pedir suco de laranja e acerola em todos os lugares: como diferenciar 12 sucos iguais?

Mas esse nem era o mais problema, pois talvez desse certo. O problema mesmo é que eu seria injusta em pedir a mesma coisa em todos os lugares. E se o suco mais famoso de um lugar "x" fosse todo feito com frutas da Amazônia? E se a graça do estabelecimento "y" fosse um suco com 5 tipos de frutas diferentes? Eu ia chegar e pedir um simples laranja com acerola? Assim, decidi chegar no lugar e perguntar sempre a mesma coisa: "qual o suco que sai mais? O que você me indica?". A resposta seria o meu pedido.

(Vai por mim, trocar o refri por um suco é sempre a melhor opção! Foto tirada desse link)

Segue abaixo a minha lista pessoal dos sucos da revista Veja Comer e Beber em Belo Horizonte 2009-2010, do pior para o melhor. O preço que aparece diz respeito ao suco que pedi. Em quase todas as lojas o valor varia de acordo com a combinação escolhida.

Ah, a propósito, assim que acabei o desafio chegou a revista 2010-2011. Em uma rápida comparação vi que dois endereços daqui haviam saído e um endereço tinha sido incluído, a lanchonete Smoo. O local foi inaugurado em dezembro passado e serve smoothies, um tipo de bebida feita com suco e sorbet, um sorvete a base de água. Na dúvida, provei também! A mim, ele parece mais um milk shake do que um suco pelo fato de ser extremamente cremoso e gelado como um sorvete, por isso não inclui na lista.

Açai Sabor e Energia
O nome do suco que a moça disse que mais saía era Energimix, com guaraná em pó, xarope, açai, frutas, mel, limão, granola e leite. Achei incoveniente só ter sucos de 700 ml. Como não tinha tempo de beber tudo lá, falei que queria levar. Eles me entregaram o suco em uma embalagem horrorosa que dava até nojo de beber depois. Não queria falar dela, já que isso não tem lá muito a ver com o gosto do suco, mas não consegui fingir que isso não aconteceu. O suco é ruim. Açai no suco é um erro. Se você quer suco de açai ok, mas se você quer açai com outra coisa pode esquecer porque tudo fica com gosto dessa fruta. Só senti gosto de açai, granola batida e mamão (quer dizer, eu acho que era mamão).
Endereço: Rua Pouso Alegre, 1154 - Floresta
Preço: R$ 6,50 - 700 ml

O Ponto da Energia
O pior atendimento de todos. O moço só falava "todos saem muito". Foi a única vez que escolhi o suco sozinha. Pedi o anti-fome, um suco estava indicado na revista, mas eles não serviam. Fiquei me perguntando quem escreve as matérias na Veja e como fazem para terem informações tão erradas. No fim, o suco que escolhi tinha agrião, própolis, limão, mel, acerola, laranja e xarope de guaraná. Eles bateram tanto que o suco ficou ralo. Só dava pra sentir o gosto de guaraná e agrião (e o azedinho da laranja e da acerola). Bem mais ou menos. E, pra completar, enquanto estava olhando o cardápio vi que eles colocam o suplemento abulmina em alguns sucos. Isso é errado, não?
Endereço: Rua Pouso Alegre, 884 - Floresta
Preço: R$ 2,00 - 300 ml / R$ 3,00 - 500 ml / R$ 4,50 - 700 ml

Guaraná e Cia
Não sei o que dizer sobre esse suco. E isso não é bom nem ruim, eu simplesmente não tenho palavras porque não tenho com o que comparar. Diferente, gostoso, estranho, sei lá. Tomei o Raimundão, com guaraná em pó, xarope, amendoim, castanhas de cajú e do Pará, mel, limão, catuaba, marapuama e leite. Como uma das regras é nada de bebidas alcoólicas, pedi pra tirar. Perguntei se mudaria o gosto e ele disse que não pois o que mais realça é o leite e o amendoim. Ia tirar a catuaba e o pó de marapuama, que vinham juntos. Quando vi o suco rolou um preconceito porque ele tinha uma cor feia, meio marrom claro. Mas que cor teria algo que mistura leite, amendoim e guaraná, afinal? Enfim, era gostoso. Como disse o moço, só senti gosto de leite, amendoim e castanha, muitos pedaços de amendoim e castanha, por falar nisso. Nada de economia. É um suco pra dar aquela "sustança". Estava exageradamente doce, mas bom. Peculiar, eu diria.
Endereço: Mercado Central (Av. Augusto de Lima, 744 - Centro), loja 130
Preço: R$ 3,70 - 500 ml / R$ 7,00 - 750 ml

Sabor Sutil
Foi a loja mais feia que visitei. Se não estivesse na revista jamais entraria lá (mais um dos motivos que me fazem duvidar dessa lista da Veja). O garçom me disse que o mais vendido era o de frutas: abacaxi, laranja, banana e mamão. Pedi um suco e ganhei uma vitamina. É bem pesado, mas se essa é a proposta, eles cumpriram bem, pois estava gostoso. Para o meu gosto um pouco de água caía bem.
Endereço: Rua Inconfidentes, 978 - Savassi
Preço: R$ 3,50 - 400 ml

Ponto do Açai
Escolhi o Suco do Ponto, com morango, framboesa, amora e melancia. Uma mistura de frutas vermelhas. O suco é encorpado e muito refrescante, principalmente pelo fato de o gelo vir triturado e não em inteiro. O morango e a amora se destacavam mais. Em compensação, não senti gosto nenhum de melancia e o achei o suco um pouco aguado... O atendimento foi ruim. Ninguém sabia me indicar o que mais saía, nem a própria dona. (Só um P.S.: para mim, essa é a casa com o melhor creme de açai da cidade! Não se pode ser bom em tudo...)
Endereço: Rua Passatempo, 558 - Sion
Preço: R$ 4,90 - 300 ml / R$ 5,90 - 500 ml

Carioca da Esquina
A loja estava uma zona. Talvez fosse o horário... era 18h e parecia que todo mundo que saía do trabalho passava lá. A dona era a única para atender todo mundo enquanto as cozinheiras serviam. Ela foi um tanto grossa: pedi uma opinião e ela me disse ironicamente para escolher sozinha. Quem me deu a dica foi uma das atendentes, muito simpática, por sinal. Ela me disse para pegar o Arpoador, com laranja, tangerina e hortelã. O mais refrescante de todos os sucos que experimentei. Porém, estava ralo. Não sei se a culpa é dos ingredientes, mas...
Endereço: Rua Levindo Lopes, 293 - Savassi
Preço: R$ 3,90 - 300 ml / R$ 4,90 - 500ml

Sucos Du'a
O mais legal dessa loja é que ela é completamente natural. Todas as frutas, hortaliças e legumes ficam expostos na frente do cliente. Tanto que no cardápio não tem misturas com amora, cupuaçu e outras frutas como essas pois o dono não usa polpa. Ponto pra ele! Provei o de laranja, gengibre e maçã. Não gosto de gengibre pois me lembra remédio pra gripe, mas tinha pouco e estava gostoso. Pra quem não gosta de pedaços de fruta no meio do suco não é uma boa opção. A maçã, por exemplo, deixa aquela papa na boca (sabem qual?). Como eu gosto, estava ótimo.
Endereço: Rua Antônio de Albuquerque, 133 - Funcionários
Preço: R$ 4,80 - 500 ml (tamanho e preço únicos).

Vitale
A moça me deu duas opções. Uma delas era o suco de guaraná, mel, limão e gengibre. Além de ter cansado desses sucos fortes com guaraná, me pareceu uma opinião muito pessoal. Assim, fiquei com o de morango, kiwi e laranja. O lugar era lindo (associado a uma academia), o pessoal bem bacana e o suco ótimo. Dava pra sentir o gosto das três frutas. Tinha um pedaço de polpa solto no suco. Achei que era gelo e só percebi a diferença quando coloquei na boca e mordi. Fica feio para o cliente, parece que bateram pouco a polpa... mas até achei uma boa ideia: gelo com gosto. Porque ninguém fez isso ainda?
Endereço: Rua Pernambuco, 618 (loja 2) - Funcionários
Preço: R$ 4,00 - 500 ml

Deck do Guaraná
A moça do caixa era super simpática e me disse que um dos mais pedidos era o Super C, com guaraná, hortelã, laranja e acerola. Tem um gosto forte e muito bom. O guaraná e o hortelã são bem acentuados. Já a laranja e a acerola parecem uma coisa só, você sente um azedinho gostoso lá no fundo, contrastando com o doce do resto do suco.
Endereço: Av. Bandeirantes, 809 (loja B) - Sion
Preço: R$ 4,50 - 300 ml / R$ 6,50 - 500 ml

Recanto do Açai
Sabe quando você fica triste ao perceber que aquele sorvete maravilhoso está chegando ao fim? Foi assim que eu me senti mesmo depois de quase 400 ml do suco. Estava muito bom! Quando vi o cardápio me perguntei porque esse lugar estava na lista, já que a maioria dos sucos só misturava duas frutas (quando não era uma só). Sempre que a gente escuta sobre sucos pensa em 3, 4 ou 5 sabores misturados. Mas, afinal, de que adianta um monte de frutas que não ficam bem juntas. Acho que eles pensaram nisso e, para descomplicar, preferiram oferecer um cardápio simples. E são ótimos no que fazem!
Endereço: Av. Alfredo Camarati, 249 - São Luiz
Preço: R$ 5,00 - 500 ml (tamanho único).

Néctar da Serra
Queridinho da Veja, o Néctar da Serra vem ganhando o primeiro lugar desde que a revista existe. Não por menos. A começar pelo atendimento: a moça do caixa foi super simpática e me deu várias dicas. Quando eu perguntei qual era o mais pedido de todos ela me indicou o de laranja, amora e framboesa. Uma delícia! Parecido com o do Recanto do Açai, mas ganha pela variedade do cardápio e por ter três sabores, todos muito bem definidos.
Endereço: Av. Bandeirantes, 1839 - Mangabeiras ou Rua Santa Rita Durão, 929 - Savassi
Preço: R$ 5,00 - 400 ml (tamanho único).

Marietta
O Néctar que me perdoe... mas o suco do Marietta estava muuuuito bom! Por coincidência, eles eram bem parecidos. Provei o de laranja, amora e morango. Era bastante encorpado e deu pra sentir o gosto das três frutas, além das sementes de morango, que deixam o suco bem natural. O atendimento também foi certeiro: "qual que sai mais?", "laranja, morango e amora", então é um desse mesmo". E bingo!
Endereço: Pátio Savassi (Av. do Contorno, 6061 - Savassi), loja 135 ou BH Shopping (BR 356, 3049 - Belvedere), loja OP 66 ou Diamond Mall (Av. Olegário Maciel, 1600 - Lourdes), loja Bg 63
Preço: R$ 5,90 - 500 ml (tamanho único).

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O que fazer no Porto - 2ª Parte

2º passeio: Centro

TRAJETO: Pegar o Metro dos Aliados até a Avenida dos Aliados. Subir a Avenida até a Igreja de Santa Clara. Descer de novo até a Avenida e lanchar no Café Guarany. No final está a Praça da Liberdade. Seguir a direita pela Rua dos Clérigos e depois até a Rua Filipe de Nery. Visitar a Igreja e a Torre dos Clérigos. Em um canto da praça está o Centro Português de Fotografia e, no outro, a Livraria Lello.

Voltar a Praça da Liberdade. Descer a direita e visitar a Estação Ferroviária de São Bento. Subir de novo até a praça e seguir pela rua Sá de Bandeira (o restaurante Abadia está em uma rua paralela). Virar a direita na Fernandes Tomás. Lá está a Capela das Almas e o Mercado do Bolhão. Virar a esquerda e descer pela rua Santa Catarina. Lanchar no Majestic Café, dois quarteirões a frente do início da rua.

Avenida dos Aliados
É onde está o atual centro administrativo de Porto. Tem dezenas de prédios históricos. No canteiro central da avenida há cafés e banquinhos para as pessoas descansarem.

(A grande Avenida dos Aliados)

Igreja de Santa Clara
Construída no estilo manuelino, a igreja foi fundada no ano de 1416. No seu interior é possível ecnontrar um dos melhores exemplares de talha dourada do período joanino. A igreja fica no Largo 1º de Dezembro e funciona normalmente, com a diferença de que fecha de 12h as 15h30. Aos domingos ela fica aberta somente de 10h as 12h. E todos os dias... é de graça.

Igreja e Torre dos Clérigos
Igreja em estilo barroco construída entre 1732 e 1750. Ela foi montada para a irmandade dos Clérigos, que reunia três instituições beneficientes. A Torre foi a última construção do conjunto dos Clérigos. Ela tem 6 andares e 75 metros. Do alto, tê-se uma vista panorâmica de toda a cidade. A igreja é aberta à visitação todos os dias, de 10h às 19h, e nos fins de semana de 14h às 17h. A entrada é gratuita, mas para subir na Torre é preciso pagar 2 euros. Um preço irrisório para uma paisagem tão bonita!

(Torre dos Clérigos e a vista do Porto lá do alto. Primeira foto tirada desse link)

Centro Português de Fotografia
Antigo edifício da cadeia da Relação, o local abriga exposições de fotografia e uma biblioteca. Há também uma coleção de câmeras raras. Vale a pena entrar no site para saber quais são as novas exposições. O Centro fica ao lado da Torre dos Clérigos e funciona de 10h as 18h. Nos fins de semana fecha uma hora mais tarde. A entrada é gratuita.

Livraria Lello
Inaugurada em 1906, um dos únicos prédios na cidade a apresentar uma fachada neogótica. Por dentro, escadarias vermelhas em espirais e detalhes em dourado. É considerada a terceira livraria mais bonita do mundo. O funcionamento (como não poderia deixar de ser) segue o horário comercial.

Estação de trem de São Bento
Foi inaugurado em 1916, na Praça de Almeida Garret. Antigamente, o local era o Convento de São Bento de Ave Maria. O átrio principal é revestido com mais de 20 mil azulejos. A obra é do pintor Jorge Colaço e faz alusão a várias cenas da história portuguesa.

(Estação de São Bento mais do que cheia. Metade eram turistas que não estavam nem aí para o fato de aquilo ser uma estação, e sim um ponto turístico)

Mercado coberto de Bolhão
Mercado típico da região. Lá os moradores de Porto fazem suas compras, entre frutas, queijos, vinhos, temperos e outros artigos. O endereço é Rua Fernandes Tomas, mas como não tem nada lá perto que chame muito a atenção, não custa perguntar a algum transeunte se ficar perdido. No fim de semana o horário é restrito: sábado funciona de 8h às 13h e domingo fica fechado.

Capela das Almas
Construída no século 18. A igreja é muito simples por dentro, mas por fora é revestida de azulejos portugueses, formando imagens de santos. Não gaste tempo entrando na capela, o mais interessante está do lado de fora.

(Nem me lembro como era a igreja por dentro, mas por fora! Foto tirada desse link)

3º passeio - Foz

TRAJETO: Seguir pela estrada da Circunvalação até a rotatória (que na terrinha eles chamam de "rotunda") na qual está o Monumento aos pescadores. Virar a esquerda e seguir pela Esplanada do Rio de Janeiro. Na próxima rotunda, visitar o Castelo do Queijo. Procurar algum aluguel de bicileta para passear pela Avenida de Montevideu e Avenida Brasil. Quando a Avenida Brasil virar uma bifurcação, seguir pela Rua de Diu. Passar a praça do Império e seguir pela Avenida Mal. Gomes da Costa. Visitar a Fundação Serralves. Se sobrar tempo, pegar um ônibus até o final da Avenida Boavista e visitar a Casa da Música.


Monumento aos Pescadores
O nome oficial da estrutura é She Changes, de autoria da estadunidense Janet Echelmann. Também chamada de "A Anemona" ou Escultura de Rede, por ser inspirada em uma rede devido a cultura da pesca local. O monumento fica na Praça Cidade do Salvador.

(Como foi feito ou colocado aí? Não me perguntem... Foto tirada desse link)

Castelo do Queijo
Também conhecido como Castelo de São Francisco Xavier, dizem que o foi construído sob um local sagrado de uma tribo Céltica que veio para a Península Ibérica no século 6 a. C. Foi construído no século 15. D. Miguel usou o local para bomberdear as tropas liberais de D. Pedro. Célebre pelo seu miradouro, é um dos melhores locais para se apreciar o pôr-do-sol da cidade. Abriga ainda exposições temporárias. Ele funciona todos os dias, de 13h as 18h (exceto segundas-feiras) e a entrada é gratuita.

Fundação de Serralves
Museu de arte contemporânea, único do gênero na região norte do país. Ao lado fica o Parque de Serralves, com espécies da flora típica de Portugal. Também funciona todos os dias, menos às segundas-feiras. Os horários e os preços podem ser consultados nesse site. Aos domingos a vista é de graça.

Casa da Música
Foi construída para ser o espaço de encontro de todas as músicas. Inaugurado em 2005, tem salas, bares, biblioteca. O prédio por si só já é uma atração e tanto, com um formato singular e revestido de azulejos portugueses (mas nada conservadores). Cada parte da Casa funciona em horários diferentes, de acordo com os eventos no local. Já as visitas guiadas têm horários e dia específicos para acontecer. Entre no site oficial para conferir.

(Inovação em arquitetura. Foto tirada desse link)

Onde comer

Aqui, os locais já citados nesse e no post passado... e outros "lugarzinhos"

1. Chez Lapin: Tem de tudo, do nosso PF de cada dia até uma boa comida típica portuguesa. Fica na Rua dos Canastreiros, 42, Ribeira.

2. Café Guarany: Fundado em 1933, era ponto de encontro dos músicos da cidade. Sexta e sábado a noite a casa apresenta shows de fado. Fica na Avenida dos Aliados, 85, Centro.

3. Abadia: Fundado em 1939, era o o local onde os peregrinos religiosos (normalmente a caminho de Santiago de Compostela) descansavam. Serve comida portuguesa. Fica na Rua Ateneu Comercial do Porto, 22-24, Baixa (Zona histórica).

(Suculentos, não? A primeira foto é de um bacalhau a Gomes de Sá, uma das receitas típicas de Portugal. Abaixo, uma francesinha master, com o dobro de recheio da tradicional. Foto tirada desse link)

4. Majestic Café: É o mais tradicional café da cidade, fundado ainda em 1921. Era ponto de encontro deos maiores artistas e políticos da época. Fica na Rua Santa Catarina, 122, Centro.

5. Solar do Vinho do Porto: Comida boa, mas o que mais impressiona é a paisagem. O restaurante tem vista para o Rio Douro e garante um lindo pôr-do-sol. Fica na Rua de Entrequintas, 220, Quinta da Macieirinha. Abre às 16h.

6. Capa Negra: Conhece a francesinha? É o sanduíche mais famoso do Porto e faz sucesso entre os jovens. A forma clássica é feita de pão de forma, recheado com linguiça, salsicha, presunto e um filé boi, cobertos com queijo derretido e um molho especial. Já ouvi dizer que no Capa Negra está a melhor francesinha da cidade (apesar de muitos preferirem aqueles de barraquinha mesmo). Fica na Rua Campo Alegre, 191.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O que fazer no Porto - 1ª Parte

Depois do Rio de Janeiro, Porto foi a cidade mais bonita que já visitei. Para ter certeza de que não estou mentindo, vá ao bairro da Ribeira, na margem direita do Rio Douro. É nesse ponto que está a paisagem mais memorável de toda cidade. De um lado, Porto histórica, com suas casas coloridas de telhados marrons, umas juntinhas das outras. Do outro, o município de Vila Nova de Gaia, com os armazéns vinícolas e área verde. No meio, o lindo Rio Douro, o mais importante da cidade e, de bônus, a ponte Dom Luís I. A obra que lembra à Torre Eiffel, não por menos: seu criador, Teófilo Seyrig, era antigo sócio de Gustave Eiffel.

(Para completar a paisagem, os barcos típicos do Rio Douro: os rabelos. São pequenas embarcações usadas para transportar as pipas de vinho do Porto do Alto do Douro, onde são fabricadas, até Vila Nova de Gaia, onde são estocadas e comercializadas)

Essa é só uma das paisagens. Porto também é cheia de ruas apertadas, bonitas e cotidianas, de prédios históricos, de docerias de dar água na boca. Além disso, particularmente, gosto de meias-metrópoles. São aquelas cidades que tem tudo o que queremos em uma metrópole sem ser uma delas. Modernidade, serviços e um clime descompromissado. Agitadas e leves ao mesmo tempo.

Daqui a 10 dias vou estar lá novamente! Passarei dois dias na cidade do Porto na casa de uma prima. Como todos trabalham, fiz um roteiro do que visitar baseado nas informações "internéticas" e na minha antiga viagem. Se querem saber, tem coisa demais. Não pretendo fazer tudo, pois não terei tempo suficiente. Marquei no papel aquilo que tinha prioridade de acordo com minhas preferências pessoais. De toda forma, vou reproduzir aqui o roteiro completo para quem quiser escolher uma ou outra coisa.

(Um belo clique!)

Durante a pesquisa, destaquei um monte de lugares que podiam ser divididas em três passeios, de acordo com a proximidade das atrações. Hoje, o primeiro deles e, depois, os outros dois. Primeiro está o trajeto completo com os pontos mais interessantes sublinhados e, mais abaixo, um resumo das atrações com endereço, horário de visitação e entrada. Os preços são todos para estudantes. Se você não for, paga o dobro. Se se perder nas "direitas e esquerdas" da vida entre no google maps e visite a cidade virtualmente.

1º passeio: Ribeira

Trajeto: Pegar o Funicular do Guindais e parar na estação do Cais da Ribeira. Seguir a direita pelo Cais da Ribeira (na rua paralela ao cais está o restaurante Chez Lapin) e ir à Casa do Infante. Subir a Rua da Alfândega até a Praça Infante D. Henrique. Lá, visitar o Palácio da Bolsa. Ao lado, visitar a Igreja de São Francisco. Descer a Rua Infante D. Henrique e seguir a direita até a Rua Nova da Alfândega. Visitar o Museu dos Transportes e das Comunicações

Pegar um ônibus e voltar ao Cais da Ribeira. Subir a Avenida de Vimara Peres e virar a primeira a esquerda até a Sé Catedral. Voltar ao Cais da Ribeira. Andar pela Avenida Gustave Eiffel e depois atravessar a Ponte D. Luís I por cima (a melhor vista de Porto pelo município de Vila Nova de Gaia). Descer e andar pela Avenida Diogo Leite passeando pela Cais de Gaia.

Funicular dos Guindais
Foi inaugurado em 1891, mas fechado dois anos depois devido a um grave acidente. Em 2004, mais de um século depois, um novo funicular foi projetado no mesmo local. Entre os pontos mais importantes do trajeto do Funicular estão (em ordem) a rua Santa Catarina, a praça da Batalha, o Teatro Nacional São João, a Igreja de Santa Ildefonso, a Estação de São Bento e a Sé Catedral. O Funicular funciona de 8h às 22h de domingo a quarta e 8h às 24h de quinta a sábado e para andar nele é preciso um cartão de transportes Andante de título Z2.

(Descida no Funicular dos Guindais com vista para a Ponte Dom Luís I e o Rio Douro. Foto tirada desse link)


Casa do Infante
Também conhecida como Casa da Rua da Alfândega Velha. É um dos edifícios mais antigos da cidade. Construído em 1325, o local tinha um pátio e duas torres centrais onde funcionavam a Casa da Moeda e algumas habitações. Segundo a tradição popular, o patrono dos descobrimentos portugueses, Infante Dom Henrique, nasceu no local no ano de 1394. O prédio sofreu algumas modificações e passou por uma grande restauração em 1924. Atualmente, abriga o Arquivo Histórico Municipal e do Porto e o Museu Medieval. A casa funciona todos os dias, de 10h às 12h e de 14h às 17h. Dizem as más línguas que vale a pena visitar só por fora...

Palácio da Bolsa
A construção do Palácio começou em 1842. Construída em estilo neoclássico, é considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Atualmente é a Sede da Associação Comercial do Porto e recebe uma série de eventos. O Palácio está aberto de 9h às 18h30 e para entrar é apenas 3 euros

Igreja de São Francisco
É a única igreja gótica da cidade e um dos poucos edifícios medievais. Sua construção remonta ao século 14. Nos séculos 17 e 18 seu interior foi todo revestido de talha dourada, contendo mais de 600 kg de ouro. Não cometam o pecado de chegar depois das 19h30, quando a igreja já está fechada.

(As igrejas barrocas brasileiras, como as de Ouro Preto, foram inspiradas nessas belezuras douradas. Foto tirada desse link)

Museu dos Transportes e das Comunicações
O museu fica no Edifício da Alfândega. Há duas exposições permanentes. O Automóvel no Espaço e no Tempo traz carros, fotos, imagens, peças publicitárias e tudo o que está relacionado ao mundo automobilístico. A outra, Comunicação do Conhecimento e da Imaginação, mostra as diferentes formas de se comunicar. O local também oferece oficinas, mas é preciso agendamento prévio. uma nova exposição, aberta em 2006, busca resgatar e preservar a memória do edifício da Alfândega e da sua história como instituição reguladora das transações comerciais da cidade. Entre terça e sexta-feira, o museu fica aberto de 10h as 18h. Nos fins de semana ele só funciona de 15h as 19h, mas a entrada é gratuita!

Sé Catedral
É o principal edifício religioso da cidade. Começou a ser construído no século 12. Sofreu influência de várias correntes arquitetônicas, principalmente da barroca. Junto a ela está o centro histórico tombado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. Funciona como toda igreja, com a diferença que ela fica fechada entre 12h30 e 14h30. A entrada gratuita, mas para subir ao claustro é preciso pagar 3 euros.


(O terreiro da Sé com a Catedral ao fundo (foto tirada desse link). Quando visitei o local, um grupo de dançarinos espanhóis estava descansando e resolveram dançar um pouco para os turistas. Usavam gaitas de fole e movimentos de dança típica!)

Ponte Dom Luís I
Ponte construída sob o Rio Douro para substituir a ponte pênsil que existia no local. Inaugurada em 1887, o projeto saiu das mãos do belga Tófilo Seyrig, sócio de Gustave Eiffel. Toda trabalhada em ferro, a arquitetura se assemelha à Torre Eiffel. É possível atravessá-la por cima ou por baixo. Dela tem-se a vista mais bonita do Porto e de Vila Nova de Gaia.