





O show foi composto por diversas bandas. Axé, pagode, pop rock e reggae foram alguns dos ritmos que embalaram a noite. Mas a banda de heavy metal merece uma crítica, aliás a organização (já que a banda mesmo fez seu trabalho muito bem): lá para às 10h30 da noite eles começaram a tocar e desanimaram o ambiente. Não que eu não goste do ritmo (e não gosto muito, pra ser sincera), mas tirando quem gostava daquilo, o resto da praia parou de dançar e cantar. E vi muitos tampando os ouvidos. Organização: heavy metal não anima esse tipo de festa. De toda forma, parabéns pela coragem e pela decisão de colocar algo tão longe da maioria das pessoas em um evento público.
Uma das atrações e alvo de clics durante toda a noite foram as projeções da Oi nos prédios de Floripa. A telefonia escolheu dois prédios para ficar projetando imagens diversas. Eram homens dançando capoeira, um casal dançando samba, crianças brincando de mão dada e desejos de feliz 2010 Floripa.
A queima de fogos é linda: quatro balsas ancoradas no mar começam o foguetório assim que começa a música. A sincronia entre fogos e melodia é o chamada Show Piromusicado e durou 12 minutos.
(Reparou no tanto de luz azul entre as pessoas? Todo mundo tirando foto. Ninguém queria perder os fogos)
A maioria dos jovens preferia ir para Jurerê Internacional, em uma das barracas de praia que estavam organizando grandes festas open bar e open food com DJs famosos e muita gente bonita. Talvez, a falta de dinheiro tenha impedido, já que esses lugares estavam cobrando entre 500 e 1000 reais a entrada. Mas talvez, alguns realmente preferam uma muvuca. De uma forma ou de outra, a festa foi até às 3h00 da manhã e comandada pelos jovens.(A sequência tem sempre os mesmos pratos, mas não necessariamente todos os restaurantes o servem na mesma sequência. Nesse, todos os diferentes tipos de camarão vem juntos. Foto tirada desse link)
E para quem está só a fim de um lanche, o pastel de camarão também é típico aqui. Tem em vários lugares, mas o mais famoso é o do BOX 32, que fica no Mercado Público, no centro da cidade (algo como o Mercado Central para os belorizontinos ou o Mercado Municipal para os paulistas). Um pastel com 100 gramas de camarão custa R$ 6,50. Se quer saber, apesar de o júri da revista VEJA eleger o local como "a melhor cozinha do estado", comemos um pastel mais barato e mais gostoso em um bar qualquer do centro da cidade.
(Barra da Logoa e seus faróis. O mais a esquerda ainda funciona)
Praia da Joaquina
(Aluguel de pranchas para surfar na areia. Foto tirada desse link)
Praia Brava(Atrás desse monte de gente que estava na praia, tentem olhar para o fundo: alguns dos conjuntos residenciais que tem vista para o mar. Um privilégio a mais)
Praia de Ponta das Canas
É o local ideal para quem quer levar crianças pequenas. O mar é calmo quase parando, praticamente não tem ondas. A água é quentinha e rasa até um certo ponto. A diversão fica por conta dos caiaques, pedalinhos, boias, jet skys e outros equipamentos aquáticos que podem ser alugados por lá.(No verão, a praia também fica cheia de barcos. Não sei se há barcos para alugar, mas, normalmente, eles são de pessoas que moram em Floripa e costumam passam o feriadão de ano novo no mar)
Praia de Jurerê
Jurerê é uma praia típica da ilha, com águas verdes e temperatura amena. É dividida em duas, Jurerê e Jurerê Internacional. A diferença entre elas é clara: a primeira é onde estão os ricos e a segunda onde estão os milionários. Em Jurerê estão os moradores mais antigos com suas casas bonitas e aconchegantes. A praia não tem lá aquela infra-estrutura, começando pela falta de barracas.
Jurerê Internacional é um bairro planejado com casas multimilionárias. A impressão era de estar em um subúrbio norte americano, onde vemos aquelas casas bonitas, sem muros e com jardins na frente onde, em dias comuns, vemos crianças andando de bicicleta pelo passeio. Não é pra menos que o sonho de todo catarinense é morar lá (ou na Beira Mar Norte).
(Deque da barraca Taikô. Aqui, as pessoas costumam beber champagne ao invés de cerveja durante o dia)
E onde tem gente rica, estrangeiros e branquelos que pegaram muito sol... vai ter barracas de praia com sombra e serviço bem feito. E cardápio caro que dobra na alta temporada. Ficamos na barraca Taikô, patrocinada por vinhos franceses e champagnes internacionais como Velvet Clicquot, a barraca parece um oasis, com cortinas bonitas, colchões e almofadas coloridas (inclusive na areia) e itens de decoração como uma garrafa de 15 litros de champagne... vocês entenderam ne? A praia só dá gente bonita e é o ponto alto e jovem (e caro) de Florianópolis. Essa praia merece um post a parte... aguardem!A praia é linda, com uma enorme faixa de areia branca e um mar bem azul cheio de ondas. Cheia mesmo. As vezes são tantas ondas fortes de uma vez que quando escapava delas e me virava para vê-la quebrando podia ver algumas pernas perdidas pelas espumas de pessoas que acabaram de levar caldos. Em compensação, a estrutura era péssima. Barracas pequenas, feias e com pouca sombra. A maioria só sabia (ou podia) oferecer guarda sol pra colocar na areia. Pelo menos os preços estavam em conta.
(Praia dos Ingleses no pôr-do-sol. Nessa hora, as ondas estão bem fortes. Foto tirada desse link)
A coisa toda começou depois que eu e minha irmã chegamos em uma barraca perguntando, depretensiosamente, quanto era a aula.
- 45 reais por pessoa e uma hora de aula. 15 minutos a gente faz aqui na areia e eu mostro toda a técnica, como ficar em cima da prancha e tudo mais. Daí a gente vai pro mar e fica 45 minutos pegando onda.
- E é fácil ficar em pé?
- Eu garanto que vocês ficam em pé na primeira aula.
Rimos como quem diz "até parece". Ele continuou - E comigo é mais tranquilo. As pessoas que dão aula aqui vão com grupos grandes. Vira e mexe sai um falando que a prancha foi na erna, na bariga, na cabeça, sai com o dedo quebrado... eu dou aula pra no máximo duas pessoas e também sou salva vidas. É uma garantia a mais porque aqui ninguém vai sair machucado.
Sabíamos que era puro marketing. Afinal, ele tinha que garantir o dele. Compreensível. Mesmo assim, o marketing funcionou e propomos um preço:
- E você faz duas por 80 reais?
- É... faço - disse rindo.
- Então a gente vai olhar e já volta. Seu nome é...?
- André.
André Barcelos. Ele era forte, mas barrigudo. Cabelos loiros e olhos claros, azuis. Com certeza tinha menos, mas parecia ter uns 50 anos por causa da sua pele. omo ficava o dia inteiro no sol ela tinha aquele pele esturricada. Era simpático e encarnava o estilo surfista, aquele caratranauilo, nascido na praia, apaixonado pelo mar e que - talvez - já teve seus dias de glória.
Quando voltamos com o dinheiro ele estava no mar, dando uma aula enão demoraria mais de 15 minutos. Ficamos embaixo da barraca com duas amigas dele. Uma delas também trabalhava na Salva Surf, empresa que abriga, entre outros serviços, as aulas de surf e treinamentos para salva vidas. A outra era uma turista paulistana, amiga da dona da empresa.
Quando André voltou ele nos viu e sorriu como quem debocha "voltaram heim?!". Sim, voltamos! Daí ele já colocou a prancha no chão e começou a nos ensinar como se surfa.
- Essa parte é muito importante. Essa é uma prancha longa e grande, ela dá mais estabilidade. Com as menores é mais difícil, todo iniciante começa com uma desse tamanho. Vocês têm que fazer assim: deita na prancha bem na parte de trás. Aí vocês remam e depois colocam as mãos perto do peito. Daí vocês esticam o braço, deixam um pé atrás e colocam o outro na frente. Os pés têm que ficar de lado, no meio dessa tira de madeira que fica bem no meio da prancha. Joelhos flexionados e as mãos formando um "L", uma na frente ea outra de lado.
Não teríamos que "adivinhar" qual onda pegar, em que momento começar a remar, quando se levantar... nada disso. Ele avisaria tudo. Assim, parecia fácil. Colocamos nossas roupas, parecidas com macacões de mergulho, e repetimos a demonstração. Depois de um breve aquecimento, atarrachamos a cordinha da prancha os nossos pés e fomos para o mar.
Entrar no mar com uma prancha daquele tamanho era a parte mais difícil. Ela era imensa e "aquadinâmica": a onda empurrava a prancha pra beira da praia. E a gente ia junto. André nos ajudou. Era incrível sua intimidade com aquele ambiente. Aquela mesma onda que me arrastava metros para trás simplesmente não o abalava. Ele tinha um contrato com elas. Ele conhecia a energia daquelee mar e não ia contra ale, nem mesmo tinha medo. Sabia passar por todas, mergulhando ou flutuando. E elas não o atrapalhavam, como se isso fizesse parte do acordo.
(Essa é uma das barraquinhas da equipe do Salva Surf em Florianópolis. Durante todo o dia, tiramos uma única foto: André, eu e minha irmã depois da aula. Estou esperando ele me mandar para postar aqui)
Ele nos pedia para subir na prancha e ficar deitada. Daí virava a prancha em direção a areia e a segurava. Quando sentia que era a onda perfeita - para iniciantes - grtava "rema, rema". Quando vinha a onda, empurrava a prancha e gritava de novo: "levanta!"
Foi incrível! Minha vontade de morar na praia só aumentou, porque aí sim poderia praticar mais, porque é muito legal. E como vai rápido. Ela deslizava no mar e em 8 segundos eu já estava lá na areia. Mesmo assim é uma sensação maravilhosa.
O momento mais tranquilo era depois que a gente subia na prancha, que aí ele que se virasse. Enquanto esperávamos uma onda boa, vinham outras imensas. Quando eu tinha certeza de que ia virar, ele segurava a gente na prancha e a prancha na água e o máximo que acontecia era a água estourar na nossa cara.
Com o tempo ele foi se soltando e começou a conversar comigo. Não lembro exatamente como aconteceu, mas foi bem espontâneo:
- Tem umas ondas fortes...
- Nada... com o tempo você acostuma e aprende o ritmo da água.
- Aí fica mais fácil.
- É. Isso é uma coisa de tempo. Eu tenho 45 anos e 27 de surf. Só depois de uns dois anos pegando onda toda semana é que a gente sente.
- E você ja competiu?
- Já! Já viajei muito por aí. Morei três anos no Havaí. 98, 99 e 2000. Já voltei 8 vezes, tenho amigos por lá.
- Que delícia... porque foi embora?
- Ah, chega uma idade que você percebe que já deu. Não tem mais como ir pra frente. E vem a nova geração também ne, fazendo coisas novas.
- Aí você resolveu voltar...
- É. Eu nasci aqui na ilha ne. Desde pequeno na água. Comecei a surfar e competir, e daí a viajar. Mas agora eu dou aulas de surf e faço a segurança aquática de eventos porque também sou salva vidas. E quando voltei do Havaí resolvi fazer faculdade também. Me formei em Educação Física. Mas meu negócio é água mesmo. O oceano é meu playgrund.
Conversa vai, conversa em, entre um comentário e outro ele me empurrva para uma onda e outra. Não se iimportava de parar o papo, desde que fosse para eu pegar uma onda daquelas.
Ao fim de uma hora no mar e muito sal e areia no olho, saímos com as pranchas na mão batendo algumas palmas e faando "muito bom" ou "foi ótimo". Era a pura verdade.