sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Quadro a quadro

Para finalizar a série de posts sobre Florianópolis, fiz uma seleção de fotos que tirei lá e ainda não tinham ido para o blog. Quem quiser ver mais, é só entrar no site do FUNtástico e clicar nesse link!

(Final de tarde em Floripa. Na pista de corrida da Av. Beira Mar Norte, o sol ainda não se pôs, apesar de já passarem das 19h. No verão, às 20h ainda está tudo claro)


(Vocês se lembram do Bar do Arante? Aquele que tem teto, parede, janela, pilastra, geladeira e tudo o mais coberto por bilhetinhos das pessoas que passaram por lá? Aí estão dois exemplos. O da esquerda é da Itália. O da direita, de algum país que fala espanhol. Por algum motivo, me lembrou os traços do cineasta Tim Burton)


(No centro da cidade, em frente à praça XV de novembro, há construções históricas muito bonitas. Uma delas é a Matriz Catedral de Nossa Senhora do Desterro, recém restaurada)


(As praias do Sul, apesar de pouco visitadas em relação as do Norte, também têm seu charme. Acima, praia do Campeche. Eram tantas pessoas praticando windsurf ao mesmo tempo que mais ficou parecendo uma pintura)


(Prédio da avenida Beira Mar Norte com suas luzes de natal)

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Virada de ano na beira da praia

O revéillon em Floripa foi como no post sobre a virada de ano em várias partes do país. Na ilha, a festa é conhecida como revéillon-luz por unir em um só dia as luzes do ano novo com as luzes do natal, que decoram a avenida Beira Mar Norte (principal ponto da festa) até o dia 6 de janeiro.

Começando do início, a avenida estava lotada. Como era de se esperar, pouquíssimos restaurantes estavam abertos. O problema foi que não contamos com isso e acabamos jantando um salgado frio em um lanchonete qualquer. A maioria das pessoas comia na rua mesmo. Eram mil e uma barraquinhas e vans servindo cachorro quente, hamburgueres e coisas do tipo. Algumas pessoas preferiam levar a comida em sacolas e caixas térmicas, que também estavam cheias cerveja e champagne.

(Os bancos de praia não foram suficiente. Quem não queria sentar no meio fio levou sua própria cadeira e ficou esperando tranquilo a passagem de ano)

O show foi composto por diversas bandas. Axé, pagode, pop rock e reggae foram alguns dos ritmos que embalaram a noite. Mas a banda de heavy metal merece uma crítica, aliás a organização (já que a banda mesmo fez seu trabalho muito bem): lá para às 10h30 da noite eles começaram a tocar e desanimaram o ambiente. Não que eu não goste do ritmo (e não gosto muito, pra ser sincera), mas tirando quem gostava daquilo, o resto da praia parou de dançar e cantar. E vi muitos tampando os ouvidos. Organização: heavy metal não anima esse tipo de festa. De toda forma, parabéns pela coragem e pela decisão de colocar algo tão longe da maioria das pessoas em um evento público.







(A praia de um lado... e do outro. Lotada do início ao fim. E o ponto redondo e grande na foto a direita não é a lua, mas um balão da Oi, empresa que estava patrocinando a festa)

Uma das atrações e alvo de clics durante toda a noite foram as projeções da Oi nos prédios de Floripa. A telefonia escolheu dois prédios para ficar projetando imagens diversas. Eram homens dançando capoeira, um casal dançando samba, crianças brincando de mão dada e desejos de feliz 2010 Floripa.

A queima de fogos é linda: quatro balsas ancoradas no mar começam o foguetório assim que começa a música. A sincronia entre fogos e melodia é o chamada Show Piromusicado e durou 12 minutos.

(Reparou no tanto de luz azul entre as pessoas? Todo mundo tirando foto. Ninguém queria perder os fogos)

A maioria dos jovens preferia ir para Jurerê Internacional, em uma das barracas de praia que estavam organizando grandes festas open bar e open food com DJs famosos e muita gente bonita. Talvez, a falta de dinheiro tenha impedido, já que esses lugares estavam cobrando entre 500 e 1000 reais a entrada. Mas talvez, alguns realmente preferam uma muvuca. De uma forma ou de outra, a festa foi até às 3h00 da manhã e comandada pelos jovens.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Há 15 anos...

Quando tinha 5 anos de idade fui à Florianópolis pela primeira vez. Não posso dizer que lembro de muita coisa. Na verdade, não lembro de quase nada. Tudo o que "sei" que vivi vieram de fotos antigas e dos casos que me contam. Ou seja, não tenho certeza se realmente passei ou se estou construindo uma memória a partir desses fatos.

À época, meu pai morava na cidade a trabalho. Ficou lá por um ano e meio e, ele sim, lembra de tudo. Sempre que passávamos por uma esquina ou uma praia ele contava um caso antigo, ou comentava sobre como era aquele lugar 15 anos atrás. Com as conversas, juntei alguns fatos para tentar mostrar como Floripa era e como está hoje.
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(Enquanto procuro fotos antigas para escanear e postar no blog, uma imagem em preto e branco da figueira centenária de Floripa. Foto tirada desse link)

- Há 15 anos, as praias de Florianópolis não tinham quiosques ou restaurantes, com poucas exceções. Se você quissesse sombra, que levasse seu próprio guarda-sol. Hoje, a diferença é de praia para praoa: algumas estão cheias de bares, outras continuam tendo poucos.
- O efeito disso é que, hoje, os bares a beira mar em algumas dessas praias impedem o turista de enxergar o mar e ocupam espaços onde os carros poderiam estacionar. Na praia da Lagoinha, por exemplo, os carros chegam a ficar na areia (e faltam vagas nos dias mais cheios).

- Florianópolis está imensa. Há 15 anos, ela tinha 250 mil habitantes. Hoje, são 400 mil. É possível notar a diferença olhando para os morros. Eles não serão completamente ocupados como vemos outras grandes cidades porque cerca de 3/5 da ilha é reserva ambiental. Mesmo assim, as casas estão subindo cada vez mais. Essas residências não necessariamente começam a constituir uma favela e são relativamente ordenadas.

- A avenida Beira Mar Sul tinha tudo para ser um belo bairro. Há 15 anos foi feito um projeto de urbanização por toda sua extensão. Para isso, eles tiraram as casas a beira mar e aterraram grande parte da praia. A faixa de areia diminui pela metade. Os prédios ficaram lá longe. Na frente deles, avenidas, espaços verdes, areia e mar. A prefeitura, porém, não deu continuidade ao obras e o que era pra se tornar um aterro do Flamengo (RJ), com quadras, playgrounds, pistas de atletismo e jardins, só tem grama subindo pra tudo que é lado.

- Há 15 anos, a praia da Barra da Lagoa era cheio de conchinhas (uma das minhas únicas lembranças). Tão cheio mas tão cheio que dóia chegar até o mar. Hoje, as conchinhas são poucas.

- Não foi exatamente há 15 anos, mas, historicamente, a praia de Canasvieiras é conhecida por ser "a praia dos argentinos". Na época que eles iam muito para Floripa, quando o presidente deles equiparava o peso ao dólar e fazia com que tudo no Brasil fosse mais barato para os hermanos, eles invadiam a ilha. E tudo era tão barato que eles pediam tudo em dobro, e ficaram famoso pelo bordão "da-me dos". Até hoje, palavras em espanhol como alquilamos ao invés de alugamos são comuns por ali.
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- O centro da cidade é cheio de gente e cheio de lojas, como qualquer centro de cidade grande. Mesmo assim ele tem ares mais tranquilo pelo fato da sua rua mais movimentada ser, de fora a fora, só para pedestres. Essa ideia amadureceu com o tempo. Há 15 anos só um quarteirão da rua era fechado para os carros.

- Outra coisa que chama atenção no centro é o Camelódromo Municipal de Florianópolis. Construído há mais do que 15 anos, em 1991, o local foi um dos primeiros do país (senão o primeiro) a tirara os vendedores autônoms e suas barraquinhas da rua.

- A praça XV de novembro, no centro, guarda uma figueira centenária. E imensa. Há 15 anos, o local estava mais conservado. Hoje, as árvores e plantas cresceram muito e deram um aspecto de floresta ao local. Escura e com um ar tenebroso, ela agora é lar de indigentes e mendigos.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Destino de luxo em Floripa

De todas as praias de Florianópolis a que mais impressiona é Jurerê Internacional. E não por menos. O local é uma das praias mais chiques e caras do Brasil. As pessoam não bebem cerveja, bebem champagne. Casa de praia com dois quartos só se for para hóspedes. Festas na alta temporada por menos de 200 reais você não acha. Boteco copo sujo? A quilômetros de distância. Lá tudo é do bom e do melhor.

Tudo começa na entrada do bairro. Casas e mais casas de deixar qualquer um com inveja. Devido a uma política entre os donos das casas, elas não podem ter muros. Exatamente Jurerê é conhecida como a Beverly Hills brasileira. Uma chance para os ladrões? Negativo. É claro que a vigilância aqui é pesada. A segurança 24 horas, todos os dias do ano garante conforto e tranquilidade para o morador e para o turista.

É de lá que vêm as baladas mais famosas da cidade, se não do Brasil. Florianópolis foi considerada a capital mundial da ferveção pelo Jornal The New York Times, na frente de destinos como Ibiza e Saint-Tropez, conhecidas por terem algumas das melhores festas do mundo. Isso porque eles consideram Floripa uma mistura desses dois lugares, somados a preços mais em conta e a descontração do brasileiro. E esse título se deve, em grande parte, a Jurerê Internacional. Para completar, gente bonita é o que não falta. E artistas também. Artistas, esportistas e modelos marcam presença na praia todo ano.

O bairro também tem uma avenida com vários restaurantes, lanchonetes, lojas de roupas e bistrôs. Ou seja, o comércio da região. Algumas lojas abrem para o almoço, mas a maioria só funciona depois das 3 da tarde, quando o movimento passa da praia para a cidade. A noite, com tudo aberto, o espaço ganha uma bela iluminação.

(Pessoas caminhando pela Avenida dos Búzios. Opção para quem quer sair a noite, mas voltar antes da madrugada cair)

Mas passar uma temporada nesse paraíso tem seu preço. E ele é alto, muito alto. O aluguel de uma casa na beira da praia fica em torno de 5 mil reais a diária. E pode aumentar. A comida também é cara. Um porção de isca de peixe como essa é 26 reais.

(Porção de isca de peixe pedida na Barraca Taikô. Para se ter ideia dos preços, um suco de frutas natural custa 5 reais, um refrigerante 4, e uma garrafinha de Bohemia 7)

Um dia comum na vida de um turista de Jurerê

Vou criar um personagem típico dessa praia para vocês entenderam a rotina de férias dos jovens que viajam para lá. Vamos pensar em um turista rico e jovem que resolveu chamar alguns amigos para passar as férias na sua casa de praia, em Jurerê. Sem hora para acordar, ele (que pode ser homem ou mulher) levanta quase às 11 da manhã. Todos tomam um belo café com mais comida do que podem comer. Ou mais do que devem no caso das mulheres, já que estão de regime (afinal, é verão).

Os homens se perfumam, se penteiam, colocam um chinelo e vão para a área da piscina. Enquanto isso, as meninas escolhem um biquíni bem bonito, uma bolsa de marca e um sapato fechado ou de salto. Ir com essas peças caras para a praia, pegando maresia, sol e areia, nem é culpa delas. O que elas podem fazer se não tem nada "pior", nada comum? Depois da arrumação só falta uma coisa: grandes óculos escuros de armação grossa. Esse sim, um objeto essencial e presente em nove de cada dez cabeças femininas.

Todos a postos, eles partem para a praia. Escolhem, de preferência, um local com guarda-sol e almofadas. Passam protetor solar, riem, conversam, e pedem um champagne para começar um dia. Beliscam o tempo inteiro, sem olhar para o cardápio.

(Jovens no P12, ou Parador 12. A barraca de praia tem piscina a beira-mar, bangalôs e lounges diversificados. Foto tirada desse link)

Na praia, há DJs em quase todas as barracas. Eles começam a remixar lá pelas quatro da tarde. É a hora que a praia está mais cheia de jovens. As famílias e as pessoas mais velhas já foram embora. Sons leves compõem a trilha sonora.

Perto das 8 da noite os amigos vão embora. Em Floripa chega-se a esse horário sem perceber, já que no verão o sol se põe bem tarde. Alguns dão um pulo na piscina da casa, bebem (mais champagne) e conversam. Outros já começam a se arrumar. Tomar banho, arrumar o cabelo, escolher a roupa. A casa vira uma bagunça nessa hora, mas eles nem ligam para o piso molhado, a roupa pelo chão e o pacote de petisco aberto.

Saem para a rua e passam em algum restaurante para comer alguma coisa. Claro que isso não é uma regra. Muitas vezes vão direto para a festa. Lá, entram sem fila e se esbaldam até as 5 da manhã do outro dia. Bebem um bocado, dançam muito, sobem nos colchões, beijam, cantam com as mãos para cima e cinturas para baixo, em movimentos lentos e circulares.

(Foto tirada desse link)

Saem ao fim da noite. As meninas na frente, por vezes com os sapatos nas mãos. Todos estão rindo e fofocando sobre a festa. Um falatório sem fim. Quando cansados, querem dormir. Quando agitados, as vezes pelo efeito do álcool, passam a noite em claro. Problema nenhum, afinal, alguém aí tem hora pra acordar? Na falta de uma resposta positiva, viram a noite esperando o dia, que será igual ao anterior. Nada mal.

O turista econômico

Nem tudo são dólares nos mares do sul. Outras opções de acomodação incluem o aluguel de um flat. Há também diversos hotéis e pousadas pelo bairro. A Pousada dos Dourados e o Jurerê Guest House oferecem diárias para casal entre 150 e 300 reais com café da manhã incluído. Aqui você pode encontrar uma lista com acomodações, das mais caras às mais em conta.

Quer entrar no clima sem precisar gastar até 100 reais com uma garrafa de champagne? Mole. Pode ficar esperando na areia que a solução vai até você. A Miolo Wine Group (grupo de vinhos Miolo) lançou carrinhos climatizados que circulam pela praia vendendo champagne da linha Terranova. A garrafa de 250 ml sai por 10 reais e as tacinhas são por conta da casa (no caso, da barraquinha)

(Foto tirada desse link)

Se você ainda acha tudo caro demais e não se deu por satisfeito, tudo bem! Assista esse vídeo. A matéria foi exibida no último domingo no Fantástico, no quadro Repóter por um dia. O jornalista da vez foi o sambista Dicró. Ele mostra, de forma bem humorada, que não se você ainda não tem recursos para ir a Jurerê Interncional não há porque se lamentar: "não precisa ser bacana pra curtir a vida".

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Camarão e ostra

Basicamente, são esses os itens que "povoam" quase todos os pratos típicos de Florianópolis. Também, cercada de água por todos os lados não seria diferente. Outra característica, além dos pratos recheados de frutos do mar, é a fartura. Tudo que falam que é pra dois serve três fácil. Se todos comerem razoavelmente pouco, serve quatro.

O prato típico, mas típico mesmo, é a sequência de camarão. O prato completo vem salada, duas casquinhas de siri e uma porção de camarão empanado. Depois, eles trazem uma porção de camarão ao áleo e óleo e outra de camarão ao bafo. Depois, vem arroz, batata frita e dois filés de peixe ao molho de... camarão! No verão, o prato custa entre 55 e 60 reais.

(A sequência tem sempre os mesmos pratos, mas não necessariamente todos os restaurantes o servem na mesma sequência. Nesse, todos os diferentes tipos de camarão vem juntos. Foto tirada desse link)

E para quem está só a fim de um lanche, o pastel de camarão também é típico aqui. Tem em vários lugares, mas o mais famoso é o do BOX 32, que fica no Mercado Público, no centro da cidade (algo como o Mercado Central para os belorizontinos ou o Mercado Municipal para os paulistas). Um pastel com 100 gramas de camarão custa R$ 6,50. Se quer saber, apesar de o júri da revista VEJA eleger o local como "a melhor cozinha do estado", comemos um pastel mais barato e mais gostoso em um bar qualquer do centro da cidade.

(O famoso Box 32 fica cheio todos os dias, ininterruptamente)
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Restaurante famoso que vale toda a fama que leva é o Bar do Arante. O local é uma das paradas obrigatórias para quem vai a parte sul da ilha, uma área menos visitada e muito menos turística do que o norte, onde estão as praias e baladas mais famosas. Alguns locals da região sul até fecham suas portas na baixa temporada, o que não é o caso desse restaurante. O lugar é bem simples mas serve pratos da culinária típica de Santa Catarina e são deliciosos. A cachaça Mata Bicho do Arante, produzida por eles, é cortesia da casa.

(Bar do Arante. É assim no restaurante inteiro. Foto tirada desse link)

Mas o local surpreende mais pela, diremos, arquitetura, do que pela comida: seu teto, paredes, colunas, geladeira, pratelerias e tudo mais está repleto de bilhetes e mais bilhetes deixados pelos visitantes. Tem de tudo. São mais de 75 mil recados, desenhos e até origamis presos com fita crepe. Alguns, de tão velhos, nem dá pra ler.
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Também é na região sul que ficam as famosas fazendas de ostras da ilha, local onde os "fazendeiros" cultivam os moluscos. No mar há centenas de pequenas bóias que, amarradas a redes que ficam no fundo das águas, guardam as essas iguarias. Santa Catarina é responsável por 90% da produção de ostras no Brasil, isso porque o litoral catarinense possui as condições para seu desenvolvimento. Em quiser se esbaldar mesmo, todo mês de outubro, em Floripa, acontece a Fenaostra, uma festa tradicional com ostras de todos os tipos pra dar e vender.


(A esquerda, a imagem de uma fazenda marinha. Abaixo, as ostras prontas para serem preparadas. A cada pequeno pedaço que fica boiando no mar há uma rede como as que estão abaixo, cheias do molusco. Fotos tiradas desse e desse link)


Agora vou dar uma dica: quer almoçar com garantia de satisfação? Vá ao restaurante do Hotel Costa Norte, na praia dos Ingleses. Foi a melhor refeição que comi em toda viagem. Pedi um filé de namorado com molho de alcaparras, camarão e champignon acompanhado de arroz e babata sauté. Comem duas pessoas pelo preço de 59 reais. Então, recapitulando: essa dica é para quando você estiver a fim de gastar dinheiro. O outro prato que pedimos foi macarrão com frutos do mar. Parece normal, mas o molho misterioso que levava creme de leite era uma delícia. Estava na mesma faixa de preço. Foi caro, mas valeu a pena.

(O restaurante tem vista para o mar. Aqui, a foto do meu prato, enquanto ele não tinha sido devorado)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Verão tem que dar praia

Se você vai para o litoral, o mínimo que pede a todos os santos é que faça sol para poder dar um mergulho no mar. Se essa viagem acontece no verão, o pedido é ainda mais forte. Quem quer garantia de tempo bom tem que ir para o Norte ou para o Nordeste. No Norte pode ter uma chuva ou outra no final da tarde, como acontece (quase) todos os dias. No Nordeste, é tempo bom o dia inteiro. Mas se você for para outra região vai ter que se arriscar.

Em Florianópolis, o medo era chegar lá e chover todos os dias, como aconteceu em 2008, ano em que o estado saiu em todas as mídias do país pelas tragédias causadas pelo excesso de chuva. Enchentes, deslizamentos de terra, casas que desabaram e milhares de desabrigados foram palavras comuns naquele ano. Os motoristas de taxi e as pessoas que trabalham no comércio me disseram, inclusive, que o número de turistas diminuiu bastante depois daquele ano, pois as pessoas ficaram com medo de algo semelhante acontecer.

De uma forma ou de outra, esse ano deu muito sol. Muito. Até demais. Não que esteja reclamando, só enfatizando como estava quente. Termômetros chegavam a 32 graus numa boa. E por isso... deu muita praia. Abaixo, algumas das 42 praias da ilha que valem uma visita:

Praia Barra da Lagoa

Relativamente pequena (650 metros), mas com uma boa infra-estrutura. Há barracas por todo lado, apesar de que a maioria das pessoas preferem ficar na areia. Ondas médias, o que significa que a praia é cheia de escolas de surf. Os surfistas se misturam aos banhistas, mas os primeiros preferem praias mais agitadas, como a praia do Mole ou a Joaquina.

(Barra da Logoa e seus faróis. O mais a esquerda ainda funciona)

Praia da Joaquina

É onde se encontram os surfistas devido às fortes ondas. Campeonatos nacionais e internacionais de surf começaram a colocar a praia da Joaquina no roteiro já na década de 1970. Com o tempo, passou a ser também o point de turistas e grandes grupos de excursão por ter uma infra-estrutura com banheiros, chuveiros e estacionamentos. A outra atração de Joaquina são as imensas dunas que aparecem um pouco antes de chegar a praia e ocupam uma enorme extensão. Há aluguel de pranchas para quem quiser se aventurar pelas "ondas de areia".

(Aluguel de pranchas para surfar na areia. Foto tirada desse link)

Praia Brava

No dia que visitei a praia Brava nem era para ter ido lá. Tentamos ir para Lagoinha mas não achamos lugar para estacionar. Esse problema foi ótimo, pois o visual da praia Brava foi uma surpresa. Da estrada já é possível ver mil telhados brancos e vermelhos das casas e condomínios residenciais chiques. As casas eram lindas. A praia também, extensa e com poucas ondas. Os bares de lá ficam bem movimentados. Além disso, lá é considerado um dos melhores lugares para a prática do Paraglider. Se passar em praia Brava e olhar para cima, você deve encontrar um desses pelo céu.

(Atrás desse monte de gente que estava na praia, tentem olhar para o fundo: alguns dos conjuntos residenciais que tem vista para o mar. Um privilégio a mais)

Praia de Ponta das Canas

É o local ideal para quem quer levar crianças pequenas. O mar é calmo quase parando, praticamente não tem ondas. A água é quentinha e rasa até um certo ponto. A diversão fica por conta dos caiaques, pedalinhos, boias, jet skys e outros equipamentos aquáticos que podem ser alugados por lá.

(No verão, a praia também fica cheia de barcos. Não sei se há barcos para alugar, mas, normalmente, eles são de pessoas que moram em Floripa e costumam passam o feriadão de ano novo no mar)

Praia de Jurerê

Jurerê é uma praia típica da ilha, com águas verdes e temperatura amena. É dividida em duas, Jurerê e Jurerê Internacional. A diferença entre elas é clara: a primeira é onde estão os ricos e a segunda onde estão os milionários. Em Jurerê estão os moradores mais antigos com suas casas bonitas e aconchegantes. A praia não tem lá aquela infra-estrutura, começando pela falta de barracas.

Jurerê Internacional é um bairro planejado com casas multimilionárias. A impressão era de estar em um subúrbio norte americano, onde vemos aquelas casas bonitas, sem muros e com jardins na frente onde, em dias comuns, vemos crianças andando de bicicleta pelo passeio. Não é pra menos que o sonho de todo catarinense é morar lá (ou na Beira Mar Norte).

(Deque da barraca Taikô. Aqui, as pessoas costumam beber champagne ao invés de cerveja durante o dia)

E onde tem gente rica, estrangeiros e branquelos que pegaram muito sol... vai ter barracas de praia com sombra e serviço bem feito. E cardápio caro que dobra na alta temporada. Ficamos na barraca Taikô, patrocinada por vinhos franceses e champagnes internacionais como Velvet Clicquot, a barraca parece um oasis, com cortinas bonitas, colchões e almofadas coloridas (inclusive na areia) e itens de decoração como uma garrafa de 15 litros de champagne... vocês entenderam ne? A praia só dá gente bonita e é o ponto alto e jovem (e caro) de Florianópolis. Essa praia merece um post a parte... aguardem!

Praia dos Ingleses

A praia é linda, com uma enorme faixa de areia branca e um mar bem azul cheio de ondas. Cheia mesmo. As vezes são tantas ondas fortes de uma vez que quando escapava delas e me virava para vê-la quebrando podia ver algumas pernas perdidas pelas espumas de pessoas que acabaram de levar caldos. Em compensação, a estrutura era péssima. Barracas pequenas, feias e com pouca sombra. A maioria só sabia (ou podia) oferecer guarda sol pra colocar na areia. Pelo menos os preços estavam em conta.

(Praia dos Ingleses no pôr-do-sol. Nessa hora, as ondas estão bem fortes. Foto tirada desse link)

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

"O oceano é meu playground" - Personagens (6)

Estou de volta! E tenho tanto para contar que fiquei numa dúvida imensa sobre o que falar primeiro. Resolvi, então, escrever sobre o que mais gostei de fazer lá: aula de surf. Não é uma exclusividade da praia da Barra da Lagoa, nem de Florianópolis, pois em todo lugar que tenha ondas razoáveis e turistas é possível encontrar uma barraquinha que oferecça o serviço. É por isso que não vou falar sobre a aula especificamente, mas sobre meu professor. Um cara muito bacana que já competiu internacionalmente na área.

(Não sou eu, mas poderia ser. Foto tirada desse link)

A coisa toda começou depois que eu e minha irmã chegamos em uma barraca perguntando, depretensiosamente, quanto era a aula.
- 45 reais por pessoa e uma hora de aula. 15 minutos a gente faz aqui na areia e eu mostro toda a técnica, como ficar em cima da prancha e tudo mais. Daí a gente vai pro mar e fica 45 minutos pegando onda.
- E é fácil ficar em pé?
- Eu garanto que vocês ficam em pé na primeira aula.

Rimos como quem diz "até parece". Ele continuou - E comigo é mais tranquilo. As pessoas que dão aula aqui vão com grupos grandes. Vira e mexe sai um falando que a prancha foi na erna, na bariga, na cabeça, sai com o dedo quebrado... eu dou aula pra no máximo duas pessoas e também sou salva vidas. É uma garantia a mais porque aqui ninguém vai sair machucado.

Sabíamos que era puro marketing. Afinal, ele tinha que garantir o dele. Compreensível. Mesmo assim, o marketing funcionou e propomos um preço:

- E você faz duas por 80 reais?
- É... faço - disse rindo.
- Então a gente vai olhar e já volta. Seu nome é...?
- André.

André Barcelos. Ele era forte, mas barrigudo. Cabelos loiros e olhos claros, azuis. Com certeza tinha menos, mas parecia ter uns 50 anos por causa da sua pele. omo ficava o dia inteiro no sol ela tinha aquele pele esturricada. Era simpático e encarnava o estilo surfista, aquele caratranauilo, nascido na praia, apaixonado pelo mar e que - talvez - já teve seus dias de glória.

Quando voltamos com o dinheiro ele estava no mar, dando uma aula enão demoraria mais de 15 minutos. Ficamos embaixo da barraca com duas amigas dele. Uma delas também trabalhava na Salva Surf, empresa que abriga, entre outros serviços, as aulas de surf e treinamentos para salva vidas. A outra era uma turista paulistana, amiga da dona da empresa.

Quando André voltou ele nos viu e sorriu como quem debocha "voltaram heim?!". Sim, voltamos! Daí ele já colocou a prancha no chão e começou a nos ensinar como se surfa.

- Essa parte é muito importante. Essa é uma prancha longa e grande, ela dá mais estabilidade. Com as menores é mais difícil, todo iniciante começa com uma desse tamanho. Vocês têm que fazer assim: deita na prancha bem na parte de trás. Aí vocês remam e depois colocam as mãos perto do peito. Daí vocês esticam o braço, deixam um pé atrás e colocam o outro na frente. Os pés têm que ficar de lado, no meio dessa tira de madeira que fica bem no meio da prancha. Joelhos flexionados e as mãos formando um "L", uma na frente ea outra de lado.

Não teríamos que "adivinhar" qual onda pegar, em que momento começar a remar, quando se levantar... nada disso. Ele avisaria tudo. Assim, parecia fácil. Colocamos nossas roupas, parecidas com macacões de mergulho, e repetimos a demonstração. Depois de um breve aquecimento, atarrachamos a cordinha da prancha os nossos pés e fomos para o mar.

Entrar no mar com uma prancha daquele tamanho era a parte mais difícil. Ela era imensa e "aquadinâmica": a onda empurrava a prancha pra beira da praia. E a gente ia junto. André nos ajudou. Era incrível sua intimidade com aquele ambiente. Aquela mesma onda que me arrastava metros para trás simplesmente não o abalava. Ele tinha um contrato com elas. Ele conhecia a energia daquelee mar e não ia contra ale, nem mesmo tinha medo. Sabia passar por todas, mergulhando ou flutuando. E elas não o atrapalhavam, como se isso fizesse parte do acordo.

(Essa é uma das barraquinhas da equipe do Salva Surf em Florianópolis. Durante todo o dia, tiramos uma única foto: André, eu e minha irmã depois da aula. Estou esperando ele me mandar para postar aqui)

Ele nos pedia para subir na prancha e ficar deitada. Daí virava a prancha em direção a areia e a segurava. Quando sentia que era a onda perfeita - para iniciantes - grtava "rema, rema". Quando vinha a onda, empurrava a prancha e gritava de novo: "levanta!"

Foi incrível! Minha vontade de morar na praia só aumentou, porque aí sim poderia praticar mais, porque é muito legal. E como vai rápido. Ela deslizava no mar e em 8 segundos eu já estava lá na areia. Mesmo assim é uma sensação maravilhosa.

O momento mais tranquilo era depois que a gente subia na prancha, que aí ele que se virasse. Enquanto esperávamos uma onda boa, vinham outras imensas. Quando eu tinha certeza de que ia virar, ele segurava a gente na prancha e a prancha na água e o máximo que acontecia era a água estourar na nossa cara.

Com o tempo ele foi se soltando e começou a conversar comigo. Não lembro exatamente como aconteceu, mas foi bem espontâneo:

- Tem umas ondas fortes...
- Nada... com o tempo você acostuma e aprende o ritmo da água.
- Aí fica mais fácil.
- É. Isso é uma coisa de tempo. Eu tenho 45 anos e 27 de surf. Só depois de uns dois anos pegando onda toda semana é que a gente sente.
- E você ja competiu?
- Já! Já viajei muito por aí. Morei três anos no Havaí. 98, 99 e 2000. Já voltei 8 vezes, tenho amigos por lá.
- Que delícia... porque foi embora?
- Ah, chega uma idade que você percebe que já deu. Não tem mais como ir pra frente. E vem a nova geração também ne, fazendo coisas novas.
- Aí você resolveu voltar...
- É. Eu nasci aqui na ilha ne. Desde pequeno na água. Comecei a surfar e competir, e daí a viajar. Mas agora eu dou aulas de surf e faço a segurança aquática de eventos porque também sou salva vidas. E quando voltei do Havaí resolvi fazer faculdade também. Me formei em Educação Física. Mas meu negócio é água mesmo. O oceano é meu playgrund.

Conversa vai, conversa em, entre um comentário e outro ele me empurrva para uma onda e outra. Não se iimportava de parar o papo, desde que fosse para eu pegar uma onda daquelas.

Ao fim de uma hora no mar e muito sal e areia no olho, saímos com as pranchas na mão batendo algumas palmas e faando "muito bom" ou "foi ótimo". Era a pura verdade.