sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Rock in Rio de Janeiro

Quando soube que o Jamiroquai vinha para o Rock in Rio quase enlouqueci. Mas quando vi que a notícia era antiga e que os ingressos para o show já tinham acabado enlouqueci de verdade. Não era possível que eu tinha sido a ultima a saber! Comecei a entrar em todos os tipos de site e em grupos do facebook para encontrar pessoas vendendo. Tinha muita gente vendendo, mas algumas por preços absurdos. O ingresso normal ficou em 95 mais taxas. E queriam me vender por 150, 180, 200 reais. Ok. Eu pagaria muito se fosse preciso, mas pechinchei até o último minuto. Tanto que a três dias do evento eu ainda não tinha ingresso.

(Meu sonho era estar no meio dessa galera. Show na Itália. Foto tirada da página do Jamiroquai no Facebook)

Já era segunda-feira e entrei na internet disposta a pagar até 150. Uma amiga tinha amigos que desistiram e que estavam vendendo pelo preço de custo. E o melhor: como os Correios estão em greve, ia ter de pegar no Rio de Janeiro. Comprando na mão dela tinha a segurança de que não eram falsos e de que a pessoa realmente ia me vender. Fechei o negócio na terça, comprei as passagens na quarta. Na quinta já estava no Rio.

Um dia de caminhada

A ideia inicial era passar o fim de semana no Rio, já que o dinheiro com a passagem ia ser gasto de todo jeito. Mas como sexta ainda é dia útil, estar em Belo Horizonte pela manhã se tornou uma necessidade. A ideia então era aproveitar a cidade ao máximo até a hora do show. Assim, resolvemos ir de ônibus pela madrugada. A passagem custou R$ 71. Às 00h30 da quinta-feira já estávamos na estrada.

(Um dia qualquer para os cariocas no centro do Rio de Janeiro. Foto tirada desse link)

Chegamos ao Rio às 7h30, em plena hora do rush. Demoramos meia hora no trânsito até o ônibus conseguir parar na rodoviária. Depois, mais trinta minutos até encontrar um ônibus que seguisse até Copacabana. Enfim instalados, o passeio ia começar.

O ônibus passou pelo centro do Rio de Janeiro. Apesar de ser louca com o Rio, não tem como mentir: centro é centro. E todo centro tem muito comércio, barulho, bagunça e trânsito cheio. Dessa vez a poluição visual era ainda maior por causa da greve dos bancários: todos os bancos tinham cartazes nas portas. E isso em uma avenida como a Rio Branco, aonde a cada três lojas uma é banco, vocês podem imaginar.

Ainda assim, o centro do Rio de Janeiro guarda alguns tesouros. Um deles são suas lojas charmosas e seus cafés, daqueles que se tem vontade de passar o dia inteiro, como a Livraria da Travessa. Outro tesouro são os prédios antigos, de arquitetura particular, como o Theatro Municipal. Construído no início do século XX, ainda é um dos teatros mais bonitos do país. A Biblioteca Nacional então nem se fala. Linda e enorme, seu projeto traz elementos neoclássicos e de art-nouveau. É a maior biblioteca da América Latina e guarda todo o patrimônio documental do Brasil.

(Dois tesouros da arquitetura brasileira. Fotos tiradas desse e desse link)

Foi quando o ônibus saiu do centro e começou a passar pela Avenida Brasil. É nesse momento que o turista se apaixona pelo Rio. A avenida é larga e junta e totalmente arborizada. De um lado os prédios antigos, colados uns no outro, e uma grande cidade que acorda para mais um dia de trabalho. Do outro, o aterro do Flamengo, aquele espaço enorme com quadras, jogos e pessoas e mais pessoas fazendo caminhada, olhando para o mar. A junção perfeita entre a praia e o espaço urbano.

Alguns quilômetros dali, descemos em Copacabana. Um sonho de praia. Entrei no posto 3, coloquei meu biquini, tirei meu sapato e fui para a areia. Tínhamos tempo, então andamos sem pressa pela praia, experimentei a água (sempre gelada) no meu pé e sentei para aproveitar a paisagem. Até arrisquei pedir uma água de coco, mas fiquei indignada com o preço-pega-turista de R$ 3,50. Continuamos andando. Passamos por adolescentes que brincavam de altinho, velhos que jogavam vôlei de praia e artistas que reproduziam o Rio de Janeiro na areia.

(Praia de Copacabana e o pão de açúcar no fundo)

Passamos pelo Arpoador e chegamos em Ipanema. Subimos nas pedras que ficam a esquerda da praia. A vista dali é incrível. De uma só vez se vê toda a praia de Ipanema, a praia do Leblon, a Pedra da Gávea (onde as pessoas pulam de paraglider e asa-delta), e os outro morros que moldam o Rio de Janeiro. Se Copacabana é feita de charme, Ipanema é feita de beleza. Apesar de famosa e muito frequentada, ali se pode ser mais você ao invés de se sentir obrigado a achar o local realmente espetacular, como acontece com Copacabana.

(Vista da Pedra da Gávea)

A caminhada por Ipanema foi rápida. Resolvemos ir para a Barra da Tijuca de uma vez pois era dali que sairia o ônibus até a Cidade do Rock. Antes de entrar no Barra Shopping e almoçar, resolvemos ir à praia da Barra da Tijuca. Jamais imaginei que a caminhada seria TÃO longa. O bairro é de rico e os quarteirões são tomados por grandes condomínios de luxo que impedem a ligação da avenida das Américas, onde o ônibus nos deixou, à orla da praia. Só tinha um caminho possível.

A praia da Tijuca é a maior em extensão e uma das melhores no quesito "esportes radicais", devido às ondas de grande porte. Mas ela não tem o charme das outras. O mar é lindo, o calçadão bem cuidado, mas ela deixa a desejar em infra-estrutura e cuidado. Os jardins próximos à areia não parecem conservados e por causa dos condomínios raros são os restaurantes, bares e lojas no caminho. Os quiosques de praia também são poucos e precários. O sol estava queimando e a cabeça começando a doer.

(Tijuca linda de morrer... mas nem tanto. Foto tirada desse link)

Voltamos para o shopping e descobrimos que a responsável pelos ingresso só ia chegar mais tarde. Depois do almoço mais lento do mundo, entrei na internet, rodamos o shopping e ainda ficamos uma hora e meia sentados olhando para o teto. "Não é possível que eu estou no Rio de Janeiro dentro de um shopping", pensei. Devíamos ter abandonado a ideia "almoço no shopping" por um peixe frito na beira do mar...

Às 18h, depois de algumas ligações, fomos para a Cidade do Rock (a saga continua...)

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Emprego dos sonhos

"R$ 5 mil de salário, viagem para 10 países com todas as despesas pagas e seu chefe torcendo pra você passar o dia inteiro na internet". É ou não é o emprego dos sonhos? Pois é isso que a STB (Student Travel Bureau) está propondo. O processo seletivo #STBDiscover está procurando um viajante nato para esse trabalho. O ganhador se tornará o embaixador da STB


Os candidatos interessados precisam passar por várias etapas. A primeira é a criação de um perfil na internet. Depois, é preciso passar por uma entrevista em inglês via skype. Os selecionados farão uma teste on line. Por fim, os poucos que restarem vão até São Paulo para uma entrevista presencial. Aí é atualizar o visto, fazer as mochilas, curtir aquela festa de despedida e partir para a primeira aventura.

As inscrições para participar do processo acontecem até o dia 29 de setembro. O perfil reúne um pouco de tudo: o candidato pode escrever um texto sobre si mesmo, colocar quantas fotos e vídeos achar que deve, postar textos e se comunicar com os outros participantes. Eu, já fiz o meu perfil! Peço para todos irem lá, darem uma olhada nos textos e fotos e, se quiserem, clicar no coraçãozinho azul!

(Foto do meu perfil)

E tem também muita gente boa participando do processo. Abaixo uma lista daqueles que merecem uma força:

João Lucas: Sinceramente, o perfil perfeito.
Ana Flávia: Minha companheira de viagens!
Lívia Aguiar: Malemolência, alegria e bom humor.
Isabela Eugênio: Compartilho com a ela a inquietude. Ficar parada? Jamais!
Bruno Siqueira: O inusitado!
Cecília Gontijo: Para os planos B (C, D e tudo que for pouco comum)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Viajante mundo afora - Cape Town (4)

Último dia de viagem é sempre bom e sempre ruim. Ficamos felizes por voltar e tristes por estar partindo. A única constante em qualquer viagem é que, no último dia, tentamos aproveitar até o último segundo.

4º dia: dia de praia

Acordamos 8h30 e tomamos café da manhã na sacada do hotel, com um dia lindo de sol e vista para o mar, azulzinho. Como o dia estava quente e limpo, fomos para a praia de Camps Bay. Muito bonita. A orla tem palmeiras e do outro lado da rua há uma serie de barzinhos. Nos dois extremos da praia dá para ver as montanhas (Lion's Head de um lado e Table Mountain do outro).

(Brasileiros na praia de Camps Bay. Água do mar só para molhar os pés)

Fomos para a areia e colocamos o pé no mar, que estava congelante. Impossível nadar ou deixar a água passar do joelho! Caminhamos na beira do mar até as pedras num dos extremos da praia.
Pegamos o carro e seguimos, margeando a orla, para o Water Front, o porto da cidade que foi revitalizado e, hoje, abriga lojas, barzinhos e shoppings. O lugar estava lotado de turistas e tinha várias apresentações musicais e performances de artistas de rua. Uma mistura de cores e sons! Sentamos em um dos restaurantes na doca do cais, com vista para o canal, e comemos "porções" de calamari (polvo) frito e nuggets com batata frita, acompanhadas de chopps de 0,5 litro de Hansa, outra cerveja local.

(A beleza do Water Front em um fim de tarde de verão. Foto tirada desse link)

Depois de darmos mais uma voltinha seguimos para uma feira na cidade. O lugar tinha produtos orgânicos, artesanato, lojas de coisas locais e restaurantes. Muito bacana e diferente. Um misto de culturas, com pessoas bem alternativas. Lá conseguimos achar água de coco (no próprio coco) e suco de açaí. Voltamos para a guest house só para trocar de roupa para tomar café da tarde no hotel Monte Nelson's, super chique e tradicional.

O hotel é lindo, suntuoso e elegante. Uma construção mais antiga, toda cor de rosa e branco, cercada por jardins. Dentro do salão de chá, o chão acarpetado é decorado com mesas brancas e poltronas forradas. Em cima delas, uma série de almofadas de camurça e toalhas brancas, com louças de porcelana por cima. Sentamos na varanda, de frente para um jardim bem cuidado. Eles trouxeram um menu de chás. Escolhi o de morango com baunilha.

(Visitar o hotel Monte Nelson de havaianas e saída de praia? Nem pensar)

O preparo é muito interessante. Eles trazem um bule com água quente e um vidrinho com infusão de flores/folhas/frutas. O tempo que a infusão tem que ficar na água é controlado com uma ampulheta. Depois tira-se a infusão e toma-se o chá, que podia ser adoçado com cubinhos de açúcar branco ou mascavo.

Então passamos para as comidas. Na hora dos salgadinhos eu comi pasteizinhos fritos com recheio de cogumelos e barquinhos de queijo e frango. Entre os doces escolhi muffins e vários tipos de bolos e docinhos de chocolate. As coisas estavam gostosas, mas não deliciosas, e as opções não eram muitas como esperávamos, mas o lugar vale a pena. Até os banheiros eram bonitos, com papel de parede florido, carpete fora dos toaletes e pias/penteadeiras com cadeiras brancas e espelhos de vidro trabalhado. Quando terminamos, caminhamos pelos jardins floridos para fazer a digestão, claro, tirar um monte de fotos.

Na volta fomos até o alto da Signal Hill - outra das montanhas da cidade - para ver o sol se pôr no mar. Lindo! Uma vista privilegiada, com o mar dourado e o céu avermelhado. Do outro lado a visão da Table Mountain e do Lion's Head. Despedida com chave de ouro!

Voltamos para o hotel e nos despedimos da mulher que cuida do lugar. Ela merecia todos os agradecimentos, pois era super simpática e fez de tudo para nos agradar. Fomos para a cama, pois no domingo saímos do hotel 4h da manhã para pegar o avião às 5h30.

(Despedida de Cape Town com direito a um lindo pôr-do-sol)

A viagem foi perfeita, com lugares maravilhosos e vistas de revista de turismo (risos). Até o tempo colaborou e combinou direitinho com a nossa programação. Um lugar para se voltar, com certeza!

Veja os outros posts da viagem de Denise Teixeira pela capital sul africana nesse, nesse e nesse link.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Viajante mundo afora - Cape Town (3)

Levantar da cama cedo é mania de turista. Ao invés de descansar - como pedem as férias - a gente quer é passear. E ir embora sem ter visto metade do que estava nos planos é quase um atentado ao nosso dinheiro. Com as lindas paisagens da Cidade do Cabo, ao menos, vale a pena colocar o despertador para gritar bem cedo...

3º dia: paisagens aéreas

Acordamos às 8h e tomamos um café delicioso no hotel. Como o tempo estava lindo (ensolarado, apesar do vento frio), resolvemos subir a Table Mountain no Cable Car (bondinho). Chegamos antes das 10h para comprar ingressos e a fila já estava gigantesca, cheia de turistas de vários lugares do mundo. Mas só o lugar em que esperamos já valia a pena, com vista belíssima da cidade, do mar e das montanhas. Depois de uma hora e meia de espera, com vários indianos inconvenientes empurrando e furando fila, chegamos ao carrinho.

(Cable Car subindo a Table Mountain. O bondinho todo de vidro, parecido ao do Rio de Janeiro, deixa a mostra a vista da cidade)

Com exceção do teto e do chão, o Cable Car é todo de vidro. Ele é grande: cabem cerca de 65 pessoas. E a vista é maravilhosa de qualquer lugar, já que ele gira durante a subida. Para subir é rapidinho - apesar do lugar ser bem alto -, mas dá direito a uma vista para o mar (azulíssimo) e sensação de que o carrinho vai bater na montanha.

A vista do topo da Table Mountain é indescritível. De qualquer lugar você vê pedras, mar, vegetação e céu azul, além da cidade pequenininha lá embaixo. O único problema é o vento: forte, gelado e impossível de aguentar por muito tempo, mesmo com o sol. Tiramos fotos enquanto deu para suportar e depois fomos nos aquecer no Café Table Mountain, que fica lá no topo. O café estava lotado de turistas. Fizemos uma pausa para uma bebida quente com bolo de chocolate. Depois seguimos para o outro lado da montanha para acabar de contemplar a vista.



(A Table Mountain, com seus mais de mil metros de altitude e seus 3 quilômetros de extensão. O ponto é tão célebre que está na bandeira, no escudo e nos documentos oficiais da cidade)



Descemos de Cable Car de novo e seguimos para o Cabo da Boa Esperança, também conhecido como Cape of Good Hope, e o Cape Point. A estrada passa pela costa do Atlântico e por praias de água azul-esverdeada, areia clara e calçadas com casas charmosas. Em um dos pontos da estrada há um "túnel" interessantíssimo: é uma passagem por dentro da montanha, mas aberto do lado do mar, como se fosse uma varanda.

(O túnel. Mais inusitado impossível...)

Andamos mais um pouco e chegamos no Table Mountain National Park, onde ficam os cabos. Após uma estrada que passa no meio de uma vegetação baixa e espessa, cheia de flores, chegamos ao Cape Point. Mais um lugar cheio de turistas... A infra-estrutura é bem bacana, com banheiros limpos, muretas, escadas e lojinhas, tudo de pedra. Paramos para almoçar no restaurante Two Oceans, que fica em cima do mar. De lá deu para ver até baleias. Almocei peixe frito (chamado por aqui de Battered Hake) com batatas fritas, acompanhado de uma Castle, a cerveja local.

Saímos e pegamos um bondinho para subir no farol que fica no topo do Cape Point. Lá de cima você se vê rodeado pelo oceano até perder de vista, com as montanhas rochosas atrás. Tem até plaquinhas indicando a direção e informando a distância de cidades importantes, como New York, Paris e (é claro) o Rio de Janeiro.

Mais uma vista indescritível e um lugar que traz paz de espírito e uma sensação de liberdade incríveis. Descemos andando, pegamos o carro e fomos até o Cape of Good Hope. As pessoas acham que os oceanos Índico e Atlântico se encontram nesse cabo, mas na verdade o encontro é das correntes de Agulhas e Benguela, o ponto mais extremo do sudoeste do continente africano.

No caminho vimos um monte de babuínos. Os bichos são feios e engraçados. Passamos perto, mas com o carro todo fechado, pois dizem que eles são selvagens e perigosos. O Cape of Good Hope é muito bonito, mas preferi Cape Point...

(A linda paisagem do Cape Point, lá do alto, e as estradinhas para quem se dá ao luxo de subir e/ou descer a pé)

Voltamos para Cape Town por outra diferente, não tão bonita, mas com paisagens diferentes. Paramos em uma das praias para ver pinguins. Depois entramos em Cape Town e passamos em frente ao forte da cidade e à sede do governo da África do Sul (a cidade é uma das três capitais do país). Também passamos pela Long Street, mais uma rua famosa de lá, cheia de barzinhos, restaurantes e lojas. Como já estava escuro e meio vazio, seguimos em frente.

(Um país com guepardos e pinguins... tão diverso quanto sua própria natureza)

Fomos para a guest house. Banho. Depois, uma luta para conseguir pedir comida pelo telefone. Sem sucesso, fomos a uma pizzaria na Main Road, a rua que passa em frente ao estádio, mas com praticamente tudo já fechado. Pedimos pizza para levar e comemos no hotel, acompanhada de um dos vinhos comprados em Stellenbosch, depois fomos dormir.

Veja o primeiro e o segundo post sobre a viagem de Denise Teixeira pela capital sul africana.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Viajante mundo afora - Cape Town (2)

O primeiro dia de viagem da Dê em Cape Town não durou muito e já contou com um problema na hora de escolher o hotel... mas no outro dia as coisas começaram a melhorar!

2º dia: na rota do vinho

Acordamos às 8h e tivemos o privilégio de ver a única coisa boa do hotel: a janela do quarto. A vista dava para a Table Mountain, a famosa montanha de Cape Town, que tem o topo reto como se fosse uma mesa. Saímos de carro para tomar café e achamos um shopping ali perto. Como estava muito cedo, a maior parte das lojas estava fechada. Sentamos em um restaurante, Mugg & Bean, e comi um croissant com chocolate quente.

(Vinícolas no caminho de Stellenbosch)

De lá, seguimos para Stellenbosch, uma cidade perto de Cape Town cheia de vinícolas. O tempo estava fechado e fazia bastante frio. A primeira parada foi em uma das fazendas produtoras de vinho. O lugar era lindo e muito charmoso: rodeado por montanhas e lindos jardins decorados com flores e fontes, além de belas construções antigas. Uma dessas construções era um restaurante e a outra era o local de armazenamento (cheio de barris), venda e degustação. A decoração era de muito bom gosto, misturava o rústico da madeira e tijolos à vista com a modernidade de lustres, vidros e móveis.

Provamos cinco tipos de vinho produzidos ali e, mesmo sem entender nada, consegui notar a diferença e identificar alguns gostos. Destaque para o Maria, que adoramos. Ele é docinho, com gosto de frutas, e leva o nome da dona da fazenda, que foi a primeira mulher a produzir vinhos na região. Delicioso e muito charmoso, além de envolvente - tanto o vinho quanto a história da Maria. Me senti muito chique, e tudo por só R30 (R$7,50). Ainda compramos mais para dar de presente!

(Uma boa taça de vinho. Foto tirada desse link)

Seguimos o caminho por uma estrada cheia de vinícolas e fazendas produtoras de morangos. Tudo emoldurado pelas montanhas belíssimas ao fundo. A próxima parada foi em uma fazenda de cheetahs, ou guepardos. Os animais são muito bonitos, mas morri de dó, porque o espaço em que ficam não é muito grande: a jaula tem o tamanho de um piquet pequeno de cavalos. E eles são conhecidos pela corrida de velocidade, pois alcançam até 70 Km/h. Passeamos entre as jaulas tirando fotos dos animais. Embaixo de uma chuva fininha, fomos embora.

(Fazenda de guepardos. Pouco espaço para um animal tão veloz)

Alguns quilômetros pra frente, chegamos à cidade de Stellenbosch, um lugar lindo aos pés da montanha. O clima é muito gostoso, construções charmosas, muitas pessoas andando nas calçadas (o que é raro em na minha querida Newcastle) e muitas flores. Passamos rapidinho, de carro, sem parar. De lá seguimos para o sexto melhor restaurante da África do Sul, o Rust in Vrede. O lugar tinha jardins belíssimos, completados por esculturas de elefantes e cachorros, laguinhos e árvores. Como era muito caro, seguimos para a cidade de Franschhoek, um pouco a frente.

Não tem nem como descrever Franschhoek. O lugar é cinematográfico! Aos pés de uma montanha, com casinhas pintadinhas e floridas, uma rua principal cheia de restaurantes charmosos com mesas nas calçadas, artesanato em barraquinhas e lojas com coisas locais.

(Rua dos restaurantes em Franschhoek com montanhas ao fundo. Foto tirada desse link)

Almoçamos em um restaurante chamado Dutch East, com uma decoração que também misturava rústico e moderno e uma lareira perfeita para combater o frio que fazia na rua. Comi uma pizza marguerita deliciosa, com água temperada com rodelas de limão. De sobremesa, Apple Crêpe (uma espécie de maçã caramelada coberta por uma massa fininha) acompanhada de sorvete de creme e morangos com leite condensado. Os pratos eram super decorados. Comida gostosa e vistosa. Adorei!

Após uma parada em uma das lojas da cidade, com coisas da África do Sul (roupas, artesanato, bijouterias, cartões postais, roupas, etc), voltamos para Cape Town. Chegando na cidade, procuramos por um novo hotel e acabamos achando uma guest house muito bacana, chamada Wilton Place, localizada no bairro Green Point. A pousada era uma casa com decoração moderna e de muito bom gosto, super jovem, além de ter uma vista bonita para o mar, para a Table Mountain e para o estádio. A diária também era barata. O único inconveniente era a rua estreita, em cima de uma ladeira.

(Estádio Green Point, em Cape Town. Será que ma época da Copa dava pra ver os jogos da janela também?)

Voltamos para o Formule One (só para buscar as coisas) e, depois de instalados no novo lugar, jantamos com um vinho deixado pela dona da guest house. Próximo passo: cama. Meu quarto (individual!) era super charmoso, com quadros, almofadas, cortinas diferentes. E uma varandinha linda com flores.

Veja o primeiro post sobre a viagem de Denise Teixeira pela capital sul africana aqui!

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Viajante mundo afora - Cape Town

Cidade do Cabo (ou Cape Town) foi uma das primeiras cidades África do Sul. Ela nasceu e cresceu com o apoio da Companhia Holandesa das Índias Orientais, que usava o local como ponto de abastecimento dos navios holnadeses que partiam dali em busca das especiarias asiáticas.

A cidade sempre desempenhou um papel importante na história da África do Sul, desde a busca pelos diamantes a determinação do Apartheid, política de segregação racial que separou brancos e negros dentro do próprio país. E continua fazendo história: ano passado foi uma das cidades sede da Copa do Mundo 2011.

Interessante não? A jornalista Denise Teixeira tambpem achou e foi ver o que tinha de interessante por ali. Nessa série de quatro posts ela conta tudo o que aconteceu na viagem em que ela e mais seis brasileiros fizeram pela cidade. Entre descobertas gastronômicas, problemas em hotéis e paisagens deslumbrantes, uma certeza: os dois oceanos NÃO se encontram no Cabo da Boa Esperança.

(Uma das lindas praias da Cidade do Cabo. Foto tirada desse link)

1º dia: aventuras hoteleiras

Chegamos à Cape Town às 23h, com um tempo gostoso, apesar do vento frio. O aeroporto é bem bonito, mas pequeno, menor do que o de Johannesburgo. Pegamos o carro alugado na locadora em frente ao aeroporto e de lá fomos direto para o hotel Formule One, onde tínhamos feito reserva.

Chegando lá, problemas: tinham cancelado nossa reserva e só tinham dois quartos disponíveis para nós sete. Já não gostamos do hotel e muito menos do ambiente. O lugar não era muito bonito... Quando chegamos no quarto, foi ainda pior: espaço minúsculo com um banheiro menor ainda, todo de plástico. Parecia banheiro químico, com paredes e semi-divisória entre o sanitário e o chuveiro de plástico. Além da pia do lado de fora, no canto do quarto. Dormimos (mal) por lá mesmo, e juramos nunca mais nos hospedar em um Formule One!

Denise Teixeira é jornalista pela UFMG e jogadora de futebol nas horas vagas. Em 21 de agosto de 2010, fez as malas e partiu para uma viagem de três meses na África do Sul. Ela adora registrar suas aventuras em diários de viagens, para lembrar de tudo depois. Outras aventuras (e questões políticas) no blog (vi)Vendo a África

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Viagem é notícia

Viagem é notícia. Então porque eu sou o único editor de viagem nessa grande rede de informações? As pessoas me conhecem por causa das viagens. Mas o erro clássico que todas comentem – um erro bem intencionado – é quando elas me perguntam, “quando você mudou de jornalismo para viagem?”

(Viagem é notícia. Seja qual tipo de viagem for... Foto tirada desse link)

E eu tenho de dizer: “Pare agora mesmo. Eu nunca deixei de ser um jornalista. Eu simplesmente apliquei as minhas técnicas de apuração jornalísticas para uma das maiores indústrias de todo o mundo, uma indústria que não tem sido devidamente coberta”. Você sabe o nome do editor de viagem da NBC, da ABC, da CNN ou da FOX? Você não sabe porque eles não têm um.

Nem sempre foi assim. Durante sete anos eu fui correspondente internacional para o Good Morning America, da ABC. Nos 14 anos seguintes eu fui o editor de viagem para o The Today Show. Nos últimos dois anos eu tenho sido editor de viagem para o CBS News, informando os programas The early Show, The evening News e CBS Sunday Morning. Em um ponto, ABC, NBC e agora CBS tiveram um editor de viagem e – difícil de acreditar – era a mesma pessoa!

O turismo é a maior indústria do mundo se você considerar que ela contribui com mais de 9,5 porcento do PIB nacional. Ela fornece a maioria dos empregos, ela cria a maioria dos postos de trabalho. É singularmente responsável pelo PIB de cerca de 90 países. E, ainda, as pessoas pensam que “editor de viagem” significa “editor de férias”.

Acredite ou não, viagem é notícia. A palavra “viagem” transcende a demografia. Não há “demos” que se habilitam a viajar. Se você me colocar no elevador com um dos 500 mais importantes executivos do mundo e um zelador, nenhum deles vai me deixar sair de lá antes de fazer algumas perguntas. E o interessante é que, normalmente, é a mesma pergunta contada de uma perspectiva diferente.

O ponto chave é: as pessoas não acham que viagem é notícia a não ser que um vulcão entre em erupção na Islândia e o sistema de transporte seja desligado. Ou que aconteça um vazamento de petróleo no Golfo que não possa ser financiado pelo sistema educacional porque ele foi baseado nas taxas de ocupação de resorts que as pessoas já não estão visitando. É nesse ponto que podemos começar a ligar os pontos. Mas as pessoas só ligam os pontos por 30 segundos, e então voltam a pensar que editor de viagem significa editor de férias.

Se você olhar historicamente para os editores de viagens dos jornais, e é triste dizer, mas em muitos casos, vai descobrir que era alguém da mesma cidade que eles não quiseram demitir. Então disseram: “seja um editor de viagem”. Porque mesmo os jornais olhavam para a seção de viagem de domingo como nada mais que propaganda de veículos – vamos colocar essa pessoas em algum lugar onde ele não pode estragar tudo e fazer dele um editor de viagem porque eles dizem coisas boas sobre todos nós.

Antes de 11 de setembro, a maioria desses editores de viagem ainda estavam debatendo se houve grandes promoções em Maui. Não é disso que eu falo. Se eu falar sobre um acordo de viagem, será em um contexto diferente – o mercado de ações caiu 600 pontos e as pessoas não têm trabalho. Como isso afeta o preço das passagen? Você pode mesmo se dar ao luxo de viajar? E então eu explico o verdadeiro poder da viagem e que, apesar da economia difícil, o fato é que a viagem ainda está em vantagem e os negócios la fora ainda existem. E este é o lugar aonde você pode obter tudo isso, porque os outros países têm seus próprios colapsos econômicas e se você for para esses países, seja Grécia, Portugal, Irlanda, Islândia, você vai realmente se beneficiar. É por isso que eu vou começar a falar de grandes promoções em Maui.

O dia 11 de setembro teve um grande efeito na forma como viajamos e, em muitos casos, para onde viajamos, mas eu ainda estou surpreso que ainda tenha apenas um editor de viagem nas redes. De um ponto de vista de auto-serviço, eu estou feliz por ser o único cara na cidade. Mas isso não faz sentido, porque o turismo é a segunda maior empresa em muitas cidades do mundo.

O maior contato da maioria dos tomadores de decisão na midia de hoje – isso não diz repeito a uma só rede – é “eu devo ou não devo ir para Hamptons neste fim de semana?”. E é difícil – agora é menos difícil para mim, mas foi difícil começar – convencer as pessoas que realmente haviam boas histórias lá fora que não tinham nada a ver com negócios.

Este post foi adaptado de uma entrevista com Julie Moos, realizada quando Peter Greenberg visitou Poynter em 11 de agosto de 2011